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MBP TESTOU - KOLENE

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   A maioria de nós já conhece o tradicional Kolene, muito usado pelas crespas e cacheadas. Deixei de usar a muito tempo, já estava enjoada do cheiro do Kolene tradicional! Passei bastante tempo com os cabelos alisados e agora com cachos resolvi testar.
    O Kolene está renovado e trouxe novas versões, vale a pena testar! A consistência é leve, tem cheiro suave e gostoso, o cabelo fica macio e hidratado, desembaraça os fios e é super baratinho, cerca de R$ 3,95 com 300ml.* 
    Então testamos os Kolenes de Manga + Colágeno e o Kolene Oliva + Tutano Vegetal. Todos anti frizz e possuem Biokeratin que hidrata, fortifica e dá brilho!


Kolene Manga + Colágeno: 
      É para cabelos secos e quebradiços, nutrindo e restaurando. O que diz a embalagem: "A exclusiva fórmula do creme para pentear Kolene Manga + Colágeno, combina os ativos essenciais da manga com o complexo de colágeno e elastina. Deixando os cabelos macios, sedosos e brilhantes, hidratando, restaurando e nutrindo os fios."

Kolene Oliva + Tutano Vegetal: 
    É para cabelos cacheados e crespos, define, hidrata, nutre e revitaliza controlando os cachos. O que diz a embalagem: "A exclusiva fórmula do creme de pentear Kolene Oliva + Tutano Vegetal alia as qualidades dos ativos essenciais de oliva que hidratam, definem e dão brilho aos cachos, com Tutano vegetal, excelente restaurador, que fortalece os fios, deixando os cabelos mais flexíveis, resistentes e revitalizados."
      Testamos e aprovamos, vamos experimentar também?

*Preços referentes à Cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

COISA NOSSA - CRONOGRAMA CAPILAR

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   Desde o momento que assumi os meus cabelos crespos assumi também a responsabilidade de tratá-los com dedicação. A busca por um bom xampu e condicionador, uma boa máscara de hidratação ou um bom finalizador será eterna para nós que amamos nosso blacks! Com isso, comecei no ano passado a fazer, quando percebo que meu cabelo está danificado, um cronograma capilarNo meu caso, elejo um mês de tratamento intensivo com hidratações duas vezes por semana, uma nutrição semanal e uma reconstrução quinzenal. Esse cronograma devolve o brilho e a força que precisamos para sacudir a nossa cabeleira saudável por aí. Vou dividir com vocês os produtos que eu uso no meu cronograma, as minhas impressões que eu espero ser útil para vocês. Vamos lá!

- Hidratação
Hidratar é dar água aos cabelos. E, como água é vida, essa etapa do cronograma capilar é muito importante. Após lavar os cabelos com xampu, aplicar a máscara de hidratação e deixar agir conforme orientação do produto utilizado. Eu tenho duas máscaras que são as minhas queridinhas para essa etapa do cronograma. A primeira é a CliniHair da Niely Gold – Reparação Absoluta. Essa máscara é incrível! Ela vem em um pote de 800g, tem um cheirinho super gostoso e custa em média R$14. Ela hidrata muito bem o cabelo em apenas 10 min. Ela promete (e cumpre!) recuperação dos fios danificados, maciez, saúde e brilho. Você acha essa preciosidade em farmácias e supermercados. A minha outra preferida é a Máscara Hidratante Nutri Cachos da Bioextratus. Ela tem em sua composição colágeno, Aloé Vera e D’Pantenol (tudo que nossos cabelos adoram!). Tem um cheirinho bom, e ao aplicar essa máscara nos cabelos, você sente a hidratação imediatamente. Você pode achar essa máscara em lojas de produtos de cabelos e ela custa em média R$15. (No Rio de Janeiro)

- Nutrição
Nutrir é a repor lipídeos em nosso cabelo. Os lipídeos são importantes para que os cabelos não quebrem. Deixam os nossos cabelos mais fortes e resistentes. O creme de nutrição que eu uso no meu cronograma é da Avon- Maroccan Argan Oil da linha Advance Techniques. Quem já usou algum produto dessa linha sabe o quanto os produtos são bons. Essa máscara de nutrição é bem consistente, cheirosa e nutre nossos cabelos por um preço honesto (custa em média R$12).

