Archive for outubro 2012

RUUD VAN EMPEL

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   Ruud é um artista holandês que trabalha e vive lá. Estudou arte de 1976 até 1981, ganhou alguns prêmios, participou de muitas exposições e criou ainda mais. Suas imagens são lindas, perturbadoras, as duas coisas ao mesmo tempo. Ele costuma retratar pessoas, na maior parte das vezes crianças, tão reais como em fotagrafias, de olhar profundo e quase sempre em lugares naturais. Apaixonado confesso pela beleza e cultura negra, o que justifica a esmagadora maioria entre suas obras. Vocês podem conferir mais sobre ele aqui e ver algumas de suas criações abaixo.















INSPIRAÇÃO - LUCIANA LUANDA

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"Oi... Minha dica é a linha Reconstrução Total da Palmolive, um produto que realmente faz o efeito de propagandas. Seguinte: estou usando a linha completa. Shampoo, condicionador e creme de pentear. Lavo normalmente com o shampoo, depois passo o condicionador. Já aproveito para desembaraçar o cabelo com os dedos. Enxáguo bem e passo o creme sem enxágue, com o cabelo ainda molhado. Não economizo neste último, mas tomo cuidado para os cachos não ficarem muito juntos. Seco com uma toalha, mas  não esfrego, assim os cachos se mantem. Uso o creme diariamente, sempre quando os cabelos estão molhados, mas isso pq eu não gosto dos meus cachos não definidos. Minha mãe usa os mesmos produtos que eu, com uma diferença: ela não molha o cabelo tdo dia. A hidratação é fantástica, o cabelo fica com brilho e super macio. Está aí minha dica. Estou agora procurando um novo produto já que daqui a pouco o cabelo acostuma. Abraço. Espero ter ajudado."

MODA, MOVIMENTO POLÍTICO, ESTÉTICA. E PÓS MODA?

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  Hoje você anda nas ruas e se depara com muitas mulheres, e homens, usando seus cabelos naturais, num momento de transição, ou até mesmo que cortaram bem curto pra que eles sejam completamente sem química outra vez. Aí te pergunto: Cabelo natural está na moda? Sei que muitas vão dizer que sim, e te digo: está! Só que algo além da moda está nessa transição de química para natural. Se pararmos para analisar encontraremos:

Movimento: Várias pessoas de diversos locais do mundo num mesmo instante compartilhando maneiras com que outras pessoas usem seus cabelos naturais de "N" formas, cores, penteados e jeitos. Mandando força, elogiando e construindo uma fortaleza de pensamentos positivos para com o cabelo crespo, de pessoas negras ou não.

Política: Uma luta insaciável contra o preconceito, contra a ditatura da beleza que por muitos anos comprimiu a beleza crespa. Um "NÃO" bem grande para a mídia que "quer porque quer" alisar nossos cabelos a todo custo e que hoje já cedeu boa parte de seu elenco aos crespos e cacheados por ver o movimento crescendo a cada dia mais. Um samba na cara de todos aqueles que até, dentro de nossas famílias, nos julgam feios, sem arrumar os cabelos, sem banho, e até mendigos por simplesmente sermos naturais.

Autoestima: Quem, depois de se naturalizar, não se sentiu bem melhor? A autoestima é um fator nítido em cada crespa e crespo.

   Nossos medos se vão e nossa identidade aparece, uma beleza única que não copiamos de ninguém e que nos faz bem. Que acarreta elogios, sinceros, e críticas (que são meros "blá, blá, blás" quando se olha no espelho e enxerga você). Não se encontra frustrado por não conseguir ficar como a modelo, a amiguinha da escola, a colega de serviço... NÃO. Lindos e lindas assim como são, sem depender de um secador, uma prancha e produtos para isso. E repito, cabelo natural está na moda? SIM! Eu serei forte até após o fim da moda. E você? Está pronta pra se assumir com orgulho atemporal? As mulheres do vídeo não consideram essa transição uma política. Mas o movimento cresceu e é nítida a aparência e os resultados políticos disso. 


Fotos: Festival Nacional de Artes Negras, Senegal, por Vinicius Carvalho.

É A MINHA CARA - ROSANGELA JOSÉ DA SILVA

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 Ainda são poucas as referências nacionais quando o assunto é cabelo crespo, beleza da mulher negra e etc. Não podemos negar. Mas, para nossa alegria, estamos nos tornando mais fortes e as influências nacionais que recebemos não são fracas, hein?! Hoje o blog das MBP se sente honrado em poder divulgar uma conversa com a Rosangela, aka Rosa, autora do blog Negra Rosa, Rosa Negra. Através de seus posts sobre vivências cotidianas com o cabelo natural que cultivado com todo amor do mundo, indicações dos produtos que experimenta, sugestões de makes e vídeos que mais parecem conversas com "comadres", transformou a visão de muitas por aí. Ainda não teve o prazer de conhecê-la? Dá uma olhada nosso papo e depois corre pra clicar no blog e no canal do YT

MBP: É perceptível nos materiais que você divulga o amor que tem pelo cabelo. Como você descreve o processo de aprender a curtir o cabelo que tem, como ele é, sem alterações?
R: Meninas, foi uma sensação incrível quando eu fiz o big chop e comecei a sentir a textura do meu cabelo. A cada mês , conforme o cabelo crescia, eu me encantava e buscava formas de deixá-lo mais bonito sem precisar de química, sem precisar dar um "susto na raiz". A cada dia, a cada aplicação de produtos eu aprendi do que ele gostava ou o que não ficava legal. Aprendi que quando mais molhado eu aplico o creme, mais definido ele fica. O mais legal é que esse aprendizado vai ser contínuo, porque conforme o cabelo vai crescendo, ele vai se transformando e eu vou buscar forma de deixá-lo sempre bonito.

