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MANTENHA A HIDRATAÇÃO MESMO USANDO PRODUTOS COM SULFATO

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por Élida Aquino

Foto: @sylviagphoto
      Já está comprovado que cada cabelo existe do seu próprio jeito. Apesar de sabermos das desvantagens dos "proibidos", como os que contém sulfato ou parabeno, por exemplo, não podemos ignorar que para muitas crespas ou cacheadas é possível levar uma rotina capilar saudável incluindo esses produtos. 
     Importante dizer: em termos técnicos* o Lauril éter sulfato de sódio é um ingrediente de limpeza adicionado aos shampoos e condicionadores, desengordurante eficaz e o responsável pelas bolhas de sabão que vemos. É exatamente por eliminar com tanta intensidade a oleosidade que se torna prejudicial aos fios crespos e cacheados, já carentes de hidratação natural. Apesar desse currículo, sentir-se confortável com algum produto que contenha sulfato não deve ser motivo de pânico. Abaixo vão algumas dicas básicas e úteis para preservar sua hidratação.

1 – Invista no pré-poo
Velho conhecido de Meninas Black Power! Se vocês estão partindo pro ritual de lavar o cabelo, adicionem mais uns minutinhos e façam algum tratamento antes da aplicação do shampoo. São boas opções aplicar óleos vegetais, manteigas ou fazer misturinhas a partir da noite anterior ou até 30 minutos antes de lavar. Além de começar a promover a hidratação, esse tipo de tratamento reforça a proteção dos fios e dificulta algum ressecamento que possa ser trazido pelo uso do shampoo.

2 – Usem óleos
Apliquem bons óleos depois do shampoo. Turbinar o brilho, selar a hidratação e facilitar na hora de pentear são efeitos desse cuidado. Escolham algum óleo que o cabelo goste, aplique, enxágue rapidamente e continue para o seu tratamento ou condicionador.

Foto: @sylviagphoto
3 – Hidratação power!
Tentem fazer tratamentos de hidratação intensa nos dias em que lavar com shampoo, ainda com as cutículas abertas e prontas para receber todos os benefícios. Usem máscaras puras ou misturinhas, permita a ação por um tempo razoável sobre os fios. Usar touca térmica e outros aparelhos semelhantes ajuda a potencializar esses efeitos.

4 – Método LOC
A forma de finalizar também é importante e o LOC pode ajudar na missão de reter a hidratação que os tratamentos trouxeram. Pra quem não conhece, o método LOC consiste em aplicar Líquido, Óleo e Creme, exatamente nessa sequência, formando camadas. 


       Não esqueçam que essas dicas são baseadas em uma observação geral de como crespos e cacheados se comportam, ok? Sem generalizar. Testem com carinho, respeitando o que o cabelo sinaliza. Não esqueçam de contar aqui se vocês usam produtos com sulfato e as experiências! Será um prazer saber sobre o que rola nas cabeleiras por aí. Beijos! 
Fontes: Black Hair Information | Wikipedia

#FALANDODETRANSIÇÃO: DA QUÍMICA AO NATURAL EM 7 PASSOS

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por Élida Aquino

Foto: Nate White
      Usei relaxante a maior parte do tempo em que apliquei químicas. Dos três aos dezoito anos, basicamente. Eu sei, é um passo enorme entrar em transição se seu cabelo é religiosamente quimicado a cada dois ou três meses. Você vê um pouco de raiz crescida e pensa automaticamente que "é hora de fazer o cabelo"; nota a raiz bem maior, congela diante do volume natural, acha que não tem jeito pra "esse cabelo" e a primeira vontade que vem é a de relaxar ou alisar ou qualquer coisa que mude o quadro; resiste, se vira, mas quando dá de cara com a diferença gritante entre as texturas e o medo de perder seu amado comprimento, correr pra química mais próxima parece a primeira opção. Te entendo. Foi assim comigo. Até desisti da transição e comecei com "sustinhos", só para "abrir os cachos". Depois de entender meus motivos para romper com tudo isso e perceber que minha textura natural era idêntica à textura com química, consegui completar o ciclo. Mesmo não sendo simples e pedindo uma nova forma de pensar você como um todo, deixar procedimentos químicos não é uma missão impossível e existem opções que tornam a caminhada mais leve. Esse post é uma mistura das minhas experiências pessoais e coisas que li. Bom ressaltar: não é um ataque a quem usa química, ok? A ideia é auxiliar quem opta pelo natural.
      Bem, existem duas opções básicas para ir da química ao natural: a transição, fazendo cortes eventuais (ou não) enquanto o cabelo natural cresce; o Big Chop, quando toda a química é retirada de vez com o corte, independente do comprimento do cabelo natural. Qual a melhor? Você decide! Não há um jeito certo e o que importa é como você se sente mais confortável, também como seu cabelo estará durante e ao fim do processo. É importante saber que a transição apresenta desafios além dos que citei acima: você pode lidar com pontas duplas, diferença de texturas, talvez quebra entre a parte com química e a natural, etc. Não desista. 