- Reconstrução
Reconstruir é reparar profundamente a fibra capilar que está desvitalizada. Ela finaliza o processo de hidratação e nutrição deixando o cabelo forte e cheio de vida. Como a reconstrução é um processo que age profundamente é recomendável a aplicação quinzenalmente ou até mensalmente dependendo da condição do seu cabelo. Muita reconstrução pode ser prejudicial ao seu fio!!! A máscara reparadora que eu tenho, foi um investimento que eu não me arrependo de ter feito. De fato ela é uma máscara cara, mas que vale cada centavo pelo benefício que ela traz aos meus fios. É a Absolut Repair da L’oreal Professional. Ela custa em média, aqui no Brasil, R$155 o pode de 500g. Tem um cheiro suave, tem a consistência de uma manteiga e com um pouco de produto aplicado somente no comprimento dos cabelos, você sente seu cabelo mais forte e nutrido.



PÓS-FOLIA MBP - INSPIRAÇÃO

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Chegamos ao fim de mais um Especial MBP. Um especial feito para que não deixássemos que a folia ficasse descontextualizada em nossas vidas. Tudo tem uma razão para acontecer. Precisamos dar sentido a tudo que vemos por aí, para não ficarmos perdidos no mundo.

Vamos contextualizar mais um pouco da folia?

Já chegamos ao mês de março, e o carnaval já aconteceu há um mês, por que continuar falando deste tema? Este último post é proposital. Este é o mês conhecido como o mês para homenagear a mulher e o tema abordado hoje é a mulher negra em um dos momentos mais marcantes do carnaval carioca de 2013. Acertou quem pensou no Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca. Tanto o enredo quanto a tão falada Comissão de frente foram o motor para dar o título de Campeã do Grupo de Acesso. Você pode conferir no site deles tudo o que fala enredo, qual era a intenção do compositor e no que estava pautado o carnavalesco para levar um carnaval tão bonito à Avenida. Desde o culto à fertilidade na comissão de frente, o primeiro casal de Mestre sala e Porta-bandeira vestidos de Oráculo até a bateria com suas bossas afro e sua fantasia de Guerreiros da Rainha Jinga. Ali podemos enxergar nossas raízes, nossa forma de contar o mundo, a mitologia dos antepassados do homem negro, da mulher negra, dos meus antepassados. Cada povo tem uma forma de contar sua história, existem mitologias romanas, gregas, porque não africanas? É com esse olhar doce e estudioso que vejo como nosso povo é rico ao contar histórias, como é importante o papel de nossos Griots (contadores de histórias). É com esse Conheci Tiye, Makeda, Nzinga, na verdade eu apenas reconheci. Diga que não conhece uma negra poderosa que luta pelos seus semelhantes, diga que não conhece uma negra sábia, diga que não conhece uma verdadeira Rainha de Sabah? Somos ao mesmo tempo todas elas, carregamos em nós esse poder de lutar pelas coisas certas, de proteger nosso povo. Todas lindas e poderosas. Temos uma história muito rica.





MBP TESTOU: L´ESSENZIALE NOUVELLE - PLÁSTICA AMACIANTE

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     O que mais me chamou a atenção nele foi poder usá-lo com ou sem enxágue. Tudo que nós crespas precisamos!
    Um produto muito bom, cheiroso e bem consistente. Desembaraça os fios com facilidade, os cachinhos ficam brilhosos, comportados e bem definidos. Ele tem função amaciante, hidratante e nutritiva, pois contém em sua fórmula, tutano, manteigas vegetais, ativos poli funcionais e é indicado para cabelos, crespos, ásperos e ressecados. Contém 1kg. O que diz a embalagem do produto: "Uma plástica amaciante que vai tratar profundamente a rebeldia, aspereza e ressecamento excessivo. Feita a base de silicones e manteigas vegetais (abacate, buriti e cacau), tem poder de nutrição hidratante jamais visto! Seus cabelos se renderão a esse tratamento, tornando-se dóceis, macios, com balanço e brilho sensacionais! Modo de usar: 1 -  Para plástica amaciante: Após a lavagem, retire o excesso de água com uma toalha e aplique IntensiCare Plus Plástica Amaciante. Massageie todo o cabelo e dê uma pausa de 20 min. sem fonte de calor ou 10 min. com touca térmica. 2 – Para tratamento sem enxágue: Aplicar nos cabelos limpos, úmidos ou secos e finalizar como de costume." 
    Vale a pena comprar e testar, Meninas. É um produto barato e fácil de ser encontrado em lojas de produtos para cabeleireiros, perfumaria e até mesmo supermercados. Abaixo uma foto para que vocês visualizem melhor as sugestões de uso, composição do produto e precauções recomendadas:
Clique sobre a imagem para ampliá-la.




