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CONHEÇA AS 21 EMPREENDEDORAS NEGRAS DA LISTA #30ABAIXODOS30 DA FORBES E A IMPORTÂNCIA DA MULHER NEGRA EMPREENDENDO

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por Élida Aquino


   Há aproximadamente um ano decidi empreender e comecei minha primeira startup, a Afrô. Independente dos desafios que se apresentam, é incrível começar algo só seu, especialmente quando sua ideia é forte e você sabe que vai poder fazer muito mais do que ganhar dinheiro através dela. Todo esse processo me mostra a importância de iniciativas empreendedoras e inovadoras dentro da comunidade negra, especialmente entre jovens e mais especialmente ainda entre mulheres negras. Em 2015 soubemos que a maior parte dos empreendedores brasileiros é negra e que a maior parte dos empreendedores negros é feita de mulheres negras. Que bom! Fortalecer a autoestima, gerar independência e ascensão econômica, nos reposicionar na pirâmide do sucesso e criar alternativas lucrativas para driblar o sistema que normalmente nos rejeita mesmo quando somos competentes o bastante, são fatores de uma lista enorme de vantagens que dão sentido ao que fazemos. Não é fácil, várias barreiras se apresentam quando a gente decide inovar e falar em nosso próprio nome - como é o caso da Thainá Sagrado, essa maravilhosa idealizadora da Themba, e outras blogueiras de periferia distantes dos holofotes que falaram aqui - mas se a gente não fizer, ninguém fará em nosso lugar.
         A Forbes, revista dos EUA sobre negócios e economia, publica há alguns anos a lista #30under30, com jovens que se destacaram ao redor do mundo empreendendo em várias categorias. A lista de 2016 saiu dias atrás. 20 categorias, 30 jovens em cada uma delas. Sim, abri todos os links, analisei cada categoria. Meu coração batia mais forte e se sentia mais impulsionado cada vez que os olhos viam pessoas como eu, suas ideias lindas e pioneiras. Adoro me identificar, principalmente em casos de sucesso. Temos repetido sempre que "representação e representatividade importam", mas relembro o valor dessa importância: ver um corpo como o seu remodelando a lógica, saindo do lugar que esperavam que ele ocupasse, fazendo coisas grandiosas, é a prova de que o seu também pode ir. No ano passado recebemos um presente semelhante: o Coletivo Meninas Black Power, Jaciana Melquiades - que arrasou e trouxe o prêmio da categoria Conhecimento pra casa! - e eu fomos indicadas ao Prêmio Movimentos Criativos, iniciativa genial que aconteceu durante a última Feira Preta. Ficamos dentro dessa lista que indicava 77 jovens negras e negros que estão criando e reformando as coisas por aqui. 
      Em tempos de reflexões intensas sobre como somos maiores que os esteriótipos que nos perseguem, vale muito notar um grande movimento acontecendo, o exercício do nosso poder de inspirar e potencializar gente como nós a romper limites, ver várias e vários de nós se destacando. Por isso reli a lista da Forbes algumas vezes. Ver jovens negras e negros lá, principalmente as 20 meninas, me lembra do quanto podemos ser e fazer. Quero que você que está lendo saiba: não importa se não chegou aos 30 ou se já passou por eles, aproveita esse início de ano pra pensar em como tirar suas ideias boas do papel e seja parte disso. Reescreve a história também. Abaixo as 20 rainhas que marcaram essa lista e suas ideias de negócio que merecem ser conhecidas.  É o poder! Inspirem-se.

ARTE E ESTILO
Azede Jean-Pierre, 27
Designer de moda, Azede Jean-Pierre
É haitiana e cresceu em Atlanta, EUA. Começou a grife que leva seu nome em 2012. Michelle Obama usou um de seus vestidos na capa da Essence e Solange Knowles é uma grande fã. Lembra daquele conjunto com estampa de formigas? Então, ideia dela.  

Madison Maxey, 22
Designer de moda, The Crated
Muito sinistra! Primeira designer de moda escolhida para o prêmio da The Thiel Fellowship. Em 2013 fundou The Crated: estúdio de design + engenharia que cria roupas que unem moda e tecnologia. O vestido preto financiado pela Google e desenhado pelo famoso designer Zac Posen, com luzes LED multicoloridas na composição, é uma obra famosa. Vejam mais sobre ela em www.madisonmaxey.com.

