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DICAS DE TRATAMENTO PARA NOSSOS FIOS | TAINÁ ALMEIDA

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Fazer um tratamento capilar profundo nos cabelos pelo menos uma vez a cada duas semanas ajuda a recuperar e fortalecer os fios.
Neste post do blog falamos mais sobre cronograma capilar e qual o benefício de cada etapa. http://meninasblackpower.blogspot.com/2013/03/coisa-nossa-cronograma-capilar.html




Os tratamentos mais comuns são com proteína que ajuda a reparar o dano dos fios. A proteína enche os espaços vazios entre as cutículas dos fios.
Uma vez por mês é o período suficiente para diminuir o dano.





* Coco, óleo de abacate e óleo de oliva são conhecidos por penetrar nos fios e nas cutículas quando possível coloque em seu tratamento. Sempre utilize óleos vegetais.


* Colocar uma toalha quente ou touca térmica por 20 minutos ajuda a aumentar a potência de seu tratamento.

*Lavar os fios com água fria para selar as cutículas.
http://cacheia.com/wp-content/uploads/2014/02/lavagem-cabelo-cacheado-crespo.jpg


*Não esqueça das pontas do seu cabelos, elas são a parte mais antiga do cabelo.

* Cuidado ao secar para não esfregar a toalha de banho nos fios.

https://i.pinimg.com/originals/ac/c0/09/acc009040e467fade11aff75351abcba.jpg

*A hidratação é importante, mas precisamos manter em mente que tudo que é demais prejudica. Respeite o tempo de intervalo entre os tratamentos.



7 MITOS SOBRE CRESPOS NATURAIS PARA NÃO ACREDITAR MAIS

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por Élida Aquino

Ilustração: Refinery29
        Adoro observar as Meninas e suas texturas crespas por aí. Todas são tão particulares, imprimem uma identidade tão profunda que se mistura com nossa histórias... Mas desconsiderando a infinidade de texturas (maravilhosas!) que existem, cabelos crespos naturais ainda são simplesmente um monte de fios emaranhados e difíceis de "controlar" na opinião de muita gente. Pessoas com cabelos crespos, que convivem com outras pessoas de cabelos crespos, ou até as que desconhecem o que é ter cabelo crespo, estão acostumadas com a visão de que crespo é sinônimo de "ruim", difícil de lidar. Não é incomum encontrar quem diga que não devemos optar por usar o cabelo naturalmente crespo, seja lá a textura que tiver, já que "cabelo ruim não tem jeito". Chegam até a cogitar que ficamos loucas ao saberem que estamos em transição ou que cortamos toda a química. 
     Felizmente estamos vivendo um movimento forte que apresenta as possibilidades do natural como forma de posicionamento político e, principalmente, de conhecimento da beleza que nunca foi vista como aceitável, mas que pode e deve aflorar em cada uma. Por isso é cada vez mais importante quebrar os estigmais sociais sobre o que o cabelo crespo realmente é. Este post está aqui pra ajudar a pensar sobre alguns mitos frequentes. Ele foi originalmente publicado pelo Refinery29 e reúne opiniões de especialistas em cabelos crespos que explicaram tudinho. Vocês devem conhecer outros mitos e podem contar aqui nos comentários ou na página Meninas Black Power. Vamos lá reposicionar os conceitos! 

MITO 1: "CABELO CRESPO NÃO CRESCE!"
Temos visto várias Meninas naturais, principalmente as com texturas do tipo 4, obcecadas com o crescimento de seus cabelos e desapontadas quando não notam visivelmente que seus fios estão crescendo como planejaram ao iniciar aquele "tratamento mágico" com alho, café ou pó de guaraná. Calma, gente! Anthony Dickey, cabeleireiro e co-fundador do salão Hair Rules, diz que "independentemente da textura, todos os cabelos crescem cerca de um quarto e meio de polegada por mês. O desafio para naturais é começarem a cuidar de seus cabelos fora do ponto de vista de outras pessoas, como se seus cabelos precisassem se comportar como cabelos de outras texturas. Isso ajudaria a entender o comprimento real, como o cabelo se comporta e o ritmo particular de crescimento." Sabendo que cabelo crespos e naturais podem ser bem mais enrolados, o crescimento nem sempre fica tão evidente quanto em cabelos lisos, alisados ou até mesmo relaxados. Além disso, é preciso lembrar: o fator encolhimento está aí. Extrapolar no uso de métodos que aumentam o comprimento, abusar da aplicação de calor no secador, não desembaraçar ou hidratar adequadamente, por exemplo, são hábitos que podem conter o crescimento.


