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ENTRE NÓS - INDICAÇÕES DE LIVROS DE PRETA PRA PRETAS

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por Karina Vieira

      Ontem comecei a ler Guerreiras de natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente. Uma fala de Mãe Beata de Yemonja me atravessou: "gotas de água juntas se transformam em chuva". Postei sobre isso em minha página pessoal e algumas meninas (Evy Gonçalves, Maiara Lima e Jéssica Martins) pediram uma listinha de indicações dos livros que fazem diferença ler. Lá vai com bônus de 5.

1. Um defeito de cor - Ana Maria Gonçalves 

Meu livro de cabeceira, já dei ele de presente diversas vezes e está sempre presente em minhas indicações pelo simples motivo de: se você quiser entender um pouquinho da vida das nossas ancestrais, está aí uma oportunidade sem igual. Ana Maria Gonçalves escreve como poucas. Muito amor.

2. Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie 

Ifemelu ❤. É a síntese de várias de nós... Nas descobertas capilares, nos desejos internos, nos conflitos que nos fogem, nas escritas intrínsecas e no racismo sofrido cotidianamente. 

3. Guerreiras de natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente - organizado por Elisa larkin Nascimento
Com textos de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Beatriz Nascimento e muitos outros, Guerreiras faz uma costura primorosa entre ancestralidade, sagrado e mulher negra. recomendação pra estudos e pra vida.

4. Olhos D'água - Conceição Evaristo 

Ler Conceição é quase como ouvi-la falando baixinho. Sabe vó quando penteava nossos cabelos, quando sentávamos no chão, entre suas pernas? É isso. Os contos são duros, violentos, potentes porém recheados de uma doçura e de uma delicadeza que só Conceição Evaristo tem. Prepare o seu coração.

5. Utopias de nós desenhadas a sós - Ana Luiza Pinheiro Flausina

Me apaixonei pela Ana Luiza ao ouvi-la no Seminário Encrespando 2016 que fizemos na PUC-RJ. Poder, eu não consigo pensar em outra palavra pra descrevê-la. As histórias de seu livro seguem essa mesma descrição... Potência, empoderamento, beleza e muita fúria. Apaixonante.

6. Quando me descobri negra - Bianca Santana 

Bianca Santana é de uma delicadeza que me encantou quando a conheci, porém conheci muito mais dela ao lê-la... Quando me descobri negra é um misto de estórias, com histórias e partos, pois sabemos enquanto mulheres negras, que cada história de racismo vivida é como um dor que só sai a força. Micro-histórias com ilustrações incríveis de Mateus Velasco. É uma lindeza só. 

7. Mulher negra homem branco - Gislene Aparecida dos santos 

Gislene pega contos clássicos como Patinho Feio, Cinderela e Gata Borralheira e faz um paralelo com as dores do racismo, a negação do próprio corpo, a mutilação física e psíquica que nós, mulheres negras, muitas vezes passamos até a construção da nossa identidade. Usei na minha monografia e levo pra vida.

8. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil - Sueli Carneiro

Rainha, né, mores? Sueli Carneiro reúne nesse livro uma série de artigo publicados no Correiro Brasiliense entre 1999 e 2010, mostra com dados e estatísticas como e por quais meios o racismo segue tentando nos exterminar dia após dia. Também usei na monografia.

9. Entre o mundo e eu - Ta-Nehisi Coates 

Um dos melhores livros que li em 2015. Ta-Nehisi Coates escreve para seu filho de 15 anos sobre como o racismo age de forma a atacar principalmente o corpo negro e as consequências de ser negro nos dias de hoje. Pungente e apaixonado, me deixou apavorada ao constatar que seja lá nos EUA ou aqui no Brasil, o nosso corpo é alvo. O tempo todo.

10. Se liga no som: as transformações do rap no brasil - Ricardo Teperman  

Ah, o rap! Esse danado ❤. Essa indicação é pra ficar por dentro da cena do rap no brasil, como surgiu, quem foram seus expoentes, qual legado, quem tá na pista hoje e que caminhos o rap ainda vai trilhar. De Racionais a Dalasam. Esse livro é aula.