Mais sobre transição:
Você já entendeu que é uma maneira de evitar aquele corte radical e que o processo é eliminam a química enquanto seu cabelo natural cresce, apenas aparando a parte que tem química, certo? Leva um tempo e pede paciência, mas para muitas vale a pena esperar ao invés de sofrer com o corte. Aparar não é obrigatório, mas ajuda a manter a quebra sobre controle e dá ao cabelo uma aparência mais saudável.

Prós da transição:
1. Você tem tempo para aprender bastante sobre as características particulares do seu cabelo.
2. Se você não curte o cabelo curto, pode evitar o desconforto enquanto espera o crescimento do seu cabelo.
3. Durante a transição você pode aperfeiçoar suas habilidades no cuidado com seu cabelo, praticar vários penteados e etc.

Contras da transição:
1. Seu cabelo muito provavelmente vai apresentar texturas diferentes e em alguns momentos esse fator pode ser bastante incômodo. A dica é texturizar com técnicas como twists, dedoliss, bantu knots, flexi rods e por aí vai.
2. Como já disse, o processo de transição leva mais tempo do que partir logo pro BC. 


Foto: Nate White
Agora vamos aos 7 passos práticos que vão te ajudar nesse período?
PASSO 1 - Mantenha seu cabelo hidratado
A maior luta na transição é impedir/controlar a quebra causada pelo ressecamento, danos que o uso de química trouxe... Faça o que puder para manter o cabelo hidratado, estabeleça uma rotina de cuidados saudável e regular (não vire alok do cabelo, viciada em tratamentos, por favor!). 
Olha a dica:
1. Usar óleos vegetais puros como óleo de coco ou azeite extra à noite, antes de dormir. Aplique por mechas, enluve, faça twist ou coquinho ao final (é só uma sugestão, mas vale a pena fazer pra manter a organização dos fios e até reter o produto aplicado). Isso ajuda na reposição de nutrientes que fortalecerão a linha que divide a parte natural e a com química no fio.
2. Antes de aplicar o shampoo, aplique um pouco de condicionador antes, faça umectação usando óleos vegetais (os mesmos procedimentos da dica anterior) ou prepare uma misturinha (pré-poo, como nessa sugestão aqui). Ajuda a proteger os fios das agressões que shampoos promovem. Enquanto limpam, levam a oleosidade boa junto com a sujeira.
3. Escolha bem seu shampoo e prefira os que são sem sulfato, mais hidratantes e etc. Indico o Ox Plants Hidratante (com sulfato, mas achei super suave e uso frequentemente) e Makeda Shampoo Nutritivo*. 

PASSO 2 – Faça tratamentos profundos
Use máscaras e misturinhas mais elaboradas. É legal pensar até em um cronograma simples para organizar seus cuidados de nutrição, hidratação e etc. (só não vire a aficionada por tratamentos!). Tente fazer um tratamento profundo uma vez a cada 7 dias em sua casa ou, se puder, procure um profissional que entenda sua necessidade e faça tratamentos eficazes.
Olha a dica:
1. Use maionese. Sim! Pode parecer estranho, mas ela é excelente na tarefa de promover hidratação (e vale como pré-poo também!). Vocês vão vê-la entre as indicadas entre os tratamentos com proteína. Aplique pura, misturada com uma boa máscara ou óleo vegetal, por exemplo. Deixe agir por cerca de 30 minutos, enxague, condicione. Um bom tutorial aqui.