MITO 2: "VOCÊ DEVE LAVAR SEU CABELO DE VEZ EM NUNCA."
É verdade que os cabelos crespos não devem ser lavados tão frequentemente – a gente sabe que nosso cabelo não retém a hidratação naturalmente com tanta eficácia e etc. Mesmo assim a água pode realmente ser seu nossa aliada. A fundadora da Curls, Mahisha Dellinger, lembra que os produtos tendem a ficar acumulados sobre nossos fios e acabam bloqueando a capacidade de “respiração” do couro cabeludo e dificultando a entrada da umidade. É importante não prolongar o tempo entre uma lavagem e outra. "Você definitivamente não deve lavar o cabelo todos os dias, mas faça ao menos uma vez por semana e coloque um co-wash¹ no meio da semana. A finalidade é limpar o cabelo. Não considere que está apenas retirando o acúmulo dos produtos. Lembre-se que existem muitos resíduos trazidos pelo ambiente que ficam sobre os fios", ela recomenda. 

Ilustração: Refinery29
MITO 3: A APLICAÇÃO DE ALGUNS ÓLEOS NO COURO CABELUDO FAZ O CABELO CRESCER MAIS RÁPIDO
Muitas devem usar estas aplicações com o intuito de hidratar o couro cabeludo, mas podem provocar o efeito oposto. Mahisha lembra que "alguns óleos podem conter petrolatos ou óleo mineral na composição e esses componentes entopem os poros, bloqueiam o couro cabeludo". Várias mulheres de cabelos naturais pensam em alguns óleos como hidratantes, mas na verdade não são. Eles estão na verdade funcionando como selantes. "Se você aplica óleo sobre o cabelo seco, a chance de aumentar o ressecamento aumenta. O ideal é usar óleos vegetais, livres de componentes prejudiciais, após condicionar e finalizar. Assim você estará selando a hidratação com óleo”. 

MITO 4: "CABELOS CRESPOS NATURAIS SÃO MAIS FORTES QUE OUTROS TIPOS DE CABELO."
Mesmo que algumas texturas de crespos naturais pareçam mais rígidas, a realidade é que os fios são muito delicados. "As pessoas pensam que porque são crespos, cheios de texturas e possibilidades, eles podem resistir a qualquer coisa", diz Mahisha. "Crespos são tipicamente frágeis, propensos a quebra e ressecamento. Precisam ser tratados delicadamente, com cuidado extra".

Ilustração: Refinery29
MITO 5: "APARAR SEMPRE AS PONTAS VAI FAZER SEU CABELO CRESCER."
Há uma verdade parcial aí, já que aparar as pontas impede que pontas duplas rompam a extensão do fio, danificando o cabelo em longo prazo. Mas o caminho para um cabelo mais longo não é cortar sempre que puder, mas cuidar do cabelo que vem do couro cabeludo. "Prestamos muita atenção para as extremidades, porque esta é a parte mais antiga do cabelo, mas esse cuidado promove grande impacto no crescimento? Não. Crescimento começa no couro cabeludo. É importante manter o couro cabeludo saudável", ressalta Mahisha. Óbvio que todo o cabelo merece atenção – da raiz ás pontas - mas pense que aparar de leve a cada seis ou oito semanas é o suficiente.

MITO 6: "VOCÊ NUNCA, NUNCA, DEVE USÁ-LO ALISADO!"
Sim, se não for feito com segurança, escovas e chapinhas vão acabar alterando o padrão dos fios, diz Derick Monroe, especialista da SoftSheen-Carson. Mas, quando executado da maneira adequada e usado ocasionalmente, os fios ficam intactos. A conversa é sobre a quantidade de calor a que você expõe seu cabelo. "Se ele sobreaquecer, partes da extensão começarão a quebrar. Quando você voltar para o formato natural dos fios eles não vão enrolar da mesma forma. Nós chamamos isso  de relaxamento térmico, porque uma vez que você altera esses seguimentos do cabelo, está feito. É como um relaxamento químico." Certifique-se de que você está tomando as devidas precauções: usar um o secador com um pente, para não aplicar calor diretamente sobre os fios; sempre, sempre, sempre hidratar; condicionar; aplicar protetores térmicos antes; não abusar da chapinha. Se você vai a um salão para fazer uma escova em seu cabelo natural, certifique-se que você está em mãos cuidados, que vão cuidar adequadamente dos seus cachinhos - preferencialmente alguém que especialista nos cuidados do cabelo natural.