Prontinho, Meninas. E vocês, o que estão lendo? Já leram esses? Estamos aqui pra trocar! Enviem suas impressões e indicações. 
Vamos adorar saber. Beijos!

KBELA: A EXPERIÊNCIA AUDIOVISUAL DE TORNAR-SE NEGRA

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por Karina Vieira

Ilustração: KBELA
     Vinte minutos foi o tempo do curta e ao sair do cinema tudo que se sentia era renascimento. O racismo escancarado, nomes humilhantes, processo de invisibilidade diário e embranquecimento que tenta nos enfraquecer todos os dias estão lá e doem. Ai, como dói assistir e reviver tudo isso. 
     Mas KBELA não é só um filme sobre sofrimento.  É sobre mulheres negras que se empoderam através das outras, através do contato com outras mulheres. Mulheres negras que se tornam negras ao retirar os traços de branquitude dos seus corpos, mulheres que enegrecem ao cuidar e auxiliar outras. KBELA é um filme de representatividade e representação. A representatividade está em vermos que todas são negras, mulheres belíssimas que ao aparecerem na tela grande representam cada uma de nós. Há representatividade porque ninguém fala por nós, somos voz ativa, nosso discurso não é alterado ou minimizado, não ocupamos o lugar de subalternas ou subservientes. Em KBELA somos rainhas, poderosas e autônomas. 
    Antes da subida dos créditos fica uma sensação de incompletude que rapidamente se dissipa ao vermos todas as personagens (nós) sorrindo e bailando ao se reconhecerem afirmativamente como mulheres negras. 
    Nós, Meninas Black Power, agradecemos às atrizes Isabel Martins Zua Mutange, Dandara Raimundo, Taís de Amorim, Sarah Hana, Livia Laso, Dai Ramos, Maria Clara Araújo, Carla Cris Campos; às produtoras Monique Rocco e Erika Cândido; à diretora de arte Ana Almeida; direção de comunicação de Silvana Bahia e Bruno F. Duarte; à fotógrafa Alile Dara; à diretora Yasmim Thayná e todxs xs demais que fizeram esse filme (maravilhoso, emocionante) acontecer. Representação e representatividade importam e vocês fizeram isso lindamente. Estamos orgulhosas.

PARTIU RUANDA? – MBP ENTREVISTA CAMILA ANDRADE

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por Élida Aquino

Ilustração: Pati Pinter
     Adoro ideias que surgem para tornar o mundo mais justo, que propõe alguma resolução e podem potencializar pessoas. Se tivermos os olhos atentos e coração aberto, vamos notar que ideias e agentes transformadores assim estão sempre ao nosso redor. Diariamente surgem movimentos incríveis que podem fazer diferença e o Meninas Black Power está aí pra provar! 
       Encontrei My Ruanda através de uma mensagem da Camila para o MBP e foi amor à primeira vista. Pra nós é imprescindível que uma outra visão sobre África seja construída no mundo e esse projeto é um jeito bacana de fazer com que isso aconteça, por isso vamos divulgá-lo. A Camila (que é lindona!) faz mestrado em Relações Internacionais, nutre uma paixão enorme por Ruanda e, para estabelecer uma ponte entre a África e Brasil, partirá pra lá em Novembro com a missão de coletar dados que serão utilizados em sua dissertação. Bancar esse sonho não é simples, então ela mobilizou uma campanha no Catarse (vejam aqui: https://www.catarse.me/pt/myruanda) e está aceitando todas as contribuições possíveis. Essa entrevista vai permitir que vocês saibam mais sobre ela, My Ruanda, como mudar o mundo e, principalmente, como contribuir. Ela vai arrasar! Vamos ajudar? Sim ou com certeza? Ainda dá tempo de fortalecer!

Essa é a Camila, gente!
Meninas Black Power – Queremos saber mais sobre você! Conta aí de onde você vem, sua formação, área de atuação e o que mais quiser falar.
Camila Andrade Meu nome é Camila Andrade, sou graduada em Relações Internacionais pela Unijorge (BA) e mestranda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sou de Salvador, mas atualmente moro em Florianópolis.