PASSO 3 – Evite aplicações de calor
É tentador usar chapinha, escova e por aí vai. Muitas fazem e estão indo bem, mas uma ideia coerente é não aplicar tanto calor nos fios. Essas ferramentas são bem agressivas e podem acelerar a quebra na linha de divisão, onde o fio está mais frágil. Durante a transição evite o uso, e, se necessário, tente usar só uma vez por semana, no máximo. Se você precisa muito e não tem jeito de não usar, reforce ainda mais os tratamentos e vá com cuidado e carinho, tanto na sua linha de divisão quanto sobre sua parte natural que está em crescimento.

PASSO 4 – Modere a lavagem
Isso complementa o cuidado com a hidratação. Lavar o cabelo com muita frequência impede que ele aproveite a oleosidade natural e benéfica. Limite a quantidade de lavagens. Tente lavar uma vez por semana, por exemplo. Assim há tempo suficiente para a oleosidade natural revestir os fios.
Olha a dica:
1. Se liga no co-wash! Essa técnica pode substituir a lavagem total ou parcialmente (aí você entra no mundo do low ou no poo). A ideia é usar o condicionador com composição liberada, que possui agentes de limpeza, no lugar do shampoo. Saiba mais aqui

PASSO 5 – Alimentação balanceada ajuda
A manutenção de vitaminas e minerais é importante para a saúde em geral e faz diferença na saúde dos fios. Verifique se seus níveis de vitamina D e vitamina A estão em dia, consulte uma/um especialista e pratique um estilo de vida. Procure saber sobre o uso de suplementos vitamínicos também. Eles podem fortalecer e até acelerar o crescimento. 

PASSO 6 – Evite produtos químicos
Embora possa parecer um conselho óbvio, tente ficar longe de permanentes, relaxantes e afins no período de transição. Além disso, evite tinturas e descolorantes, já que também causam danos significativos. Busque sempre alternativas o mais naturais possíveis.

PASSO 7 – Inspire-se, liberte-se e divirta-se
Observar casos que deram certo, Meninas que conseguem criar com o próprio cabelo e trocar ideias sobre o assunto, ajuda bastante e te deixa mais segura. Aproveite o momento, toque seu cabelo, teste produtos e penteados, novos acessórios, pergunte bastante. A maioria de nós cresce sem saber como o cabelo se comporta e como ele pode ser maravilhoso (contrariando o que sempre disseram sobre ele). Esse é o seu momento! Se descubra. Com certeza saber seu cabelo abrirá portas muito maiores nesse universo de possibilidades que você é.

PASSO BÔNUS – Não ligue pra quem não pode ajudar
Opiniões negativas disfarçadas de "sugestões" ou conselhos amigáveis vão surgir. Muita gente vai querer saber se você está em depressão, o motivo de "não se cuidar mais" ou suas razões para assumir "esse cabelo". Vão dizer que o liso combina mais com seu rosto ou que preferem te ver desse ou daquele jeito. Lembra do passo anterior? LIBERTE-SE. Inclusive da necessidade da aprovação de outras pessoas. Esteja e caminhe segura. Você decide o que fazer com seu corpo e ninguém pode ter maior poder sobre você mesma. 

É isso aí, Menina! Espero que essas ideias te ajudem. Se quiser compartilhar dúvidas, experiências e dicas também, fique à vontade. Beijos!
* Não é publieditorial.
** Fonte: BlackHairOMG

DICAS DE PRODUTOS PARA OS NOSSOS CRESPINHOS

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por Grupo de Trabalho Moda e Beleza
Foto: Lulu e Lili Acessórios | Modelo: Elis Cantanhede

     Quando eu era pequena, lembro muito bem da dificuldade da minha mãe em conseguir produtos para o meu cabelo. Naquela época, meados dos anos 80, o mercado não tinha interesse em cabelos crespos. Você tinha poucas opções e algumas delas eram: cortar Joãozinho, alisar (pente quente, henê) ou deixar preso. Bom, a minha mãe escolheu deixar Joãozinho. Eu me lembro até hoje o constrangimento de ser confundida com um menino. Mas hoje os tempos mudaram e temos muita coisa boa e baratinha para as nossas crianças. Aqui vão algumas dicas dos mais vendidos no Brasil:


Johnson’s Crescidinhos, Cabelos Cacheados:

   Para completar o tratamento para os cabelos cacheados da criança que está crescendo, o condicionador contém agentes hidratantes que cuidam dos cachinhos, deixando-os macios, fáceis de pentear e sob controle. A fórmula é consistente, não escorrega das mãos, é fácil de espalhar e enxaguar e evita desperdícios. Com a fórmula "Chega de Nós", o produto facilita na hora de pentear. Possui também a exclusiva fórmula "Chega de Lágrimas", clinicamente testada para não irritar os olhos dos crescidinhos. Indicação: 2 anos.