Ilustração: Refinery29
MITO 7: "É DIFÍCIL LIDAR COM UM CABELO CRESPO NATURAL!"
Cabelo natural exige tempo e paciência, mas "difícil" não é uma palavraque se encaixa nele. Não há dúvida de que é preciso dedicação, especialmente para as que já usaram relaxantes ou alisantes a maior parte de suas vidas. A ideia de cuidar desta "nova" textura, ainda desconhecida, e sabendo que aprendemos que esse cabelo natural não é bom, pode assustar no início. Como optar por algo ruim, feio, indesejado, não é? Mas é preciso avaliar o que quer, como pode funcionar sua rotina de cuidados com base em seu estilo de vida. "A única mudança é a textura. Quando você assume sua textura naturalmente crespa, desembaraçar corretamente, condicionar e finalizar acabam sendo etapas executadas de forma diferente. Mas, ao mesmo tempo, seu crespo pode se apresentar bem mais versátil se você se permitir descobrir o que ele pode oferecer. Você pode sair com ele molhado, tipo wash and go², e num outro dia mudar a textura com twits ou coques bantu. É incrível!", avisa Mahisha.
Aprendam com seus cabelos, Meninas! Eles são sensacionais!

Glossário #meninasblackpower:
¹ Co-wash - "Co" de condicionador + "wash" de lavar. Essa técnica consiste em substituir o uso do shampoo na lavagem por um condicionador (preferencialmente um produto liberado para no poo; isto é, que não possua agentes como derivados de petróleo, por exemplo). O condicionar possui agentes de limpeza mais suaves que o shampoo e ajudam a potencializar a hidratação.
² Wash and go - "Lavar e ir", ao pé da letra. É fazer todo o processo de lavagem, condicionamento e finalização, estilizar os fios de um jeito que você possa ir pra onde quiser usando os fios ainda úmidos, sem tanto medo do fator encolhimento ou frizz.

DICA DE LEITURA MBP: UMA PRINCESA NADA BOBA

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por Élida Aquino
Rainha Nzinga | Ilustração: Biel Carpenter
      Como integrante do Coletivo Meninas Black Power posso afirmar que uma das nossas maiores crenças é no empoderamento, no potencial do compartilhamento. Ideias como as nossas, projetos que se levantam e colocam crianças pretas como alvo principal ou livros que fazem com que elas se observem de pertinho, por exemplo, são imprescindíveis para a construção de um novo tempo na vida da população negra no Brasil e é por isso que temos investido tempo e energia. Formar crianças e jovens que valorizem sua comunidade e herança é precioso. Nós por nós é a tática. Se não nos incluem e insistem em nos quebrar diariamente, vamos lutar por nossos direitos e também vamos falar para os nossos sobre nós, o que somos e o que queremos.
      Volta e meia o Coletivo dialoga com mães, pais e profissionais da educação que buscam colocar este empoderamento na rotina das crianças e temos total interesse em fazer das mídias Meninas Black Power fonte de inspiração. Hoje é dia de inspirar com dica preciosíssima pra quem quer empoderar! Recebemos "Uma princesa nada boba" do próprio Luiz Antonio, autor do livro. Ele leu "Para princesas visíveis", um dos posts mais recentes por aqui, e entendeu que falamos da mesma coisa. Foi uma honra poder receber o carinho das mensagens, perceber como ele compreendeu a ideia. Aliás, o post em questão mostrou o óbvio: mulheres de hoje não esquecem o quanto o sistema lhes privou da possibilidade de se sentirem lindas e meninas de hoje passam pelas mesmas privações. Felizmente continuamos insistindo, apoiando, empoderando, quebrando o sistema, reposicionando a visão.