AFROCARIOCAS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

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  “Alusivo ao passado, presente e futuro”. É assim que Aristóteles Kandimba descreve AfroCariocas, filme assinado por ele mesmo. "O filme nunca teve como base apenas a experiência de negros do Rio de Janeiro. A ideia foi de fazer algo bem mais amplo e viajar pelo Brasil afora. Queria retornar e explorar um pouco mais da Bahia, de São Paulo, Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Todos esses Estados que visitei anteriormente, bem antes de dar início à gravação do filme, tiveram em mim um grande impacto. A experiência dos afro-brasileiros, nos mesmos Estados que mencionei, é tão importante e fascinante quanto as dos AfroCariocas", conta. No entanto, a maioria das falas apresentadas ganham voz através das vozes de brasileiros, cariocas, filhos de África, e tanto o diretor quanto outros personagens falam da dinâmica do conhecimento das raízes e de como nos vemos através delas.
    O "músico e arte-educador" Antônio Espírito Santo dá início e conta sua história familiar, como descobriu sua matriz e também discute o quanto a maior parte dos negros brasileiros desconhece sua história, dizendo que “há um corte em nossa herança” e é raro conseguirmos maiores informações sobre quem veio antes de nós, quem nos originou. Os discursos dos outros personagens seguem falando de infância, crescimento, relações familiares, fé, racismo, embates diários, história afro-brasileira e vivências que permeiam a vida de indivíduos negros dentro de histórias que se repetem inúmeras vezes.  Entre as lembranças dessas vivências está a aceitação do cabelo crespo, preto, fruto da raiz. Mulheres crespas dialogam sobre o processo de se assumir crespa, enfrentamentos diários, o olhar sobre outras mulheres crespas que não assumem o próprio cabelo, a forma como os homens passam a tratar mulheres que se aceitam crespas, padrões sociais, afirmação, as ligações entre pigmentação e cabelo, educação para identidade repassando exemplos, sendo inspiração pra quem precisa se enxergar em nós.
    Aristóteles Kandimba encerra contando mais profundamente de onde veio, sua ancestralidade. Nas palavras dele, “AfroCariocas é um vínculo de um reencontro jubilante da separação violenta entre uma mãe e seus filhos, entre o continente africano e os negros do Rio de Janeiro”. Isso me faz recordar algo dito por Marcus Garvey: “Um povo sem o conhecimento do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes.” Se não sabemos de onde viemos, consequentemente, não saberemos pra onde ir? Podemos dizer que muito do que ainda vivemos e combatemos está diretamente ligado ao quanto não sabemos sobre nós? Sinto que nos perdemos nessa história, que ela foi retirada de nossas mãos, que nos negaram o domínio sobre ela e o direito de conhecer, entender e absorver cada segundo do que já nos aconteceu, mesmo antes de existirmos. Nesse documentário está também o incentivo para essa busca e encontro. Ele agita os cérebros para ir atrás do saber, individual e coletivo, para questionar a razão de tanta falta de conhecimento sobre a essência que carregamos no sangue, nos traços, na cor e em tudo mais. Vale a reflexão e ainda mais apoiar a ideia. Está acontecendo uma campanha para arrecadação de verbas e toda ajuda e divulgação será necessária e bem-vinda. Basta fazer contato através de kandimbafilms@gmail.com. Abaixo o trailer do filme e algumas fotos. 








CAFÉ, ARTE E CULTURA

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   Sábado, dia 19 de janeiro, aconteceu na Cafeteria Status o evento Hip Hop Brothers que reuniu diversos estilos das danças urbanas na Savassi, Belo Horizonte. 
   Bárbara D’alma, da Equipe de MG e também praticante das danças urbanas, foi ao local registrar crespos naturais, que estão presentes em todos os elementos da cultura hip hop. Tranças, blacks e outros penteados fizeram-se presentes nos dançarinos, na plateia e na organização. Uma explosão de diversidade habitava o local e você pode conferiras fotos!