CINEMA E TV
Zendaya, 19
Atriz e cantora
Começou a carreira no programa "Shake It Up" do canal Disney e lançou o primeiro álbum em 2013. Tem uma linha de sapatos, álbum produzido por ninguém mais que Timbaland e cerca de 36 milhões de seguidores e uma Barbie própria no currículo.

EDUCAÇÃO
Constance Iloh, 28
Chanceler de pós-doutorado, Universidade da Califórnia, Faculdade de Educação Irvine 
Professora assistente na Irvine, apresentou seu trabalho na edição 2015 do prêmio Black Excellence na categoria Ensino Superior, sob patrocínio da Casa Branca. Agora ela é orientadora no pós-doutorado.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Alexandria Lafci, 26
Co-fundadora, New Story 
New History promove a construção de casas para famílias de países em desenvolvimento. Já construíram 151 casas no Haiti. A organização preza pela transparência - as pessoas sabem para onde vão suas doações. Receberam mais de 1,2 milhões de dólares em doações desde o ano passado.

Catherine Mahugu, 27
Fundadora, Soko 
A Soko conecta cerca de 1000 artesãos subsaarianos que trabalham joalheria com o mundo, gerando sustentabilidade para quem faz. Dois meses depois do início da rede, a renda de artesãs e artesãos quadruplicou. A marca vende os produtos online - e lá é possível conhecer cada artesã e artesão que cria as peças - também em lojas como Nordstrom e Anthropologie.


Nedgine Paul, 29
Co-fundadora, Anseye Pou Ayiti 
43% da população do Haiti está abaixo dos 15 anos. Por isso ela criou a Anseye Pou Ayiti, empresa que trabalha para elevar os resultados da educação em áreas desfavorecidas do país, recrutando e formando professores locais para as escolas que já existem.

ESPORTES
Mo'ne Davis, 14
Jogadora de beisebol, Little League 
Uma das duas meninas a jogar na Little League World Series em 2014 e é a primeiro em muitas coisas: a primeira menina a vencer e lançar um shutout na história da Little League World Series, a primeira menina afro-americana a jogar na Little League World Series, a primeira jogadora da liga a aparecer na capa da Sports Illustrated.

JUSTIÇA
Habem Girma, 27
Procuradora, Defensoria do direito dos deficientes 
Primeira advogada surda e cega formada em Harvard. Foi homenageado na Casa Branca 25º aniversário da ADA, organização que trabalha pelos direitos dos deficientes. Ajudou a conseguir uma vitória legal na Federação Nacional dos Cegos. Ela é uma advogada da equipe dos Defensores dos Direitos dos Deficientes. Possui formação complementar na Universidade Lewis and Clark também. 

MANUFATURA E INDÚSTRIA
Jewel Burks, 26
Co-fundadora, Partpic
Criada em um família de empreendedores, Burks começou sua carreira na Google. Depois do diagnóstico de câncer de mama de sua avó, voltou para Atlanta. Lá trabalhou na McMaster-Carr, grande ditribuidora de peças industriais nos EUA, mas era tudo diferente do que ela estava acostumada e ela pensou em otimizar esse meio. Assim a PartPic nasceu. Ela co-fundou a empresa com Jason Crain, outro ex-Google. A dupla já levantou 1,5 milhões de dólares até agora, mas a maior experiência foi encontrar o Presidente Obama o primeiro Demo Day promovido pela Casa Branca.

Nailah Ellis-Brown, 28
Há seis anos ela morava no porão da casa da mãe e vendia uma antiga receita e chá criada por sua família jamaicana usando o porta-malas de seu carro. Um investidor secreto injetou 150.000 usados na criação de uma fábrica de engarrafamento - e as garrafas são fofas demais! - em Detroit. Agora ela vende seu chá tradicional para grandes lojas nos EUA.

MÍDIA
Morgan DeBaun, 25
Co-fundadora, Blavity
Que espaço incrível o Blavity! O negócio começou considerando que jovens negras e negros são mais de 40% da geração Y e não veem suas histórias contadas na mídia mainstream. Blavity é uma plataforma focada nesse público. Fundado em 2014, já possui extensões voltadas para o lifestyle.

Zim Ugochukwu, 27
Fundadora, Travel Noire
Adora viajar?! Então corre agora pra conhecer o Travel Noire, morrer de amores com as fotos e planejar o próximo "rolê" pelo mundo. Ela começou o negócio em 2013, depois de lutar para encontrar imagens de jovens negros viajantes como ela mesma no Instagram. Cada vez mais famoso na mídia social, o Travel já reúne mais de 180.000 seguidores do Instagram, ferramentas e dicas para tornar a viagem mais fácil e um programa semanal sobre o tema, Travel Noire TV. Ela está na vanguarda do que está chama de "movimento viajante negro".