Dedicatória fofa que está no livro que recebemos!
       Como se não bastasse todo o amor de nos presentear, a obra é emocionante. Minha sensação de reencontro foi impagável. Luiz conseguiu ser objetivo e ao mesmo tempo profundo. Quem conta a história é Stephanie, personagem principal, e a fala dela me cativou, gerou instantaneamente identificação.  "Por que eu não podia ser igual a uma princesa?", questionamento que muitas já fizeram (mesmo que com outras palavras), é o que inicia todo o processo de aceitação, contato com o que ela realmente era e com o que lhe fazia ser como era. Toda a descoberta se dá em seu período de férias na casa da avó, uma mais velha muito sábia. 
       Uma das coisas que mais prendeu minha atenção foi a forma como a família da menina se insere no contexto e o quanto o texto revela o que muitas vezes acontece na realidade. Os pais de Stephanie sempre lhe diziam o quanto ela era linda, mas não olhavam diretamente pra o que lhe fazia sentir indesejável e excluída. Me lembra que é preciso conversar diretamente com as crianças, ainda que de forma lúdica, sobre os efeitos do racismo em nós e em nossos corpos e ao mesmo tempo oferecer subsídios para que a autoimagem se fortaleça. Stephanie se enxergou ao enxergar sua ancestralidade num encontro planejado pela avó. Quando encontra a figura sagrada de Oxum, de mulheres ancestrais, da sua própria avó e outras mulheres reais. Princesas, rainhas, importantes. É o que somos.
Ilustração: Biel Carpenter
       Eu adoraria ter lido na minha fase escolar, então imagino que meninas e meninos que entre os 9 e 14 anos, mais ou menos, vão gostar. As ilustrações lindas são assinadas por Biel Carpenter. Mais informações sobre o livro aqui e aproveitem pra conhecer o outro livro do Luiz, "Minhas contas", que fala sobre amizade, religiosidade e os valores de respeito. Mais uma vez agradeço o carinho. É o tipo de leitura que me faz querer voltar mil vezes e absorver um pouquinho mais de beleza. 
Inspirem-se, Meninas!

NÃO ESTAMOS AFIM

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por Renata Morais

Foto: Renata Morais
      Oi. Hoje não quero passar nada no meu cabelo. Ontem também não quis e talvez não queira por um bom tempo. Não tenho vergonha de dizer que só estou lavando. Só mesmo. Uso shampoo e condicionador. Apenas. 
      Nós dois tivemos uma conversa e resolvemos que ele teria o tempo dele também. Sabemos (eu e ele) que cronograma, óleos e receitinhas são importantes, mas decidimos que isso não ia afetar nossa relação. Ele (o cabelo) está mudando rápido, ficando maduro. Fios brancos estão aparecendo, mas como estamos em uma relação aberta, tingir não é uma escolha só minha. É dele também. Tive que ter essa abertura com ele, porque eu estava sofrendo. Minha vida mudou muito de uns meses para cá e o tempo ficou curto. Ficava triste e com um sentimento de culpa quando não conseguia hidratá-lo. Por isso fui até o espelho e o toquei, abri suas mechas crespas e conversamos. Decidimos que o que é bom pra mim, seria bom pra ele e vice-versa. 
        Há exatamente um mês que não hidrato. Hoje ele está lindo. Vou hidratar? Sim, mas não hoje. Ele precisa de cuidados? Muitos, mas também queremos ser livres. Ele está crescendo? Muito! Nunca cresceu tão rápido. Ainda amamos óleos, babosa e receitinhas caseiras? Sim, mas só usamos quando estamos afim. Minha dica: toque seu cabelo, converse com ele, ame-o. Não simplesmente por vaidade, mas sim por ser corpo, ser parte de você.