É A MINHA CARA - ANA GOMES

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  A entrevista da semana é com Ana Gomes. Educadora há anos da rede municipal de ensino, ela nos concedeu a honra de conhecer a Escola Municipal Alberto Rangel na Cidade de Deus, onde atua como coordenadora pedagógica.Atenta às questões étnicas presentes no ambiente escolar, ela nos conta um pouco sobre sua vivência profissional.


MBP: Oi, Ana. Obrigada pela entrevista. Qual é o seu nome todo, onde nasceu e cresceu?
Ana: Meu nome é Ana Cristina Gomes, mas sou mais conhecida como Ana Gomes. Tenho 52 anos. Amanhã faço 53 anos. Nasci no Rio de Janeiro, no Lins. Passei parte da minha infância na Tijuca. Na adolescência me mudei para Jacarepaguá.

MBP: Há quanto tempo você trabalha na rede municipal de ensino?
Ana: Entrei em 1985. Trabalho há 28 anos na rede.

MBP: Há quanto tempo você trabalha aqui na Cidade de Deus?
Ana: Na CDD já trabalhei inúmeras vezes e em várias escolas. Trabalho na CDD desde 1991. Vim pra essa escola em 2004 como coordenadora pedagógica.

MBP: Quais são os desafios em trabalhar em um escola dentro de uma comunidade?
Ana: Todos. Todos os desafios. O grande desafio de trabalhar na comunidade, de trabalhar com adolescentes, é você achar que tem o poder da transformação. Esse poder não está em mim e nem em nenhum de nós, mas o grande desafio é você realizar uma atividade/ação onde aquelas pessoas se sintam fortes e elas consigam trabalhar essa autorregulação e o crescimento da comunidade. Quem sabe o que essa comunidade precisa pra se transformar é a própria comunidade. Se eu não moro nela, acho que o grande desafio é esse: Não achar que está em mim esse poder de chegar e mudar tudo. Nosso papel, como corpo estranho, como dizia Paulo Freire, é de estimular a leitura transformadora, propiciar uma outra leitura de mundo. A partir dessa outra leitura de mundo, a comunidade pensa no que eles vão construir pra eles, para aquela comunidade.

MBP: Qual o número de alunos da escola? Atende qual segmento?
Ana: A escola atende o ensino fundamental II (6º ao 9º ano). Temos 450 e poucos alunos.

MBP: Qual é a etnia predominante dos alunos da sua escola?
Ana: Predominante 80% é de pretos e pardos. Então a gente pode dizer que 80% são negros se a gente utiliza aquele traço do IBGE que negros são pretos e pardos.

MBP: Como você avalia a construção da identidade étnica hoje nos alunos da sua escola e qual é o papel da escola dentro disso?
Ana: Acho que tem algumas coisas. Cidade Deus é uma questão muito especial. São meninos e meninas lindos. Eles possuem uma autoestima e uma consciência de si no que diz respeito ao aspecto físico bastante forte. Os cabelos estão sempre bem cortados e tem sempre uma novidade no cabelo. Eles cortam, fazem uns desenhos.. Os meninos sempre aparecem com novidades aqui..... mais até do que as meninas.

MBP: Por que você acha que as meninas não aparecem com essas novidades no cabelo?
Ana: Ah, porque ainda tem o mito de que tem que alisar, né? Nem sempre alisar dá certo. Muitas mantêm o cabelo relaxado, que é uma coisa bacana, mas manter esse cabelo relaxado envolve determinado custo, bem diferente do menino que vai lá e corta o cabelo e faz um penteado. É diferente de manter um tratamento químico. O tratamento químico para ter um resultado, ele é caro. Muitas ficam nessa dúvida do alisar. A questão mais profunda não é a questão da identidade, é a questão da autoestima. Você sabe que você é negro pela quantidade de melanina e características físicas. A autoestima significa gostar de você da maneira que se é. Esse é o diferencial e é aí também que entra a escola. Você só constrói a autoestima no momento que você devolve pra eles alguns outros valores em relação à história negra, em relação ao papel da população negra na sociedade, devolvendo para os alunos a história, o entendimento de quem foram/são. Todo nosso processo civilizatório é totalmente pautado na sabedoria negra. Assim os  alunos ficam mais fortalecidos...