Philasia, Trá Lá Lá Kids, Redutor de Volume:

   Xampu, condicionador e creme para pentear com fragrância frutada que auxilia no tratamento diário dos cabelos reduzindo o volume e definindo os cachos. Preços sugeridos: R$ 5,40, R$ 6,40, R$ 4,00.




Avora Kids, Cacheados:

   Para crianças de 3 a 10 anos, possui formulação suave com Complexo de Cereais, que hidratam e protegem os fios e proteínas derivadas do leite para nutrir e desembaraçar, deixando os cachinhos definidos e fáceis de pentear. Preço sugerido: R$9,50 (200ml).



Acqua Kids Frutas, Nazca:

    Com cheirinho de mamão Papaya e fórmula biodegradável, para cacheados. A empresa também lançou recentemente a linha Naturals Erva doce com hortelã ou mel e girassol, ambos com ativos orgânicos. Preços sugeridos: R$ 5,80 o xampu e R$ 6,10 o condicionador.

Naturé Tóin óin óin, Natura: 

    "É uma homenagem de Natura Naturé às molinhas do cabelo. Podem ser molinhas pequenininhas, maiorzinhas ou bem grandinhas. Tóin óin óin é um shampoo que limpa todas elas com suavidade, deixando os fios muito macios". Preço sugerido: R$14,00.



Turma da Xuxinha, Xampu:

     Dermatologicamente testado. Controla o volume. Foi elaborado com  ingredientes suaves e hidratantes que proporcionam uma limpeza eficiente e ajudam a controlar o volume dos cachinhos. Deixa os cabelos cheirosos, macios e com um ondulado natural. R$ 4,00


    Lembrando que o uso frequente de gel não é aconselhado porque pode ressecar os fios. Os fios cacheados já têm uma forte tendência ao ressecamento, o que pode piorar com o uso frequente de gel. O ideal é usar um leave in específico para cabelos cacheados. Esse produto ajuda na definição dos cachos. E nada mais barato e fácil que o nosso bom e famoso gel de linhaça.

Fontes: 

O CRESPO TEM PODER?