DEIXA O MEU CABELO EM PAZ? NEGRITUDE, MASCULINIDADES E CABELOS CRESPOS - PARTE 2

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Enrique La Salle
         Depois de um bom intervalo estou de volta. Vamos continuar nossa conversa sobre cabelos crespos a partir de uma perspectiva masculina. No primeiro post, que pode ser lido AQUI, vimos como há uma percepção generalizada e equivocada que o cabelo em geral, e crespo, em particular, é uma preocupação apenas feminina. Farei hoje uma imersão na temática dos cabelos crespos partindo dos anos 1940 e chegando aos 1990. O pano de fundo para a análise será a cultura popular afro-americana e sua influência no Brasil. 
       Entre os anos 1960 e 1970 o cabelo crespo dos negros foi elevado a símbolo de orgulho racial e resistência por afro-americanos num processo impulsionado por movimentos como o Black Power (Poder Negro) e o Black Panthers Party (Partido dos Panteras Negras). Entretanto, não foi um mudança fácil já que o afro naquele período era visto como um sinalizador de rebeldia e recusa de integração racial, algo à época valorizado e almejado pelas classes média e elites afro-americanas.
         A estética do alisamento ou relaxamento dos cabelos era um procedimento incorporado em boa parte dos negros da diáspora negra. A crítica cultural bell hooks possui um texto muito bonito e interessante descrevendo o papel social do alisamento entre as mulheres negras estadunidenses (leia AQUI). No que diz respeito ao gênero masculino, nunca li nada parecido.  Sim, nós homens alisávamos e ainda alisamos o cabelo apesar desse look estar um pouco ultrapassado nos dias de hoje.
       Dias atrás folheava um catálogo de uma exposição com fotografias da vida do músico de jazz Miles Davis e lá estava ele nos idos dos anos 1940 e 1950 com o cabelo alisado. Malcolm X, em sua época de atividades ilícitas, também alisou. Essa passagem é satirizada pelo cineasta Spike Lee em seu filme sobre a vida do líder negro. X, que naquele período ainda atendida pelo codinome “Red”, está no meio de uma alisamento quando percebe que a água do apartamento havia acabado. Procurando por um lugar para enxaguar o cabelo antes que o produto queimasse seu couro cabeludo, ele enfia a cabeça na privada, único lugar com a água disponível. Nesse mesmo instante a polícia invade o apartamento para prendê-lo.
        Mesmo com as demonstrações de orgulho dos anos 1960 alisar o cabelo não deixou de ser uma prática estranha a homens e mulheres negras nas décadas seguintes. Alguns artistas de renome nunca deixaram de fazê-lo. Um exemplo é o Padrinho do Soul, James Brown. Nos anos 1980, porém, os topetes esticados deixaram de ser tao atraentes e foram substituídos por uma espécie de relaxamento que deixava o cabelo mais leve, encaracolado e com volume. Um visual similar ao cantor Lionel Ritchie no vídeo da canção All Night Long de 1983.
        Um filme que imortalizou uma sátira a esse tipo de cabelo foi Coming to America (Um Príncipe em Nova York), de 1988. O elenco contava com Eddie  Murphy, no papel principal,  Arsenio Hall, Samuel L. Jackson, Cuba Gooding Jr. e Enriq La Salle (foto de abertura do post). Esse último interpretava o papel de Darryl Jenks, namorado de Lisa McDowell (Shari Headley) e filho de um empresário que produz um creme umidificador, o Soul Glo (imagem abaixo). O cabelo de La Salle e o umidificador são alvos de constantes piadas durante todo o filme (assista um trecho divertido AQUI). Esse estilo de cabelo permaneceria até o início dos anos 1990 como um look bastante aprazível para nós homens negros. Basta dar uma olhada para os cantores de soul e  R&B desse período ou lembrar do visual de Ice Cube no clássico Boyz N The Hood, dirigido por John Singleton em 1991 (veja o trailer do filme AQUI).