MBP: Em que medida os professores estão preparados para fazer esse movimento de devolver a história para os alunos com objetivo de fortalecer a autoestima deles?
Ana: Os professores não têm reserva. Sempre que pergunto: vamos trabalhar isso? Vamos trabalhar aquilo? Não existe resistência. Esta escola de uma maneira geral, é bastante receptiva. Meus professores nunca chegaram pra mim e falaram que não entendiam a pertinência de trabalhar esse tema. A gente encontra mais resistência no aluno, tanto por questões da religiosidade, como dá questão da vergonha, o “negro envergonhado”. Por isso é importante falar sobre as discriminações. Se não falamos sobre elas, não colocamos pra fora, elas ficam escondidas e continuam crescendo, crescendo. De maneira geral, a gente não tem muitas dificuldades em falar sobre essas questões.

MBP: Quais são as ações práticas que vocês desenvolvem na escola para fortalecer a  identidade dos alunos?
Ana: A prática é sempre através da Literatura, aumentando nosso acervo relacionado a isso. Ano passado nós fomos presenteados com duas coisas maravilhosas: uma contadora de histórias que só trabalha com essa temática. Nessa ação, envolvemos a escola inteira. Nós tivemos também um oficineiro que nos presenteou com o Wilson Rabello que trabalha com a peça Carolina de Jesus, do lixo ao luxo. Ele veio umas cinco vezes e apresentamos também para escola inteira. Usamos muito nossa sala de leitura. A gente usa o calendário também, pois  é legal para fazer reflexões sobre as datas e trazer a temática da identidade. Por exemplo, o 8 de março. Trabalhamos com a questão da mulher, mas também a questão da mulher negra. Sempre que a gente pode vem alguém fazer um debate, passamos filme. A atividade MAIS PRÁTICA é não relaxar sobre a discussão da identidade.

MBP: Lá fora tem um mural com o Joaquim Barbosa. Qual foi a motivação?
Ana: A motivação foi o 20 de novembro. Teve uma atividade feita na escola, na sala de leitura e a professora trabalhou com a figura do  Joaquim. Isso é legal sobre devolver a história para os alunos, fazemos um movimento de olhar pra trás e pra frente, construindo referências.  Não tem como "passar batido por Joaquim Barbosa". Ela não é ator, não é jogador de futebol e se construiu como trabalhador.

MBP: Mudando de assunto..rs. Há quanto tempo você tem cabelo natural. Como foi essa história?
Ana: Eu sempre fico achando que eu vou fazer os dreads. O tempo inteiro fico achando que vou fazer, pois acho bonito. Acho mulher madura linda de dread ! Pra fazer o dread tem que parar de usar química.

MBP: Você usava química?
AnaFiz relaxamento várias vezes. Então passei a fazer um bem leve, um desses de farmácia. Até que decidi que não queria mais fazer.

MBP: E por que?
Ana: Na verdade é isso: Eu quero fazer os dreads! Meu principal objetivo é esse, fazer os dreads. Eu acho lindo com turbantes... E essa história de que a química me faz muito mal. Eu nem pinto o cabelo, pois tenho uma baixa resistência a ela. Acho bonito também quando você vê seu próprio cabelo.

MBP: O que você acha que poderia ser feito, de forma prática, para incentivar as meninas a terem o cabelo natural? Para deixar elas mais confiantes?
Ana: De verdade, eu não sei. Você esbarra com todo um olhar da sociedade, com toda uma referência de beleza na qual a mulher negra está pouco incluída. A gente começa a estar um pouco mais incluída nesse padrão de beleza, mas a mulher negra ainda está pouco inserida. Ainda se usa a química e principalmente o alisamento do cabelo para ter mais status. Ainda é preciso trabalhar a autoestima. Talvez se a gente fizesse umas oficinas de beleza para cabelos crespos. Por que quando algumas oficinas de beleza vêm para escola, as oficinas vêm com a proposta da transformação, de alisamento.

MBP: Existe isso, oficinas de beleza na escola?
Ana: Sim, algumas empresas oferecem pra comunidade.