Heben Nigatu, 24
Editora sênior, BuzzFeed
BuzzFeed é tendência no Brasil e no mundo (e há alguns dias atrás o nosso Matias apareceu na versão brazuca do site, hein?!). Heben é uma das apresentaoras do Another Round, famoso podcast. O show, que milhares de ouvintes, já exibiu convidados super famosos, tipo Hillary Clinton.


Doreen St. Félix, 23
Editora convidada, Lenny Letter
Parte da equipe da recente Lenny Letter, que atingiu 400.000 assinantes. Também escreve para The New Yorker, The New York Times, n+1, Pitchfork, Wags Revue e outros e foi consultora no piloto Código de Conduta, de Steve McQueen, no canal HBO.



Anjelica Nwandu, 25
Fundadora, The Shade Room
Revolucionou o munda das fofocas sobre celebridades com o The Shade Room, apelidao pelo New York Times como "o TMZ do Instagram." Atualmente possui 2,5 milhões de seguidores.



Kimberly Foster, 26
Fundadora, For Harriet
Assim que vi o For Harriet na lista mandei essa mensagem: "Meninas, só quero agradecer. Vocês fizeram! Estou orgulhosa por ver o que está acontecendo com as mulheres negras em todo o mundo ... Incrível!". Se você ainda não leu nenhum texto delas, vai lá. Kimberly começou essa comunidade online para mulheres negras quando ainda era estudante em Harvard. Ela é fundadora e editora-chefe, vive pela rede procurando mulheres negras que possam fazer parte do time.


MÚSICA
Kehlani, 20
Musicista
Outra dica boa dessa lista. Se você ainda não colocou essa moça pra tocar na sua vida, segue aqui no SoundCloud. Vale a pena. Foi uma das finalistas do  America’s Got Talent em 2011. Quatro anos depois assinou um contrato com a Atlantic Records e hoje já gravou com vários nomes da cena atual do Rap e RnB.



VAREJO E E-COMMERCE
Kelechi Anyadiegwu, 26
Fundadora, Zuvaa
A empresária nigeriana-americana ficou frustrada ao não encontrar roupas e acessórios de inspiração africana na moda que ela podia acessar. Criou um espaço de e-commerce para que criadores da diáspora que fazem moda a partir de África possam mostrar e vender seus trabalhos. Gente! Por favor! Cada roupa maravilhosa... Conheçam.

Candace Mitchell, 28
Co-fundadora, Techturized, Inc.
Com a co-fundadora Chanel Martin, também mulher negra  e engenheira graduada na Georgia Tech, ela está usando a tecnologia para revolucionar o mercado afro-americano de cuidados com o cabelo que movimenta 3 bilhões de dólares. Criou Myvana, aplicativo móvel de inteligência em cuidados com o cabelo de mulheres negras que conecta consumidoras e cabeleireiros especialistas, além de formar uma comunidade onde é possível compartilhar fotos e dicas.

Christine Souffrant, 26
Fundadora, Vendedy
Ela já recebeu o famoso prêmio Millennium Scholarship concedido pela Fundação Gates. Essa haitiana está trabalhando para digitalizar a economia do mercado rua e conta com a parceria de empresas como Micrisoft e IBM. Apenas.

Que essa pequena amostra de mulheres capazes impulsione várias. Aproveito e mando um beijo especial paras as empreendedoras que fazem parte ou já passaram pelo Coletivo Meninas Black Power, possibilitando tanto através de seus incentivos e recursos. E você? Conhece empreendedoras incríveis também?! Conta pra gente! Aqui nos comentários, lá na página ou no Instagram. Será um prazer conhecer.

NÃO PASSARÃO. NEM NO MUNDO VIRTUAL.

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por Élida Aquino

Cartaz da campanha Fonte: Campanha "Racismo Virtual. As consequências são reais." | Criola
     O Coletivo Meninas Black Power tem o prazer de unir sua voz à campanha "Racismo virtual. As consequências são reais." É uma iniciativa da ONG Criola, importante referência nas lutas pelos direitos das mulheres negras para nós, e a W3haus. Bem, racismo por aqui não é novidade. Racismo na internet, especialmente nas redes sociais, também não. Os números se mostram cada vez maiores e nem famosos escapam. Maju, Aranha, Taís, Michel, Tinga e nós: todo mundo no mesmo lugar. 