Comercial Soul Glo
         No Brasil, a história não foi muito diferente. Diga-se pelos inúmeros produtos disponíveis no mercado desde a década de 60 como Henê Marú, Alisabel, Nivea e o amaldiçoado Jennifer Black, que teve seu momento de glória no início dos anos 1990.  A propósito, o JB foi responsável nessa época por deixar meus cabelos e os de vários patrícios secos, quebradiços, sem vida e vermelhos sem contar a possibilidade de surgimento de feridas em decorrência de queimaduras causadas pelo produto. Mas a década de 90 não foi apenas de desgraça para nossos cabelos.
          Em 1990, a gravadora Zimbabwe  lançou o álbum Holocausto Urbano do grupo de rap paulistano Racionais MC’s. Para além do conteúdo político das letras dos raps de Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay, que versavam sobre violência policial, racismo e outras mazelas sociais, chamava atenção a estética dos rapazes. Na foto de capa do LP todos tinham os cabelos raspados e se vestiam de preto. Os MC’s dos Racionais seguiam uma tendência que já havia se popularizado entre alguns artistas de rap e atletas afro-americanos daquele período, principalmente jogadores de basquete como Charles Barkley, Magic Johnson e Michael Jordan. Mas o uso de cabelos raspados ainda era tabu e algo estigmatizado no Brasil uma vez que ele estava associado à instituições de internamento penal e/ou psiquiátrico.
        A popularidade dos cabelos negros naturais e sem alisamento entre jovens nos Estados Unidos estava associado a ascensão de grupos de rap mais afrocêntricos como A Tribe Called Quest, Jungle Brothers, X Clan, Arrested Development e outros que se vinculavam ao nacionalismo negro como Public Enemy. Os penteados variavam entre as versões negras do flat top, as falhas e entradas feitas com navalha, desenhos e inscrições de nomes e letras no cabelo também produzidos com navalha além dos ainda bastante estigmatizados dreadlocks.

Flat top no rapper Big Daddy Kane (sentado)
         No Brasil, porém, o que mais se popularizou nos anos 1990 foi o cabelo raspado. Algum tempo depois as tranças e os dreadlocks foram incoporados no estilo de jovens mais ousados. A expansão do cabelo raspado por aqui foi tamanha que ele passou a ser apreciado por sambistas, jogadores de futebol e outras personalidades negras masculinas que de forma alguma questionavam o status quo como os MC’s dos Racionais. Defendo o argumento que a popularização e aceitação do cabelo raspado entre esse grupo se dava também por “resolver” o “problema” do cabelo crespo para o grupo masculino.
          Ou seja, diferente da aceitação e exibição do cabelo crespo vistas no flat top e, posteriormente, nos dreadlocks e tranças variadas, raspar o cabelo significava retirar a carapinha da visão pública, domá-la através da sua eliminação periódica. E mesmo os argumentos em favor do cabelo raspado que se baseavam em noções de higiene e praticidade alocavam simbolicamente o cabelo crespo no grupo dos cabelos “sujos” ou “problema”. Nesse sentido, raspar a carapinha significava se render a um certo higienismo simbólico que apagava as marcas de inferioridade e estigma trazidas pelo cabelo crespo, algo que já discutimos no primeiro post. Lembrem-se de nossos queridos patrícios famosos Vin Diesel e Ronaldo Fenômeno novamente.
        Prometi ser sucinto, mas não consegui.  Se você agüentou ler o texto até aqui, fico agradecido. Comentários são bem-vindos. Em nosso terceiro e último post da série veremos a situação atual dos cabelos crespos entre nós homens. Haverá uma surpresa também. Até lá! Muita Paz, Muito Amor!

PS: visitem meu blog, o NewYorKibe, clicando AQUI, e curtam a página do mesmo no Facebook AQUI.

QUEM DISSE, BERENICE?

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    Tem coisa melhor do que sair do padrão na hora de se maquiar?! Quem foi que disse que eu não posso usar batom vermelho ou brilho durante o dia?! Quem foi que disse que (nós) negras só podemos usar dourado e tons terrosos?! Gente...
    É essa proposta, de quebrar regras e a banca, que a Quem disse, Berenice? trouxe para o mercado da beleza. A Quem disse, Berenice? faz parte do grupo O Boticário e criou um jeito novo de deixar as suas clientes livres na hora de usar e comprar maquiagem. Apresentam mais de 500 itens para pele, olhos, boca, além de esmaltes, perfumes e acessórios com muita variedade de cores. Além disso, apresentam a maior régua de tonalidades do Brasil de base, pó e corretivo, são 18 tons. Isso não é uma MARAVILHA? As lojas também são muito bacanas, com sistema de autosserviço, podemos ficar a vontade para escolher e testar o que quisermos. 
   Ontem rolou aqui em São Paulo o lançamento da coleção outono-inverno e nós do MBP fomos lá para conferir. O nome da nova coleção é “Desobediente”, a cara da mulher moderna. Segundo a marca, a coleção é inspirada em mulheres insolentes, ousadas e que acreditam com bom humor e irreverência tudo pode ser feito para atingir a beleza.  A inspiração vem do romantismo francês pós-revolução, pin-ups e melindrosas dos anos 20. São 9 produtos feitos para OUSAR neste outono-inverno.