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"Eu vou mudar o mundo."
   Sempre penso na melhor forma de falar sobre um assunto sem polemizar, atacar ou ofender quem quer que seja. Mas não é raro ver sites, blogs e páginas do Facebook que, por ignorância ou má fé, ofendem generalizadamente qualquer leitor minimamente crítico. O que eu penso sobre qualquer coisa não pode ser ofensivo, e se for, preciso rever meu pensamento, pois do contrário, qualquer diálogo fica inviabilizado. Mas deixe-me ir ao meu assunto de uma vez: O cabelão crespo, cheio, pra cima, é poderoso? É lindo? Para ostentá-lo e exibi-lo com orgulho, é preciso conseguir ver a história que ele carrega, e mais, a História que ele representa.
  Falar dele (do cabelão!) acaba nos levando a assuntos que são obrigatoriamente polêmicos. Cabelo crespo faz pensar em negritude, que faz pensar em racismo, que faz pensar em ações afirmativas, cotas... um assunto puxa o outro, não necessariamente nesta ordem, mas todos acabam surgindo e precisam ser debatidos. Mas precisamos fazê-lo com propriedade, lendo sobre os assuntos, pensando coletivo. Não podemos pensar que nossa opinião, baseada apenas na nossa experiência individual, é capaz de dar conta de assuntos tão complexos. Temos que agregar o pensamento do outro, sair da zona de conforto e nos colocar no lugar do outro.
   Não é novidade que a população pobre é em sua maioria negra, e que podemos atribuir esse fato à escravidão. Mas onde muitos veem derrota, eu vejo poder, vejo luta. Quando nossa querida princesa Isabel assinou a lei Áurea, não o fez por bondade ou caridade como insistem em narrar, mas por pressão. 95% dos descendentes de africanos já eram livres na Corte Imperial, e conseguiram tal liberdade negociando, fugindo, comprando, trabalhando, se agrupando. Foi coletivamente, mesmo que talvez não houvesse a consciência do coletivo[1]. A visibilidade que a Corte Imperial tinha pra o restante do país fez parecer impertinente que a escravidão fosse uma instituição ainda. Assinar a lei Áurea foi uma tentativa desesperada de tentar fazer parecer que a monarquia estava também se modernizando, mas moderno e monarquia definitivamente não combinam. Claro que outros fatores colaboraram com a abolição da escravidão, mas estudando bem o movimento de libertação do negro, vemos intelectuais teorizando, pensando nas melhores formas de encaminhar a libertação dos escravizados, mas vemos pessoas comuns vivendo suas vidas e construindo suas liberdades individuais, e interferindo na forma como eram vistas, e garantindo/reivindicando (a duras penas) para si o direito de cidadãos. O desejo de liberdade que vira realidade para uma pessoa, confere poder a outras: ver que é possível, transforma. O processo ainda não está finalizado, mesmo depois de tanto tempo, mas é importante que não pare.
   Pessoas simples que conheceram a escravidão, tiveram que lutar por necessidades básicas cotidianas. A herança deixada, é a liberdade, é o poder ser, é o ser dono de si. Pode não parecer muito quando se vive em uma sociedade de consumo, pode não parecer muito quando a gente vê o vizinho conseguindo bens materiais, mas o poder ser já me dá uma perspectiva maravilhosa. O mérito pessoal não exclui o fato de que ainda falta muito para conseguirmos coletivamente condições ideais de vida, mas menos ainda anula a complexidade da sociedade classista, racista, elitista e vários outros “istas”. Mas hoje temos muitos em quem nos espelhar. Pessoas que por méritos individuais garantiram para si melhores condições de vida. No entanto, o que talvez essa pessoa não se dê conta é que ela me dá poder. Quando uma negra modelo, ou atriz ou juíza ganha visibilidade, abre-se um horizonte de possibilidades pra muitos. É um espelho. Se ver naquela situação, vislumbrar aquela posição para si, é poder.
   Nossas ações são coletivas, mesmo sem querer, mesmo sem serem conscientes, e por menos importantes que pareçam. Pessoas são espelhos. Usar o cabelo crespo é um exemplo do que inspira: afirma a beleza, confere poder. É o poder ser, sem precisar se adaptar. Valeu pro século XIX e vale pra hoje também: ações simples, que parecem sem importância pra coletividade, rompem com padrões comportamentais e estéticos. Então sim, o crespo tem poder... e maior do que pode parecer.

Referências:
[1] Ver mais sobre o assunto: RIBEIRO, Manoel Pinto. A MULHER NEGRA E A MPB (1930-1945) http://www.filologia.org.br/abf/rabf/7/103.pdf
ALENCASTRO, Luis Felipe de. (orgs) História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte . São Paulo: Companhia das Letras, 1990.



É A MINHA CARA - LUANA RODRIGUES

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Ela desfila pela rede. Sempre cacheada, criativa, autêntica, bem livre e com muita opinião pra dar. É colaboradora do Meninas Black Power e idealizadora do programa Social na Rede, exibido exclusivamente na web. Por essas e outras que a convidamos pra um papo muito construtivo e descontraído que vocês conferem logo abaixo.

O "blackinho de poodle" na infância
MBP: Vamos falar de "cabelón" primeiro. Como você chegou nesses cachos aí?
LR: Desde pequena tive cabelo cacheado, ele nunca foi liso. Eu sempre gostei que ficasse cheio, desde novinha mesmo, e minha mãe cultivava isso. Ela cuidava pra que ele não crescesse muito, pra manter meu "blackinho de poodle". Isso até uns 4 anos. Depois, com a fase de escolinha e piolho, ela passou a usar tiara e isso foi "abaixando" meu volume. O cabelo foi crescendo e os cachos ficando mais abertos, mais soltos. Então, eu passei a usar rabos de cavalo, mas sempre com frizz na raiz e o rabo bem cacheado. Gostava mais dele solto.