MBP: Pra finalizar Ana, o que significa ter cabelo crespo pra você?
Ana: Ah...Ter cabelo crespo é bom. É muito bom. Bom mesmo.

Veja mais sobre a escola em: Escola Municipal Alberto Rangel



DICAS DE PRODUTOS PARA OS NOSSOS CRESPINHOS

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por Grupo de Trabalho Moda e Beleza
Foto: Lulu e Lili Acessórios | Modelo: Elis Cantanhede

     Quando eu era pequena, lembro muito bem da dificuldade da minha mãe em conseguir produtos para o meu cabelo. Naquela época, meados dos anos 80, o mercado não tinha interesse em cabelos crespos. Você tinha poucas opções e algumas delas eram: cortar Joãozinho, alisar (pente quente, henê) ou deixar preso. Bom, a minha mãe escolheu deixar Joãozinho. Eu me lembro até hoje o constrangimento de ser confundida com um menino. Mas hoje os tempos mudaram e temos muita coisa boa e baratinha para as nossas crianças. Aqui vão algumas dicas dos mais vendidos no Brasil:


Johnson’s Crescidinhos, Cabelos Cacheados:

   Para completar o tratamento para os cabelos cacheados da criança que está crescendo, o condicionador contém agentes hidratantes que cuidam dos cachinhos, deixando-os macios, fáceis de pentear e sob controle. A fórmula é consistente, não escorrega das mãos, é fácil de espalhar e enxaguar e evita desperdícios. Com a fórmula "Chega de Nós", o produto facilita na hora de pentear. Possui também a exclusiva fórmula "Chega de Lágrimas", clinicamente testada para não irritar os olhos dos crescidinhos. Indicação: 2 anos.


Philasia, Trá Lá Lá Kids, Redutor de Volume:

   Xampu, condicionador e creme para pentear com fragrância frutada que auxilia no tratamento diário dos cabelos reduzindo o volume e definindo os cachos. Preços sugeridos: R$ 5,40, R$ 6,40, R$ 4,00.




Avora Kids, Cacheados:

   Para crianças de 3 a 10 anos, possui formulação suave com Complexo de Cereais, que hidratam e protegem os fios e proteínas derivadas do leite para nutrir e desembaraçar, deixando os cachinhos definidos e fáceis de pentear. Preço sugerido: R$9,50 (200ml).



Acqua Kids Frutas, Nazca:

    Com cheirinho de mamão Papaya e fórmula biodegradável, para cacheados. A empresa também lançou recentemente a linha Naturals Erva doce com hortelã ou mel e girassol, ambos com ativos orgânicos. Preços sugeridos: R$ 5,80 o xampu e R$ 6,10 o condicionador.

Naturé Tóin óin óin, Natura: 

    "É uma homenagem de Natura Naturé às molinhas do cabelo. Podem ser molinhas pequenininhas, maiorzinhas ou bem grandinhas. Tóin óin óin é um shampoo que limpa todas elas com suavidade, deixando os fios muito macios". Preço sugerido: R$14,00.



Turma da Xuxinha, Xampu:

     Dermatologicamente testado. Controla o volume. Foi elaborado com  ingredientes suaves e hidratantes que proporcionam uma limpeza eficiente e ajudam a controlar o volume dos cachinhos. Deixa os cabelos cheirosos, macios e com um ondulado natural. R$ 4,00


    Lembrando que o uso frequente de gel não é aconselhado porque pode ressecar os fios. Os fios cacheados já têm uma forte tendência ao ressecamento, o que pode piorar com o uso frequente de gel. O ideal é usar um leave in específico para cabelos cacheados. Esse produto ajuda na definição dos cachos. E nada mais barato e fácil que o nosso bom e famoso gel de linhaça.