MBP – E como surgiu o interesse por Ruanda? O que te motivou?
CA A partir de um curso que fiz sobre Direito Internacional tive mais contato com o genocídio em 1994, surtindo a vontade de me aprofundar mais e mais na temática. Troquei o tema/recorte da minha monografia e comecei a escrever sobre o genocídio e a participação (ou não) da sociedade internacional. Perceber tamanha atrocidade que aconteceu no país e ler sobre o processo de reconstrução ruandês, fez crescer minha vontade de ir lá e ver de perto como o país, após 21 anos do acontecimento, está lidando com tudo isso. Por ser uma história de superação, redescobrimento da própria cultura, de uma sociedade ruandesa e não de divisões étnicas. Isso também me fez conhecer mais sobre mim e a minha negritude.

MBP – Conta como começou o My Ruanda!
CA O My Ruanda começou com o desejo de documentar os meus passos para chegar ao meu grande sonho: finalmente conhecer Ruanda e fazer pesquisas lá. Também surgiu para divulgar mais sobre Ruanda e África. Percebi que eu comentava com meus amigos, até com colegas da área de Relações Internacionais, e poucos sabiam o que era Ruanda e sobre temas africanos. Com o desejo de fomentar mais debates acadêmicos e até a vontade de pessoas se aproximarem mais de África, criei o My Ruanda Brasil para desvencilhar alguns estereótipos que a África carrega ao longo da sua história contada por externos.

MBP – Enquanto mulher negra, quais seus objetivos num projeto como este?
CA Passei por um processo de autoconhecimento e aceitação da minha imagem como ela é: negra, viva e poderosa a partir dos meus traços. Cortei meu cabelo, entrei mais em contato com minha africanidade e tento através da academia passar a entender mais o continente africano como uma região cheia de riquezas e aprendizados, considerando que ele ainda é infimamente estudado. O My Ruanda é uma forma de divulgar algo que me fez entrar em contato comigo mesma, me valorizar mais pelo o que sou também valorizar minhas raízes. Me achar bonita, dyva, mesmo que eu não esteja nos moldes que a mídia se cansa tanto de divulgar. Entrando em contato com a história africana, a história ruandesa em especial, percebi que não preciso de caixas e moldes para pertencer a algo. E sigo tocando o My Ruanda para que outras meninas, assim como eu percebi, percebam isso. 

MBP – O que você pode nos contar sobre a realidade atual da população ruandesa?
CA É o que eu pretendo observar e estudar mais. O que se sabe é que Ruanda é considerada como modelo de reconstrução pós-conflito, com consideráveis taxas de crescimento e desenvolvimento. O que é divulgado também é a coesão social existente (os ruandeses se vendo como uma unidade), mas é difícil saber de detalhes sobre esses aspectos, especialmente aspectos políticos.


MBP – Você já respondeu indiretamente, mas pode dizer sobre os objetivos principais de sua visita? De que forma seu projeto vai contribuir para as questões do país?
CA Com minha viagem pretendo estudar a Cooperação Internacional Descentralizada em Ruanda (ou seja, a cooperação empreendida por governos subnacionais - municípios, Estados, cidades, províncias) e ver como o fenômeno impacta em termos de desenvolvimento local. A bibliografia nessa temática, se tratando da África, é quase inexistente, então, por que não estudar a África? Por que não ter documentações nessa área? Isso que pretendo fazer. Acredito que tanto o Brasil como Ruanda e outros países serão beneficiados pelo acúmulo acadêmico que se pretende obter em um mês de visita a Ruanda. Fora do circuito acadêmico, eu quero interagir com a população local e observar a situação socioeconômica ruandesa, muitas vezes não sendo possível apenas ser entendida por meio de livros e documentos. 

MBP – Seu projeto é incrível e precisamos de mais e mais iniciativas assim contagiando o mundo. Deixa uma mensagem de incentivo para Meninas Black Power que querem, assim como você, promover mudanças por aí?
CA Não é impossível chegar ao seu objetivo. Com muita determinação, trabalho e garra, vamos alcançar o que queremos. Eu saí da condição de sonhar por algo que, por não ter condições financeiras, não seria possível realizar. Com ajuda do coletivo, nós podemos sim! Precisamos conhecer mais sobre a nossa história e, sim, lutar pelo o que é nosso: espaço, respeito e coragem para seguir os nossos sonhos.