MBP: E você nunca quis modificar o natural? Sempre gostou dos cachos?
LR: Eu nunca, mas até hoje recebo forte influência - da família mesmo - pra que eu alise o cabelo. Uma cunhada muito querida já chegou a comprar produtos pra testar no fio dela e usar no meu. Ela tem outro perfil, gosta de tingir de louro e usar chapado, e eu gosto do cabelo cheio. Isso a incomoda. É bem estranho...

MBP: Então você recebe críticas por ter sido sempre assim natural? Além da família essa pressão acontece em outros ambientes?
LR: Apenas minha cunhada se esforça pra que eu alise o cabelo. Nos outros ambientes eu sou bem feliz com meu cabelo e em especial nesse momento. Eu exerço consultoria no âmbito da comunicação para um escritório de advocacia conceituado no RJ e lá eu uso meu cabelo cheio, de trança, de lenço. Eu evidencio o que eu quero ser e como meu cabelo pode traduzir isso.

MBP: Maravilha! Fala mais do trabalho. O que você anda fazendo da vida?
LR: Eu sou comunicóloga. Digo assim porque jornalista ficou pouco. Eu tenho formação em jornalismo, em webwriter, gerencio mídias digitais, exerço assessoria de imprensa, faço produção de eventos e produção em moda também. Trabalho com comunicação desde os 19 anos e hoje tenho 28. A minha mais nova investida é o canal Social na Rede. Temos Fanpage e Twitter também. Apenas duas semanas de trabalho, poucos acessos [na época da entrevista]... Estou no começo. Nesse canal eu convido amigos pra uma social aqui em casa e o que seria só um papo, eu gravo e publico na web. Como eu amo falar e tenho amigos com experiências muito interessantes, pensei em congregar isso e dividir na internet o que quase todo dia acontece aqui em casa.


MBP: E sobre que assuntos você pretende falar? Geral?
LR: Sim! Qualquer assunto que esteja no meio comunicação, na web, na "vida real". Qualquer assunto que possa conceituar o termo "rede social", estando reunida com amigos que produzem nos mais diversos nichos sempre rola um papo rico em informação

MBP: Você contou que pretende falar sobre cabelo crespo num desses papos. Sobre o que exatamente?
LR: Em especial esse assunto me interessa por conta da relevância que tem tomado. Há pessoas falando, há muito sobre a importância de se valorizar o cabelo crespo, há ignorância sobre denominar o cabelo como bom ou ruim, e nisso eu esbarro desde sempre com muita atenção. Sempre achei o preto, o homem e a mulher negros, algo muito especial em específico no nosso país. Sempre busquei uma formação no que diz respeito ao tema por conta de uma questão muito pessoal. Eu sou adotada, não conheço meu pai biológico, e o pouco que sei é que é (ou era) um negro muito bonito e que eu teria duas irmãs lindas, de cabelo bem cheio, bem "juba" mesmo. Me disseram isso e ficou no meu inconsciente de algum modo. Eu sempre valorizo o cabelo crespo e sinto sim que eu faço parte de um grupo de poucos, infelizmente. O fato de o o cabelo, o negro, o reconhecimento do indivíduo em sua origem e formação, me envolver bastante no que diz respeito ao conhecimento, fez com que eu buscasse mais ainda sobre o assunto, mais produtos, mais espaços de beleza especializados... E me dei conta que os que existem não são tão expostos. O que eu quero abordar no episódio em que teremos é como e porque a gente precisa falar de si e porque não ouvimos de nós e o que ouvimos, geralmente, não nos satisfaz.