Fontes: 

CRÓNICAS DE CHOCOLATE

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   Bem-vindos a minha primeira… bem, na falta de melhor palavra, posso dizer mesmo crónica. Antes tudo, gostaria de esclarecer que eu não sou brasileira, mas sou luso-cabo-verdiana, ou seja, nasci e vivi em Cabo Verde, mas vivo agora em Portugal. Tenho as duas nacionalidades. Espero que o português que uso não seja difícil de compreender.
  Escolhi dar o nome "Crónicas de Chocolate" não só porque este blog trata da nossa africanidade, também porque o castanho é uma das minhas cores favoritas, é o tom da minha pele e também porque adoro chocolate. A sério. Adoro.
 Para começar vamos fazer um pequeno contexto da história entre Portugal e África, okay? Bom, para quem não sabe Portugal teve colónias em África, América do Sul e na Ásia. Em África foram colónias, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. A colonização portuguesa em África começou no seculo XIV, na conquista de Ceuta em 1415, mas a verdadeira colonização começou no século XV. O fim da colonização portuguesa e independência das colónias africanas começou com o fim da ditadura, em 1974 com a Guiné Bissau, e acabou em 1975 quando Cabo Verde, São Tomé, Moçambique e Angola obtiveram independência. Devido presença portuguesa em território africano, há muitos africanos em Portugal. Durante muitos anos a comunidade cabo verdiana tinha o maior número em Portugal, recentemente foi ultrapassada pela comunidade brasileira.
    Enfim, tudo isto para dizer que em Portugal há muita influência africana. Quer seja na música, na comida, jeito de falar ou até mesmo na roupa. África faz parte de Portugal, há ainda imensos portugueses nas antigas colónias e há ainda mais africanos em terras lusas. Por mais que brigadas nacionalistas, extremistas, patriotas, neo nazistas (sim, porque temos alguns por aqui também) tentem inverter a situação, será praticamente impossível tirar África de Portugal e Portugal de África.
   Nesta pequena crónica semanal vou explicar o que é ser Africana em Portugal, tanto na moda, como nos cabelos, convivências, relações e peripécias. Vou tentar explicar-vos, mais ou menos, o que é ter 22 anos, ser africana, ter um cabelo para cuidar e estar em Portugal. Contar histórias, pequenos eventos, conversas e quem sabe até entrevistas. Vou dar a minha opinião e os meus pontos de vista, não espero que concordem sempre, nem espero que estejamos sempre em polémicas, mas sim que consigamos um debate saudável e educativo.
   Vou escrever sempre que possível e espero que gostem do que aqui aparecer. Beijinhos e comam muitos chocolates. 



NOTA DE REPÚDIO AO RACISMO DA CADIVEU

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A Cadiveu é uma empresa de cosméticos que recentemente fez uma ação de marketing desastrada e racista que consistiu em fotografar alguns clientes com uma peruca black power e um aviso nas mãos dizendo “eu preciso de cadiveu”. Após muitas queixas, a empresa se pronunciou, porém sem assumir o teor racista e agressivo da campanha.
Quando esse tipo de “polêmica” acontece (o que para mim é claramente uma injúria racial) muitos de nós ofendidos e discriminados ficamos confinados às caixinhas de comentários, tendo que provar por A+B que foi racismo. Ou tendo de ouvir mais comentários racistas daqueles que, geralmente brancos, não viram nada de mais.
Dessa vez, para mostrar que a propaganda da Cadiveu foi muito mais que humor ou brincadeira mas sim uma manifestação de racismo evidente, viemos nos manifestar por meio de uma nota de repúdio assinada por diversos coletivos e indivíduos. Sentimos o dever de publicá-la aqui. Fiquem muito à vontade para compartilhar e assinar também.