     Se apaixonou também? Então aproveita o embalo, dá uma olhada nas redes My Ruanda, divulga esse post e apoie a ideia. Será maravilhoso saber sobre o que a Camila vai trazer na bagagem! Vamos juntxs! 
#gorwanda #myruanda

ENCRESPANDO 2015 - I SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENCRESPANDO

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por Coletivo Meninas Black Power

      Chegamos! Foram alguns meses recebendo as perguntas de vocês sobre quando aconteceria o tão esperado Encrespando 2015 e nós sempre pedíamos pra esperarem mais um pouquinho... Desculpem tanto suspense, Meninas! Estávamos trabalhando em algo realmente especial.
        Há alguns dias contamos aqui sobre a parceria com o Departamento de Direito da PUC-RJ. Não viram?! Olhem a Thula e Carolina, representantes da PUC, e uma parte do time MBP em reunião aí:
     
      O Encrespando 2015 abre espaço pro nosso I Seminário Internacional Encrespando (sim, vocês leram internacional mesmo!), organizado pelo Departamento de Direito da PUC-Rio, Núcleo de Estudos Constitucionais e Coletivo Meninas Black Power, sob o tema "Refletindo a Década Internacional dos Afrodescendentes (ONU) - 2015-2024". Hoje damos a largada até que estejamos juntxs lá na PUC. Aqui no site vocês podem conferir a programação (e amar desde já todas as mulheres incríveis que vão marcar este evento com falas tão incríveis quanto!), o edital para submissãode trabalhos e todas as outras informações que quiserem. O I Seminário Internacional Encrespando é um evento gratuito e acontecerá nos dias 3, 4 e 5 de Novembro de 2015, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio (Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, RJ – Brasil). Querem saber mais? Façam contato no email encrespandopuc2015@gmail.com e não esqueçam que todas as integrantes do Coletivo Meninas Black Power estão aí pra trocar ideia. Não esqueçam de acessar: http://www.jur.puc-rio.br/encrespando/.

Vamos juntas? Será incrível, histórico e transformador. 
Contamos com vocês!

MBP + #BAZARENCRESPANDO NA ARENA CARIOCA DICRÓ

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por Meninas Black Power
Algumas integrantes do Coletivo MBP e uma leitora que nos prestigiou no bazar. | Foto: Quilombo do Meninos Crespos
  Nossa primeira atividade aberta em 2015 foi linda! Tivemos um #BazarEncrespando ensolarado, com muita gente animada, música, empoderamento, diálogos e diversão. O bazar foi parte da Mostra RealizArte, iniciativa da Arena Carioca Dicró
      A feira afroempreendedora, atração afirmativa que sempre compõe nossas atividades, contou com os seguintes afroempreendedores: Era uma vez o mundo, Lulu e Lili Acessórios, Srta. Chris, ColaresD'Odarah, Lobottomia Bottons, Nêga Attrevida, O Alquimista de Chad, Tendência Black e Uzuri.
Foto: Quilombo dos Meninos Crespos
      A produtora de audiovisual Quilombo dos Meninos Crespos  nos apoiou com a comunicação do evento (vocês podem ter ideia do trabalho incrível deles só vendo as fotos que usamos nesse post, né?). Ah! A roda de samba liderada pela cantora Tina Ramalho foi um sucesso! Antes de ouvirmos as canções interpretadas pela belíssima voz que ela possui, tivemos um bate papo onde nos contou suas experiências com o próprio cabelo e negritude. Fechamos o dia com uma roda de Jongo que envolveu todos os que estavam lá na Arena e encheu o espaço com energia ancestral. Ficamos extremamente honradas! Vejam aqui.
Angélica, idealizadora da marca A Quixotesca. | Foto: Quilombo dos Meninos Crespos
    Agradecemos a presença de quem passou por lá, apoiador@s, parceir@s, Tina Ramalho e banda. Em breve divulgaremos a data da atividade do mês de Maio, mas se preparem. Será especialmente pensada para mamães e crespinh@s. Aguardem!