     Derrubamos o mito de que a questão é socioeconômica e "incolor". Não. É diário, como bem disse Taís Araújo aqui. Acontece por nossas cores (racistas não poupam você que se diz "morenx clarx" ou "marrom bombom"), a matriz de onde surgimos e, arrisco dizer, nossa postura incapaz de aceitar o abuso e permitir que o direito de circular livre por qualquer espaço e como qualquer pessoa seja oprimido por quem se considera superior. Foi o que levamos até o Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas na última Segunda-feira, local onde o lançamento da campanha liderada pelas mulheres de Criola aconteceu. Contamos o que já vimos do racismo dentro da rede e o que fazemos para (des)educar por aí. Vejam nesta matéria e aqui também.
      Sobre a campanha: o objetivo é impactar a população  e promover conscientização sobre os efeitos    da injúria racial e racismo na web. Além de estampar outdoors com comentários racistas que atacaram personalidades como Maju Coutinho e Taís Araújo, por exemplo. Os números que mostramos acima apoiam a campanha e revelam a articulação racista na internet, deixando bem visível o quanto tudo isso é real. Ainda esperamos por maiores desdobramentos.


      Por fim, vamos falar das nossas experiências. Na Segunda, pouco depois de darmos entrevistas como as que estarão mais adiante, recebemos na página comentários e mensagens ofensivas. Certamente foi resultado da exposição do nome Meninas Black Power e aparentemente são jovens articulados num grupo. Um deles, ironicamente, depois de mandar a mensagem, se arrepende e diz que "é zoeira, viu?". A comodidade em exercer a prática racista e a certeza de que a punição não virá são óbvias. Vejam:




     Aproveito para lembrar aos órgãos competentes: não adianta simplesmente localizar agressores. Façam acontecer. Nada mudará enquanto praticar atos racistas, ao vivo ou atrás de telas, servir apenas para pauta em telejornais ou números de pesquisa. 

ENCRESPANDO 2015 - I SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENCRESPANDO

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por Coletivo Meninas Black Power

      Chegamos! Foram alguns meses recebendo as perguntas de vocês sobre quando aconteceria o tão esperado Encrespando 2015 e nós sempre pedíamos pra esperarem mais um pouquinho... Desculpem tanto suspense, Meninas! Estávamos trabalhando em algo realmente especial.
        Há alguns dias contamos aqui sobre a parceria com o Departamento de Direito da PUC-RJ. Não viram?! Olhem a Thula e Carolina, representantes da PUC, e uma parte do time MBP em reunião aí:
     
      O Encrespando 2015 abre espaço pro nosso I Seminário Internacional Encrespando (sim, vocês leram internacional mesmo!), organizado pelo Departamento de Direito da PUC-Rio, Núcleo de Estudos Constitucionais e Coletivo Meninas Black Power, sob o tema "Refletindo a Década Internacional dos Afrodescendentes (ONU) - 2015-2024". Hoje damos a largada até que estejamos juntxs lá na PUC. Aqui no site vocês podem conferir a programação (e amar desde já todas as mulheres incríveis que vão marcar este evento com falas tão incríveis quanto!), o edital para submissãode trabalhos e todas as outras informações que quiserem. O I Seminário Internacional Encrespando é um evento gratuito e acontecerá nos dias 3, 4 e 5 de Novembro de 2015, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio (Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ – Brasil). Querem saber mais? Façam contato no email encrespandopuc2015@gmail.com e não esqueçam que todas as integrantes do Coletivo Meninas Black Power estão aí pra trocar ideia. Não esqueçam de acessar: http://www.jur.puc-rio.br/encrespando/.

Vamos juntas? Será incrível, histórico e transformador. 
Contamos com vocês!

PAREM DE DIZER ÀS MULHERES NEGRAS QUE SEJAM FORTES!