MBP: Você disse que a questão da valorização do natural está crescendo e que, quando ouvimos, quase sempre não nos satisfaz. Acha que a questão está sendo abordada da forma correta? A maioria fala sobre cortes, produtos e etc. como uma coisa transitória que a moda trouxe e não como algo natural, que precisa ser cultivado.
LR: Concordo com a sua afirmação e por isso nego que esteja sendo abordado de forma correta. Ainda se fala muito no cabelo como algo caricato, ainda ficam aquelas referências: o gordo, aquela menina ali de trança, aquele menino ali de cabelo duro pro alto... Ainda não se saiu disso, como se o cabelo fosse algo iconográfico, um rótulo. Acho que a gente pode dar valor a alguém que fala de cabelo crespo quando esse alguém defende o conhecimento, o saber sobre o fio. Parece uma supervalorização mas não é. Um cabelo "liso" é mais aceito e por isso pouco tem por se dizer "em defesa dele". O cabelo crespo quase que precisa de aprovação, e se é assim, precisamos saber que não é certo, que algo está fora da ordem aí, e por conta disso, dar valor ao fio e lembrar: há uma história aqui, há algo que você não sabe sobre mim, eu e meu cabelo podemos contar. Nesse aspecto, o fio deve ser valorizado, os penteados devem ser idealizados. Eu vi recentemente um longa mulheres africanas em que uma das entrevistadas falava sobre o seu penteado. Mas, notem, ela fala sobre o seu penteado apenas no final e declara: "é um penteado de rainha". Eu penso que há muito imbuído nessa opção da edição, de deixar essa fala só pro final. É pra justamente dizer: você com certeza deve ter observando o cabelo desta mulher e deve ter pensando algumas coisas sobre ele, sobre ela, mas, ele tem algo a lhe dizer, e isso foi dito. 

MBP: Então, diante de todos os motivos que você já deu, qual é a importância de ser crespa pra você?
LR: Poder ter comigo desde que nasci a riqueza de uma herança ainda mais, de um país misto que não tem uma história conhecida em sua verdade que mais se aproxima da verdade real... E com isso, ter a obrigação de me reconhecer e com amor - por me amar muito -, poder identificar pros outros que ser crespo é muito lindo, muito valor e muita atitude.

Vocês podem curtir o Social na Rede aqui na Fanpage. Em seguida o pograma falando sobre crespos com os meninos do Trança Nagô* e o trailer do filme "Mulheres Africanas - A Rede Invisível".












"NEGRO ABERTO... NEGRO FECHADO"

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  Um dia desses estava conversando com uma amiga muito querida sobre identidade negra. Contava a ela como eu fico orgulhosa com a minha filha mais velha, Luiza, que mesmo não tendo a pele negra como a minha sempre disse que era negra loirinha por ter cachinhos dourados. Lembramos também quando, na educação infantil, a professora pedia para que ela se desenhasse e ela como sempre se desenhava negra. Sempre que tinha uma historinha ela se identificava com personagens negros e se não tivesse algum, o que constantemente acontece, ela procurava o mais “moreno” possível. E assim cresceu e hoje é uma militante comigo. Mesmo com 11 anos ela já se revolta com comentários preconceituosos e tem uma opinião formada sobre cotas para negros. 
Desenho da Luiza com 5 anos.

   Mas voltando à minha amiga, ela me contou a história de uma conhecida que estava explicando a lição para uma criança, a atividade pedia para que a criança marcasse com um X o bonequinho que ela se identificava. O menino de 5 ou 6 anos, negro, marcou o bonequinho loiro. A professora percebeu que ele nem cogitou a opção do bonequinho negro e então interferiu:
- Pedrinho você tem certeza que marcou certo?
- Marquei sim professora, eu sou esse aqui.
- Não Pedrinho você não é loiro, você é NEGRO.
- Não, eu não sou NEGRO.
- É sim, venha aqui e olhe no espelho. Veja sua pele como é, ela é NEGRA. Não é BRANCA e você não é loiro.

   Enquanto a professora olhava para ele as lagrimas corriam pelo seu rosto. Elas vinham com uma mistura de revolta e raiva, pois foi a primeira vez que ele se viu de verdade. Foi a primeira vez que alguém falou pra ele com todas as letras: você é NEGRO.

   Ouvindo aquilo me perguntei, por que a mãe desse menino nunca disse para ele o quanto ele era lindo? O quanto a cor de sua pele era forte. A justificativa para aquele comportamento, disse minha amiga, veio de uma simples explicação da mãe do menino: - Ele tem a pele aberta, é um pouco claro. Pode até ser NEGRO, mas é um NEGRO aberto e não fechado.

  Juro para vocês, ao ouvir aquilo entendi o porquê de muitas pessoas se acharem BRANCAS ou MORENAS. Culpam os próprios negros pelo racismo no Brasil. A maioria de nós não se aceita, não se enxerga, não se ama. Nosso dever como mãe ou pai, é dizer todos os dias para nossos filhos como eles são lindos. Como nosso cabelo é forte e poderoso. Como nossa pele é quente e que podemos usar qualquer cor, pois qualquer tom fica bem em Nós. NEGROS.