MBP + SALINA, A ÚLTIMA VÉRTEBRA

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por Jessyca Liris e Karina Vieira

Foto: Amok Teatro
      Pertencimento: é a crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos. Os indivíduos pensam em si mesmos como membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e aspirações. Esse sentimento pode fazer destacar características culturais e raciais. Essa foi a primeira palavra que pensamos, o primeiro sentimento que tivemos após assistir SALINA.
    As narrativas usadas para o espetáculo vão além das narrativas usuais. O canto, a dança, os ritos se fundem para nos presentear com uma experiência única. SALINA conta uma história de ódio e perdão. De uma brava mulher que através dos tempos se refaz, se reinventa para viver e continuar vivendo nos seus. Batalhas sangrentas, guerras que duram anos e uma saga familiar permeiam a narrativa e nos fazem entrar em um outro mundo, um outro tempo, onde a contagem das horas se passa de outra forma. A história te envolve e o tempo ganha outro significado quando você descobre que mais de 3 horas se passaram e você se viu imerso na linda história. 
Foto: Daniel Barbosa
    A peça é composta por 10 atores negros e pelo músico Fábio Simões Soares. Conta com as atuações magistrais de Ariane Hime como Salina, Luciana Lopes como Mama Lita, Sergio Ricardo Loureiro como Sissoko Djimba, Tatiana Tiburcio como Khaya Djimba, André Lemos como Saro e Mumuyé Djimba, Thiago Catarino como Kano Djimba, Graciana Valladares como Sowumba, Reinaldo Junior como Kwane M Krumba e Um Djimba, Sol Miranda como Alika e Uma mulher Djimba e Robson Freire como Oráculo e Um Djimba. Direção, figurino e cenário de Ana Teixeira e Stéphane Brodt. 
Nos esvaziamos de sentidos e nos enchemos de SALINA.

Jess e Ka  aguardando SALINA. Foto: Jessyca Liris
Serviço:
Entrada: R$ 20 (meia entrada por R$ 10), 
Local: Espaço Sesc (Rua Raimundo Correia, 160, Copacabana - Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2547-0156)
Exibição: Até 29/03 (Quintas, Sextas e Sábados às 19:30, Domingos às 18:30)

A INCRÍVEL MELIYART GRAPHIK

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por Élida Aquino

      O nome dela é Melissa, mas na rede é a Meliyart Graphik: artista gráfica, diretora de arte e modelo que mora e trabalha em Paris. Também é uma jovem mulher negra cheia de atitude, talento e, óbvio, criatividade. Seu trabalho está sempre acompanhado de imagens da mulher negra e suas colagens ficam entre o real e o abstrato. Em algumas obras podemos ver representações de deusas de África, inclusive. Melissa tem feito muito sucesso por aí e, caso vocês ainda não conheçam, podemos garantir que vale a pena conhecer. Confiram alguns trabalhos abaixo.








Acompanhem o trabalho dela através do Facebook, Instagram e Twitter.