Nota de repúdio ao racismo da Cadiveu

Não é fenômeno atual o fato de que o fenótipo de pessoas negras é adjetivado como ‘ruim’; conforme ensaio de G.K. Hunter (“Othello and color prejudice”, 1978, p.41), na literatura religiosa, nos romances medievais e na tradição pictórica, todos os demônios, pagãos, maus espíritos, mouros e turcos eram negros.
Dito fenômeno se acentuou por ocasião da escravidão de negros africanos; conforme ensinou Octave Mannoni, em “Próspero e Caliban”, as diferenças entre os seres humanos foi usada pelo colonizador como um instrumento de dominação, pois ele, além de não perceber o mundo do colonizado como um mundo a ser respeitado, ainda buscava satisfação psicológica na imposição de seus próprios valores e tradições como ‘algo superior’.
Essa dominação se deu, no caso dos escravos africanos, com uma total repressão a tudo que se referisse ao povo africano: seus valores, deuses, tradições e fenótipo. A palavra diáspora refere-se a um trauma coletivo de um povo que, banido de sua terra e vivendo em um lugar inóspito, sente-se como que desenraizado de sua cultura e de seu lar. Esse trauma leva muitas pessoas negras a, buscando a aceitação do dominador, negar sua própria afrodescendência ao buscar a adequação de seus corpos (e cabelos) aos padrões eurocêntricos impostos.
Mesmo após passados anos da abolição da escravatura, essa desvalorização da pessoa negra, de sua cultura e valores se perpetua através de outros meios, como a demonização das religiões de matriz africana, a qualificação pejorativa do fenótipo negro e o tratamento de pessoas negras como que inferiores, com o uso de linguajar infantil que reflete exatamente esse sentimento de superioridade de quem o adota.
Recentemente a marca de produtos cosméticos ‘Cadiveu Brasil’ publicou em sua página do Facebook um álbum onde foi retratada uma campanha que perpetuava o racismo, por meio de qualificação pejorativa do cabelo de pessoas negras. Dito álbum mostrava pessoas colocando uma peruca que lembrava o cabelo ‘black’ e segurando uma placa com os dizeres ‘eu preciso de cadiveu’ (numa clara alusão à idéia de que o cabelo crespo, para se tornar apresentável/aceitável, precisava de um cosmético).
O coletivo ‘Mulheres Black Power’ foi o primeiro a se manifestar contrariamente a esse preconceito velado, disfarçado de ‘padrões de beleza’ eurocêntricos e racistas; e vários outros coletivos e usuários da rede manifestaram repúdio à dita conduta.
No lugar de apresentar uma retratação digna, a referida marca respondeu no Facebook dizendo que era ‘apenas uma brincadeira’, ‘que a campanha tinha sido um grande sucesso’, ‘que tinham uma modelo negra que assumia o cabelo black’, entre outras coisas.
Referida resposta nem de longe constitui a postura que se espera de uma empresa séria que diz respeitar a diversidade e suas consumidores’ ; reflete, na verdade, uma visão alienada de que sob a desculpa do ‘humor’tudo pode ser feito, que ter uma modelo negra os autorizaria a vilipendiar o fenótipo negro, que um grande sucesso numa campanha constituiria motivo suficiente para a manutenção desta campanha, independentemente de seu conteúdo.
Seguiram-se novas manifestações de usuários e nova manifestação da marca, que desta vez optou por usar um linguajar infantilizado, apelo à emoção e reiteração do racismo com a alusão à ‘raça pura’ e a proposta de fazer um vídeo com ‘meninas que valorizem os cachos’.
Entendemos que um simples vídeo sem que antes dele venha uma retratação pública não resolverá a crise estabelecida. É preciso que a marca tome outras medidas para demonstrar seu compromisso com o combate ao racismo, pois esse problema não é algo individual, mas coletivo, que infecta todos os padrões sociais.
Enquanto o racismo declarado constitui crime, o velado (em forma de padrões de beleza e humor, por exemplo) continua firme e forte, afetando crianças, jovens e adultos que são marginalizados e ridicularizados. Marcas de produtos e pessoas podem perpetuar o racismo, ainda que de forma inconsciente, motivo pelo qual é preciso conscientizar e educar toda a sociedade contra esses tipos de racismo como parte do combate ao problema. Fazer isso é decência básica humana.
Por este motivo, os coletivos que assinam a presente, resolveram apresentar esta nota de repúdio e uma proposta de retratação eficaz:
a) Indisponibilizar o álbum com a campanha que originou a crise (o que foi feito espontaneamente pela Cadiveu), b) Apresentar texto onde se reconheça que qualificar ou insinuar que o cabelo crespo é algo ruim e precisa de um produto para ser melhorado constitui racismo velado e se desculpar pela perpetuação do racismo, ainda que essa perpetuação não tenha sido feita de forma consciente. c) Desculpar-se por ter usado, em suas respostas, palavras como ‘raça pura’ , o apelo à emoção e a linguagem infantilizada (que revela uma visão de superioridade em relação às pessoas que reclamaram). d) Comprometer-se na luta contra o racismo, fazendo campanha nos moldes da adotada pela DKT com o caso dos preservativos ‘Prudence’.
Assinam o presente os coletivos,