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por Élida Aquino

Fonte: Stop Telling Women to Smile

      Já há algum tempo que me encantei pela intervenção mental que o Stop Telling Women to Smile (algo como "parem de dizer às mulheres que sorriam") propõe. Acho que a Tatyana Fazlalizadeh pegou o “não sou obrigada” nosso de cada dia e colocou no papel, sabem? Temos repetido esta ideia como um mantra, mas numa sociedade onde nos pedem o tempo todo que sejamos bonitas, bem-sucedidas, agradáveis, educadas e etc., é sempre bom lembrar: sim, queridas leitoras, não somos obrigadas! 
      Depois de ler o texto de Tanisha Lynn Pyron (que compartilho abaixo) e observar outra vez o STWS, fiquei pensando em quantas obrigações nós, mulheres pretas em todo mundo, encontramos pelo caminho. Pensei mais: de quantas delas sabemos nos livrar? Não sei se já pensaram em quantas coisas precisamos ser, quantas coisas achamos que precisam estar sempre sob nosso controle, mas é fácil entender que muitas delas nos atingem feio e muitas de nós, infelizmente, não sabem como se abrir, desabafar, compartilhar o peso que as pressões desse mundo nos colocam sobre os ombros. Tudo nos forja pra estarmos sempre fortes, prontas, sem jamais fraquejar, certo? Mas será que é natural estarmos sempre assim? Aprendi com minhas irmãs dentro do MBP que precisamos caminhar juntas e levar as cargas, falar mais do que nos machuca, saber pedir que segurem nossas mãos quando as coisas ficam complicadas  demais pra resolvermos sozinhas... Bem, este post poderia render muitas denúncias sobre nossas dores, mas só quero oferecer às minhas iguais uma forma de enxergar que todas necessitamos de suporte em algum momento, que não precisamos ser fortes o tempo todo, que é saudável saber se livrar dos pesos e que não podemos deixar que nossas lutas nos sufoquem, nos matem, nos roubem de nós
      Desejo em nome do Coletivo MBP que vocês vivam bem, que a resistência sirva também pra nos libertar a cada dia mais.

PAREM DE DIZER A MULHERES NEGRAS QUE SEJAM FORTES!
Por Tanisha Lynn Pyron, via 50 Shades of Black

"Mais alguém notou a grande quantidade de suicídios de algumas irmãs negras notáveis no último ano? Irmãs fortes, que pareciam ter tudo? Karyn Washington (22 anos, criadora do blog For Brown Girls) e Titi Branch (45 anos, co-fundadora de Miss Jessie’s) são bons exemplos. O mito da mulher negra e forte está literalmente MATANDO irmãs.
Por que nós usamos nossa força e independência como um distintivo de honra? Será que é porque dói ouvir respostas aos nossos pedidos de ajuda? Por que somos culturalmente estimadas e admiradas por nossa capacidade de absorver e tolerar situações negativas e tempos difíceis? Querem saber um segredo? Eu, na verdade, me sinto ofendida quando as pessoas adoram minha "força de menina negra" porque isso significa que eles nunca reconheceram minha necessidade de ajuda ou buscaram justiça em meu favor. Famílias e comunidades reais acolhem e oferecem força para aqueles que amam. Eu peço apoio e ajuda quando preciso. Posso receber? Raramente... Mas ainda assim eu pergunto. Reclamo e choro quando preciso; faço minhas preces e recebo conselhos quando preciso (porque não tenho todas as respostas sob meu domínio); estou inclinada ao meu coração e aos que me amam e me conduzem a reconhecer a verdade.
           Independente do motivo para o qual foi planejado, tudo na criação possui pontos fortes e fracos. Isso é equilíbrio. Nós lidamos com coisas que pensamos ser fortes de forma diferenciada. Aplicamos mais pressão e peso porque acreditamos que podem suportar tudo. Essa pressão produz estresse e tensão e pode ser que o que pensávamos ser forte e resistente desmorone. Sabemos o que estresse e tensão fazem com o corpo e a mente. Algumas irmãs têm ataques cardíacos, derrames, desmaios, perdem a funcionalidade ou tornam-se viciadas simplesmente porque a vida lhes deu mais do que poderiam suportar, uma carga desproporcional, e ninguém estendeu a mão para ajudar. Apoiem suas irmãs. Gentilezas e abraços fazem maravilhas. Mulheres negras precisam de ajuda também! Mulheres independentes precisam de apoio também! 
A força é equilibrada pela fraqueza."

A INCRÍVEL MELIYART GRAPHIK

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por Élida Aquino

      O nome dela é Melissa, mas na rede é a Meliyart Graphik: artista gráfica, diretora de arte e modelo que mora e trabalha em Paris. Também é uma jovem mulher negra cheia de atitude, talento e, óbvio, criatividade. Seu trabalho está sempre acompanhado de imagens da mulher negra e suas colagens ficam entre o real e o abstrato. Em algumas obras podemos ver representações de deusas de África, inclusive. Melissa tem feito muito sucesso por aí e, caso vocês ainda não conheçam, podemos garantir que vale a pena conhecer. Confiram alguns trabalhos abaixo.