É POP!

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  A proposta da gente é também dar dicas boas pras crespas e até agora não tocamos no assunto... Mas ainda há tempo e vamos começar falando dos produtos mais populares no momento. Eles também estão entre os indicandos como os mais usados entre as Meninas que responderam a enquete feita lá na página. Lembrando que cada cabelo é um cabelo e pode ser que nenhum desses seja o melhor pra você ou que todos façam muito bem, ok? São apenas sugestões e testar de tudo é uma das melhores dicas que podemos dar. Em breve vamos conversar sobre testes, mas a gente aproveita o assunto pra indicar o Blacks... Bárbaro!. Um dos poucos blogs que falam com propriedade sobre produtos usáveis em cabelos crespos (e a autora é uma linda, super incentivadora da gente). 


G Gelatina - Capicillin

É um gel bastante comentado entre crespas e cacheadas. Dizem que é fácil  encontrá-lo nas prateleiras por aí. Segundo o blog Encaracoladas ele "define os cachos sem ativar muito, controla bastante o volume, deixa o cabelo macio ao toque e não tem aquele efeito molhado" e a autora aponta a deficiência em proporcionar brilho intenso como o único defeito do produto. Para definir os cachos é preciso aplicar o produto de baixo pra cima e amassar os fios; para controlar o volume você deve aplicar uma grande quantidade, com o cabelo encharcado e sem desembaraçá-lo com os dedos, apenas aplicando o gel por cima dos fios para depois apertar mechas grossas, como faz para definir os cachos. "Seque amassando ou apertando, sem esfregar" e deixe secar totalmente. O Encaracoladas também diz que "se o cabelo secar durinho e com aspecto de que ainda está molhado fica melhor ainda". Para tirar esse efeito é só amassar o cabelo cuidadosamente. É importante observar que se você curte bastante volume, não deve exagerar na quantidade.


Elseve Hidra-max Colágeno - L'Oréal

Os produtos são bem comentados e o leave in é um dos mais queridos entre as cabeleiras crespas. O fabricante promete "cachos perfeitamente modelados, controlados e sem nenhum efeito pesado" e não são muitos registros de reclamações sobre os resultados. O leite desembaraçante também é recomendado, especialmente para quando você não quiser molhar o cabelo ou estiver impossibilitada. Outro ponto forte é o aroma agradável.


Cachos Comportados - Seda

Depois das "reformas" que a marca promoveu nnos produtos, o Cachos Comportados se tornou um leave in amado. Os preconceitos com a Seda foram deixados de lado e a crítica até agora tem sido positiva. O cheiro é ótimo e dura muito tempo, definição garantida por causa da ação nutri-seladora e consistência que garante rendimento. Além disso é acessível.




Cachos Definidos - Pantene

Hidratar, controlar frizz e definir os cachos por até 12 horas é a proposta. Desde que começou a marca está entre as mais usadas em todos os tipos de cabelo, incluindo os produtos extra shampoo, condicionador e creme para penter. A gente coloca aqui a opinião da Rosa: "Realmente esse creme é extra cremoso (adoro) e no meu cabelo formou uma proteção, eu adorei a sensação que ele deixa no cabelo depois de seco, eu toco no cabelo e ele está super macio. A definição dos cachos ficou muito boa, tenho que falar que meu cabelo já forma os cachinhos, porém sem um bom creme eles ficam embolados, o Cachos Definidos da Pantene deixou eles macios e sem o aspecto de emboladoA manutenção no dia seguinte é super fácil. Teve dias que simplesmente borrifei água e soltei os cachos com os dedos, em outros eu coloquei um pouquinho dentro do borrifador com a água, de ambos os jeitos meu cabelo se deu bem." Ela tabém disse que gosta de "usar esse tipo de creme por baixo de gel modelador de cachos, tipo o G-Gelatina, o Angel, o Super Sculpt e o Modelador de Cachos da Haskell." Assista o vídeo com a resenha aqui.

  São esses o queridinhos. Se você ainda não sabe por onde começar, pode apostar neles, e se achou outro produto que te fez bem, compartilhe com a gente aqui nos comentários, lá na página ou no email blogmbp@gmail.com. Vai ser ótimo aprender mais e repassar informações para o bem geral da nação crespa.

Beijos e força no afro.

Fontes: