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LINIKER E OS CARAMELOWS NO TINY DESK CONCERT DA NPR

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O primeiro contato que tive com a Liniker foi em um show no Imperator, no Méier. Fiquei e fico impactada toda vez que eu lembro daquele show, é impressionante a força dessa lembrança. Eu gostava? Gostava, mas não sabia o que me aguardava. Nunca mais fui a mesma e a garganta dói sempre que eu canto Zero porque eu canto gritando como se estivesse no show revivendo aquele dia.

Fonte: Cultura - Estadão
Depois disso eu só tive a hora de poder ver a Liniker no Palco do RockIn Rio. Fico toda me tremendo. Igualmente poderosa, preciso dizer! A essa altura da vida muita gente já deve ter visto a apresentação no Tiny Desk, mas o feed do facebook acabou de me mostrar então eu apresento como se fosse em primeira mão rs.
O vídeo foi gravado no famoso Tiny Desk, criado em 2008 para dar espaço para artistas que não estão no mainstream. Seu Jorge também já marcou presença por lá  <3. O toque especial desse local é que esse escritório é um local de trabalho e a plateia são os próprios funcionários da empresa. Como eu queria estar nessa plateia!!! Imaginem, até no meu casamento teve música de Liniker para os meus avós entrarem com as alianças!!!!

Você pode conferir a postagem oficial aqui  (deixe sua mensagem de amor para a Liniker).

A apresentação completa está aqui <3 

Um minuto de aplausos para Liniker e os Caramelows!!!!


Por Tainá Almeida

O CRESPO TEM PODER?

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"Eu vou mudar o mundo."
   Sempre penso na melhor forma de falar sobre um assunto sem polemizar, atacar ou ofender quem quer que seja. Mas não é raro ver sites, blogs e páginas do Facebook que, por ignorância ou má fé, ofendem generalizadamente qualquer leitor minimamente crítico. O que eu penso sobre qualquer coisa não pode ser ofensivo, e se for, preciso rever meu pensamento, pois do contrário, qualquer diálogo fica inviabilizado. Mas deixe-me ir ao meu assunto de uma vez: O cabelão crespo, cheio, pra cima, é poderoso? É lindo? Para ostentá-lo e exibi-lo com orgulho, é preciso conseguir ver a história que ele carrega, e mais, a História que ele representa.
  Falar dele (do cabelão!) acaba nos levando a assuntos que são obrigatoriamente polêmicos. Cabelo crespo faz pensar em negritude, que faz pensar em racismo, que faz pensar em ações afirmativas, cotas... um assunto puxa o outro, não necessariamente nesta ordem, mas todos acabam surgindo e precisam ser debatidos. Mas precisamos fazê-lo com propriedade, lendo sobre os assuntos, pensando coletivo. Não podemos pensar que nossa opinião, baseada apenas na nossa experiência individual, é capaz de dar conta de assuntos tão complexos. Temos que agregar o pensamento do outro, sair da zona de conforto e nos colocar no lugar do outro.
   Não é novidade que a população pobre é em sua maioria negra, e que podemos atribuir esse fato à escravidão. Mas onde muitos veem derrota, eu vejo poder, vejo luta. Quando nossa querida princesa Isabel assinou a lei Áurea, não o fez por bondade ou caridade como insistem em narrar, mas por pressão. 95% dos descendentes de africanos já eram livres na Corte Imperial, e conseguiram tal liberdade negociando, fugindo, comprando, trabalhando, se agrupando. Foi coletivamente, mesmo que talvez não houvesse a consciência do coletivo[1]. A visibilidade que a Corte Imperial tinha pra o restante do país fez parecer impertinente que a escravidão fosse uma instituição ainda. Assinar a lei Áurea foi uma tentativa desesperada de tentar fazer parecer que a monarquia estava também se modernizando, mas moderno e monarquia definitivamente não combinam. Claro que outros fatores colaboraram com a abolição da escravidão, mas estudando bem o movimento de libertação do negro, vemos intelectuais teorizando, pensando nas melhores formas de encaminhar a libertação dos escravizados, mas vemos pessoas comuns vivendo suas vidas e construindo suas liberdades individuais, e interferindo na forma como eram vistas, e garantindo/reivindicando (a duras penas) para si o direito de cidadãos. O desejo de liberdade que vira realidade para uma pessoa, confere poder a outras: ver que é possível, transforma. O processo ainda não está finalizado, mesmo depois de tanto tempo, mas é importante que não pare.
   Pessoas simples que conheceram a escravidão, tiveram que lutar por necessidades básicas cotidianas. A herança deixada, é a liberdade, é o poder ser, é o ser dono de si. Pode não parecer muito quando se vive em uma sociedade de consumo, pode não parecer muito quando a gente vê o vizinho conseguindo bens materiais, mas o poder ser já me dá uma perspectiva maravilhosa. O mérito pessoal não exclui o fato de que ainda falta muito para conseguirmos coletivamente condições ideais de vida, mas menos ainda anula a complexidade da sociedade classista, racista, elitista e vários outros “istas”. Mas hoje temos muitos em quem nos espelhar. Pessoas que por méritos individuais garantiram para si melhores condições de vida. No entanto, o que talvez essa pessoa não se dê conta é que ela me dá poder. Quando uma negra modelo, ou atriz ou juíza ganha visibilidade, abre-se um horizonte de possibilidades pra muitos. É um espelho. Se ver naquela situação, vislumbrar aquela posição para si, é poder.
   Nossas ações são coletivas, mesmo sem querer, mesmo sem serem conscientes, e por menos importantes que pareçam. Pessoas são espelhos. Usar o cabelo crespo é um exemplo do que inspira: afirma a beleza, confere poder. É o poder ser, sem precisar se adaptar. Valeu pro século XIX e vale pra hoje também: ações simples, que parecem sem importância pra coletividade, rompem com padrões comportamentais e estéticos. Então sim, o crespo tem poder... e maior do que pode parecer.

Referências:
[1] Ver mais sobre o assunto: RIBEIRO, Manoel Pinto. A MULHER NEGRA E A MPB (1930-1945) http://www.filologia.org.br/abf/rabf/7/103.pdf
ALENCASTRO, Luis Felipe de. (orgs) História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte . São Paulo: Companhia das Letras, 1990.



MAMÃE, POSSO IMPLANTAR?

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   No nosso universo crespo é até constrangedor fazer essa pergunta. Todo mundo querendo ficar natural e você indo na contramão da tendência e implantando cabelo! Fica calma. Vamos conversar sobre isso. Primeira pergunta que se deve fazer é: "Por que implantar?" Muitas mulheres utilizam o recuso para eliminar de vez o tal "cabelo duro" e seguir a vida como preta americana que não tem de que se envergonhar. Não é um bom motivo. A beleza que queremos cultivar é a que vem de dentro pra fora. Queremos que a mulher negra se valorize, a despeito da mídia, da sociedade e do nosso contexto histórico.
   Um implante não é capaz de mudar a sua etnia, apenas a sua aparência. Você sempre será a negra que usa implante, por mais que o acabamento seja muito perfeito e ninguém perceba, você vai saber. Essa técnica vem sendo marginalizada no mundo crespo justamente por isso. É como se a pessoa se transferisse pro "lado branco da força" e ai acabamos generalizando todo mundo e olhando torto pra quem usa. Porque achamos a Beyoncé linda, mesmo quando ela usa mega hair? Sim, ela usa e muito! Beyoncé, Ciara, Kelly Rowland, Taís Araújo etc., etc., etc., TODAS JÁ USARAM! E porque você curte o cabelo delas, mesmo não sendo natural? A resposta é simples: porque elas o usam como opção! Acontece que no Brasil, as mulheres se viciam em implantar e acabam não se imaginando mais sem o artifício. Esse tipo de prática que não é saudável, porque você passa a ser escrava de um cabelo que não é seu, mesmo tendo nota fiscal. A dica é: conheça o seu cabelo e não tenha medo de mudar. Bateu uma vontade de ter um cabelão nas costas? Porque não?! Só não ache que você só é bonita se implantar, porque não é. Muitas mulheres mais maduras não possuem mais hormônios para que seu cabelo natural cresça, outras fizeram tratamentos de saúde, como quimioterapia, ou tomaram muitas anestesias por causa de cirurgias e não vão conseguir ter um cabelo legal. Já vi muitas mulheres entrarem no salão, completamente arrasadas e saírem com a autoestima nas alturas! Esse é um bom motivo pra implantar!


   O mega hair é um recurso ótimo também pra quem está em transição. Se você não gostar do seu cabelo curto (e não adianta o mundo dizer que "está na moda", que "é legal ser natural") e tiver vergonha de andar com o cabelo "meio natural, meio química" por aí, vai acabar se sentindo mal consigo mesma e essa não é a proposta. Outro bom motivo pra implantar!
   O que você pode fazer pra chegar perto do natural, é implantar um cabelo o mais black possível, até pra você mesma ir se acostumando com a imagem no espelho e assim ficar mais fácil chegar ao “power do black”. Outra vantagem do mega hair é a economia de tempo. Em 5 minutos você está pronta pra sair, e a manutenção não é tão trabalhosa. Um cabelo natural requer cuidados, e as vezes não temos tempo pra isso. O mega hair é uma opção, inclusive bem melhor que uma escova, química, etc, porque não agride seu cabelo, nem faz mal à sua saúde.
   Enfim, você é livre para decidir o que se encaixa melhor na sua vida. Caso decida por implantar, decida pelos motivos certos e o trate como uma opção, assim como uma tintura, um corte ou uma trança. Não esqueça que por baixo do implante existe uma raiz que é bem mais forte do que o próprio cabelo. Ela está dentro de você. Pode implantar, mamãe deixa!

P.S.: dúvidas, dicas, profissionais, onde compra de cabelo... Pode perguntar!