Produtos coleção Outono-Inverno:


    Como não amar essa ousadia toda?! A nova coleção estará disponível nas lojas a partir do dia 25 de fevereiro. Por enquanto só existem lojas físicas em São Paulo e não há loja online. Para saber mais: http://www.facebook.com/quemdisseberenice. E se preparem, hein?! Vai chegar uma novidade MBP pra fazer todas desejarem desobedecer as regras.



COISA NOSSA - "CABELO BOM. CABELO RUIM."

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    Recebemos um email super querido da Amanda Lopes, uma de nossas leitoras. Ela indica o livro "Cabelo bom. Cabelo ruim." da coleção "Percepções da Diferença - negros e brancos na escola" e salienta: "É um livro curto mais cheio de referências históricas. Acho que vai fortalecer bem mais o contato das garotas não só com o cabelo natural, mas com a identidade preta". Amanda também cita o trecho abaixo:
  "Cada pessoa, a seu modo, vivencia o aprendizado do cuidar-se. As diferenças de classe podem implicar a facilidade do consumo de produtos e bens cosméticos, por sua vez, a diferença étnica e cultural implica a experiência de estilos de ser e de pentear próprios aos diferentes grupos. Exemplo: as trancinhas são um penteado característico das pessoas negras. Felizmente, nada impede que sejam usadas por pessoas de outros grupos étnicos. O mesmo deveria ocorrer com o alisamento, ou seja, alisar o cabelo deveria ser uma opção e não uma obsessão." 

 Baixe o livro aqui e boa leitura!




INSPIRAÇÃO - LUCIANA LUANDA

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"Oi... Minha dica é a linha Reconstrução Total da Palmolive, um produto que realmente faz o efeito de propagandas. Seguinte: estou usando a linha completa. Shampoo, condicionador e creme de pentear. Lavo normalmente com o shampoo, depois passo o condicionador. Já aproveito para desembaraçar o cabelo com os dedos. Enxáguo bem e passo o creme sem enxágue, com o cabelo ainda molhado. Não economizo neste último, mas tomo cuidado para os cachos não ficarem muito juntos. Seco com uma toalha, mas  não esfrego, assim os cachos se mantem. Uso o creme diariamente, sempre quando os cabelos estão molhados, mas isso pq eu não gosto dos meus cachos não definidos. Minha mãe usa os mesmos produtos que eu, com uma diferença: ela não molha o cabelo tdo dia. A hidratação é fantástica, o cabelo fica com brilho e super macio. Está aí minha dica. Estou agora procurando um novo produto já que daqui a pouco o cabelo acostuma. Abraço. Espero ter ajudado."

L'ORÉAL INFALLIBRE E CÔNCAVO MARCADO.

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   Bom, meu Nome é Andressa e estou muito animada em poder compartilhar com vocês sobre minha paixão. Quero agradecer também a essas nêgas maravilhosas por me servirem de inspiração para alcançar um grande objetivo, que foi estar totalmente natural e orgulhosa do meu black.

  Essa maquiagem é super usável em qualquer hora e momento que vocês quiserem. Delineador, na minha opinião, sempre vai bem, e com prática todas conseguem fazer um delineado fácil. Só não usaria o puxadinho tão para o canto interno do olho, mas para quem gosta, fica a dica.




  Um produto super legal é o L'oréal Infallibre, um duo que vem com dois bastões. Um é a cor do produto (passei apenas esse) e o outro é lip balm. É muito prático! O Boticário tem um produto com o mesmo conceito, mas ao invés do lip balm está um gloss. Ele nem chega a ser matte ou cremoso.  um efeito meio plástico que ressalta as rachaduras e marquinhas da boca, que no meu caso ficam piores nessa secura de Brasília, mas fora isso achei fácil de ser aplicado e dura mesmo várias horas. Só sai mesmo usando removedor de maquiagem.


L'oréal Infallibre


Make B. Brilho Labial Ultratinted







             








   Bom, espero que gostem e estou aberta para falar sobre qualquer coisa, podem deixar suas ideias!