Acompanhem o trabalho dela através do Facebook, Instagram e Twitter.

TEMPO DE SER MULHER NEGRA!

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Normélia de Oliveira Xavier

Em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. O objetivo principal era trazer à tona a invisibilidade das mulheres pretas destas regiões e as opressões vividas nos campos do gênero e das mediações étnico-raciais, de modo a ampliar e fortalecer as organizações e a identidade das mulheres negras, construindo estratégias para o enfrentamento do racismo e do sexismo. A data da reunião – 25 de julho – foi tirada como data-símbolo da mulher negra latino americana e caribenha. Para muitos, é apenas uma data para engordar o vasto calendário mundial, que comemora feitos e conquistas de mártires que não nos contempla. Para nós, mulheres pretas forjadas na dor do racismo, o 25 de julho é um marco. Uma forma de nos fazer representadas, e de sermos protagonistas de nossa própria existência.
São muitas as mulheres pretas que nos fazem sentir orgulho de nossa trajetória de luta: Mãe Meninina do Gantois, Tia Ciata, Ruth de Souza, Léa Garcia, Zezé Motta. São muitas as que nos fazem ter mais força no combate contra o machismo e o sexismo, que nos impede de tomar posse dos locais sociais que nos são de direito, como o mercado de trabalho e os espaços políticos, por exemplo. São tantas as que nos inspiram a resistência; a força de um corpo que sofre no parto mal feito por uma rede de saúde que pretere a mulher preta. Mas tantas dessas mulheres pretas não estão (d)escritas nas páginas da História. Muitas são anônimas, analfabetas, domésticas, estudantes, mães, mulheres simples da luta diária pelo sobreviver.

Muitas se chamam apenas Normélia de Oliveira Xavier. São pretas. Anônimas. Paulistas. Filhas de marinheiro que morreu na primeira década do novecentos. Muitas ficaram órfãs aos seis anos. Muitas não sabem de quem nasceram. Muitas cresceram na casa de Benjamin Constant, em Santa Teresa, e foram escolhidas entre tantas outras crianças para fazerem companhia às filhas do já citado. Essas Normélias da Vida não foram compradas, mas era como se tivessem sido. Aprenderam as letras, o francês, o piano, e trabalharam em troca de tantos bons cuidados que receberam. E quando já não mais serviam aos caprichos daquela família por terem se tornado adultas, eram convidadas a se retirarem da residência. Normélias eram grandes, eram fortes. Saíram ao despejo sem lamentos. Com mulheres como Normélia, mulheres pretas hoje aprenderam ser grandes. Fortes. Normélias ensinaram que poderíamos ser o que sonhássemos ser.
Maria da Penha, mãe de Fabíola Oliveira
Muitas outras desas pretas se chamam apenas Maria da Penha. São filhas da Osun. São mães. São mulheres. São pretas. Persistem. Resistem à violência. Semeiam fé em almas secas. Socorrem na aflição. São úteros cheios de luz. São leoas ante a covardia. São ventos que bailam a quizomba das vitoriosas que não morreram sob o jugo dos senhores. Que não morreram com os abortos. Que não morreram nas esquinas da prostituição. Que não morreram de fome e frio nas ruas. Que não enlouqueceram. Que sobreviveram. Que ainda choram pelo espelho que se quebrou...
Muitas mulheres pretas são apenas parte de um Coletivo de Meninas que usam Black Power. Meninas mulheres com quem aprendemos no amor ao nosso SER MULHER o que talvez a vida nos fizesse aprender com a dor. Cada uma delas, da mais velha à mais nova, ensina com carinho, "afrodengo" e risadas. Hoje somos amigas, primas, irmãs, tias, mães, tutoras, conselheiras, espelhos, exemplos... Esse é o nosso coletivo de mulheres pretas.
É preciso um olhar cuidadoso pra identificar a violência mascarada de cuidado; o xingamento travestido de gracejo; o bem-querer que camufla o racismo. Naturalizamos há muito tempo o lugar irrelevante que foi destinado à mulher negra na história. Naturalizamos o pouco caso que é feito daquela que é o coração da família. Naturalizamos a desvalorização da tripla jornada de trabalho diário. A mulher preta é mãe, é pai, é educadora, é doméstica, é médica, é irmã, é mulher. Mas mulher preta é, antes de tudo, forte. Todas são mulheres pretas, reflexo de nós!


Por Fabíola Oliveira, Jaciana Melquiades e Jessyca Liris