ENCRESPANDO - 2ª EDIÇÃO

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por Equipe MBP
Arte: Era Uma Vez o Mundo
      Há um ano colocamos em prática um dos projetos pelos quais o Coletivo Meninas Black Power existe: promover um evento no mês da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha para reunir as melhores conversas sobre cultura e beleza negra, reflexões sociopolíticas e encontros entre iguais, onde tod@s possam ser espelhos. Uma verdadeira celebração! Nós conseguimos, chamamos de Encrespando, e pela segunda vez estamos juntas, fazendo este momento incrível acontecer. 
     Encrespando é o evento oficial do Coletivo Meninas Black Power, acontecerá pela segunda vez no Rio de Janeiro e estamos trabalhando para que em breve se espalhe nos outros Estados onde também estamos representadas. Nossa primeira edição aconteceu em 20 de Julho de 2013, no SINDSPREV, Rio de Janeiro. Confiram abaixo um pouco do que vivemos por lá:
      Desta vez temos o privilégio de estar no Renascença Clube, espaço de referência para a resistência cultural negra carioca, que zela por manter a tradição sempre viva. Preparamos com carinho uma programação repleta de diálogos e momentos que vão promover conhecimento de nossa história, quem nós somos enquanto mulheres e homens negros. 
      Começaremos com a oficina de turbantes ministrada pela Colares D'Odarah, ícone importantíssimo na arte e educação que emanam das amarrações de um turbante. Esta oficina tem vagas limitadas e a inscrição deve ser feita através do email encrespandombp@gmail.com. Em seguida vamos ouvir a palestra trazida pela A.M.A.R sobre "A autoestima da mulher preta". O workshop sobre cabelo crespo é provavelmente o momento mais aguardado. Numa conversa conduzida pelo Coletivo MBP, vamos dialogar sobre vivências, cuidados e possibilidade de nossos cabelos crespos. O próprio Coletivo conduz na sequência a conversa "Lynch e seus reflexos na sociedade negra contemporânea", dialogando sobre a Carta de Willy Lynch e seus reflexos atuais.
        Também vamos nos deleitar com a dança do grupo Femme e da bailarina Valéria Moña, curtir o som do grupo de pagode composto por mulheres da A.M.A.R, o rap contagiante de Mr. Ronney e, fechando nosso dia com muita grooveria, o som da Banda Consciência Tranquila, que embala todo mundo nos encontros incríveis do Baile Black BomNo Encrespando Kids, nosso espaço infantil que estará aberto para receber crespinhas e crespinhos durante o evento e é uma grande novidade, haverão atividades conduzidas pela recreadora Natália Regina, contação de histórias afirmativas com Kemla Baptista e uma brinquedoteca recheada de diversão e assinada pelos parceiros da Era Uma vez o Mundo. O Bazar Encrespando, nosso espaço de afronegócios, conta com A Quixotesca, Colares D’Odarah, D'Negro, Era Uma Vez o Mundo, Lulu e Lili Acessórios, Makeda Cosméticos, NBlack, O Alquimista de Chad, Pixaim Acessórios, Soul Bamba e Trançando Ideias
       Ah! Quem passar pelo Encrespando também vai conhecer a carinha de todas as integrantes do Coletivo na exposição “Bonec@ Pret@ é identidade”, assinadas pela alta costura de Srta. Chris e as bonecas lindas de Era Uma Vez o Mundo.
Arte: Era Uma Vez o Mundo
      Desejamos muito ver vocês na próxima Sexta-feira, fazendo história junto com o Meninas Black Power e compartilhando muito amor. O Encrespando é nossa casa e queremos que quem passar por lá possa desfrutar de um entretenimento saudável, conscientizador, que reflita toda beleza e resistência de nossa negritude. Venham com a gente!

Incrições*: 
http://goo.gl/0QGr1E

Programação completa:
16:00 às 16:30 - Abertura dos portões
16:30 às 17:00 - Abertura e oficina de turbantes com Colares D'Odarah
17:00 às 17:40 - Palestra A.M.A.R - "A autoestima da mulher preta"
17:50 às 18:20 - Workshop MBP - perguntas e respostas sobre cabelos crespos, dicas de cuidados e penteados
18:30 às 19:10 - Conversa Crespa com o Coletivo MBP - "Lynch e seus reflexos na sociedade negra contemporânea"
19:10 às 19:20 - Apresentação do grupo de dança Femme
19:30 às 19:40 - Apresentação de dança afro com Valéria Monã
19:50 às 20:20 - Apresentação do grupo de pagode A.M.A.R
20:30 às 20:40 - Apresentação do grupo de dança Femme
20:40 às 21:00 - Apresentação do rapper Mr. Ronney
21:00 às 22:00 - Apresentação da Banda Consciência Tranquila 

Programação do Encrespando Kids:
17:10 às 17:30 - Workshop "Como cuidar do crespinho" com Renata Morais (idealizadora da Lulu e Lili Acessórios e integrante do Coletivo MBP) - dicas de cuidados e penteados para cabelos infantis
17:40 às 18:30 - Contação de histórias 
18:40 às 19:20 - Hora do alongamento - Preparando o corpinho pra se movimentar 
19:20 às 20:00 - Vamos Dançar? 

* A entrada é franca, mas as incrições devem ser efetuadas para fins de controle e inclusão nas promoções que acontecerão no decorrer do evento. As inscrições estarão disponíveis até 24/07, às 12h.

SOBRE "OS NEGROS NA AMÉRICA LATINA", DE HENRY LOUIS GATES JR.

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por Karina Vieira
Foto: Google
      Confesso que a primeira coisa que me chamou atenção no livro foi a capa, que é maravilhosa, convém dizer. Depois fui ler o título e, bem, me pegou de vez. De acordo com o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos da Universidade de Emory na Geórgia, EUA, entre 1502 e 1866, 11,2 milhões de africanos sobreviveram a terrível travessia oceânica e chegaram como escravos ao Novo Mundo. Desse montante, "somente" 450 mil desembarcaram nos Estados Unidos, todos os demais desembarcaram em lugares situados ao sul do país, sendo que só no Brasil foram 4,8 milhões. Esses dados nos fazem crer que a grande experiência africana nas Américas não aconteceu nos EUA.
     A cerca de dez anos o autor decidiu fazer uma série de documentários sobre os afrodescendentes, sobre raça e cultura negra  no hemisfério ocidental fora dos Estados unidos e do Canadá. A primeira parte da trilogia começou com Wonders of the African world (Maravilhas do mundo africano), a segunda, American beyond the color line (Os Estados Unidos além da linha da cor) e a terceira parte deu origem a este livro.
     Henry Louis Gates Jr visitou em um período de 6 meses  Brasil, México, Peru, República Dominicana, Haiti e Cuba e procurou responder a seguinte problemática: O que é ser negro nesse países? Em tais sociedades quem é considerado negro, em quais circunstâncias e por quem? Serão as palavras que designam várias tonalidades de afrodescendentes no Brasil, como mulatos, cafusos, pardos, morenos, pretos? Ou pretos e negros são apenas as pessoas de aspecto mais africano numa mistura multidirecional de combinações de cor de pele, traços faciais e textura de cabelo?
      Como resposta ele descobre que o que é comum a todas essas sociedades é o fato lamentável  que as pessoas de origem africana "mais pura" ou "sem mistura" ocupam desproporcionalmente a parte mais baixa da escala econômica. As pessoas de pele mais escura, de cabelo mais crespo e de lábios mais grossos formam em geral o grupo mais pobre da sociedade. A pobreza foi construída socialmente em torno de graus de origem africana óbvia. Em comum também a todas elas, está o fato de que essas sociedades se orgulham de serem "democracias raciais", "livres de racismo" e "pós-raciais" e mesmo assim ainda carregam um legado forte de escravidão e histórias longas e específicas sobre o racismo.


       Ao visitar o Brasil, Henry encontra na nossa sociedade a incrível quantidade de 134 termos de tonalidade de cor ou palavras para negar a sua negritude. Descobre também que o foco do país na cor era algo que beirava a obsessão ou a chamada "eu sou qualquer coisa, menos negro". Descobre também que entre 1884 e 1939 o Brasil passou por um violento processo de "branqueamento", quando 4 milhões de europeus e 185 mil japoneses receberam subsídios para imigrar e trabalhar no país. Esse processo de imigração visava a reprodução dos europeus com os negros, a fim de clarear a pele da população e erradicar os vestígios da cultura africana.
      Em meio a tudo isso uma voz dissonante se faz ouvir, Manuel Querino, intelectual negro pioneiro que mesmo no Brasil é pouco conhecido. Querino assumiu uma atitude ousada e corajosa contra as ideologias racistas governamentais. Historiador, artista plástico, sindicalista e ativista negro, ele dava ênfase ao papel do africano como civilizador e procurava mostrar os costumes e tradições africanos na Bahia, ele exaltava o orgulho de ser descendentes de africanos. Querino é considerado o pai da história negra, da mobilização negra e da positividade dentro do movimento negro.


     O autor encontra em cada país visitado um herói negro, porém muito pouco conhecido dentro e mesmo fora de seu espaço de origem: No México, Gaspar Yanga; No Peru, a ambiguidade de José de San Martín; Na Republica Dominicana, Rosario Sánchez; No Haiti, Alexandre Pétion e em Cuba, José Antonio Maceo. Ao final do livro, Henry coloca como apêndice categorias de cor na américa latina, onde fica visível que por mais esforço que se tenha feito e ainda se faça, o racismo está aí resistindo e nos provando que ele é um legado histórico que ainda não se extinguiu, que ele não é apenas um processo que se herda de um passado remoto, e sim um conjunto de usos e costumes sociais e de ideias que são continuamente recriados e reproduzidos com enormes e devastadoras consequências sociais.