MBP: Tanto você quanto nós aqui no Meninas e mais algumas outras plataformas de informação utilizamos a discussão da beleza negra através da aceitação do cabelo. Você acha que sua atividade se mistura com as questões de política negra? Como?
R: Infelizmente eu não sou tão politizada como eu gostaria, mas acredito que ao assumir meu cabelo natural, eu passo a ser viste de outra forma pelas pessoas, digamos que agora eu sou completamente negra. E ao mostrar que o cabelo de um negro pode sim ser lindo sem sofrer alterações químicas, estou ajudando de alguma forma.

MBP: V
ocê usa muitos produtos nos posts e vídeos, tanto pra cabelo quanto pra maquiagem. Acha que, principalmente falando de tratamentos pra cabelo crespo, há acessibilidade aos bons produtos?
R: Eu acho que o Brasil ainda está muito fraco na questão de cabelo afro natural. Infelizmente  ainda não está preparando para as necessidades das negras de cabelos naturais. Nós vamos nos adaptando aos produtos existentes no mercado. Falo isso em relação ao mercado americano. É impressionante como chegam novos produtos para o chamado cabelo kinky curl e no Brasil nada! Todos os meus produtos brasileiros são para cabelos cacheados e a textura do cabelo cacheado é bem diferente do meu cabelo. O meu cabelo precisa de produtos mais emolientes, mais hidratantes. Eu não acredito que esses produtos são testados em cabelos afros naturais. Eu sou uma pessoa positiva e tenho esperanças que isso mude de forma mais rápida, pois vemos que houve um aumento na oferta de produtos para cabelos cacheados. Os produtos que tenho para cabelos afro, tipo os pra fazer twist out, são importados. Esses produtos não são vendidos no Brasil e quando encontramos alguém que venda, os preços são bem altos.

MBP: Quais são os teus favoritos? 
R: Pro cabelo: G Gelatina, Relaxante Natural, Máscara Metamorfose SOS, Máscara Absolut Repair, Eco Styler Gel, Curling Custard, Curl Enhancing Smoothie, Gel Nylooks, Óleos Vegetais, Azeite Extra Virgem entre outros hahahaha, eu tenho muito produtos. Make: Pó Mineralize skinfinish Natural cor Dark (MAC), Corretor (Bobbi brown), Corretivo Studio finish(MAC), Amo todos os meus batons, não dá pra escolher um, Base Face&Body cor C7 (MAC), Base HD cor 173 (Make Up For Ever), blush Taj Mahal(NARS), Blush Dolce Vita (NARS), Lápis Kajal preto (Natura), Iluminador Olhos e Rosto (Natura) , vou parar por aqui [risos].

MBP: Os makes que você faz são um tanto ousados pros padrões que sempre divulgaram sobre maquiagem negra. A gente percebe que você sai sem nenhuma dificuldade das cores habituais (dourado e etc.) pra super inovações. Quando você se libertou nesse sentido?
R: Quando eu comecei a me interessar realmente em aprender a me maquiar, eu vi que não existe cor pra branco e cor pra preto, todo mundo pode usar todas as cores, a questão é você achar o tom certo para sua pele. Por exemplo, um azul claro não fica legal em mim, já um azul mais forte fica. Fui aprendendo, fazendo testes com as cores, hoje eu conheço mais o meu rosto, consigo comprar mais produtos que funcionam realmente na minha pele. 

MBP: Segue alguma regra na hora de criar makes?
R: Eu analiso algumas coisas ao montar uma make. Por exemplo, se eu quero dar destaque aos olhos ou se vou focar no batom. Se eu usar uma sombra super vibrante, dou uma maneirada no batom e não precisa ser um batom nude. Eu faço testes com as minhas makes pra saber o que vai funcionar ou não em mim.

MBP: Como funciona sua rotina de cuidados com o cabelo atualmente?
R: Atualmente eu estou fazendo a rotina no/low poo, que consiste em abolir o uso de sulfatos, petrolados e silicones. Lavo meu cabelo duas vezes na semana e sempre faço hidratação. Quando falo hidratação entra nutrição, reconstrução e hidratação. Gosto de finalizar meu cabelo com um óleo vegetal, depois creme de pentear e um ativador de cachos ou gel.

MBP: Algum projeto futuro pro blog?
R: Eu gostaria de atualizar mais vezes o blog, mas tenho um trabalho que me consome tempo e tenho que dar prioridade, já que é ele que me permite comprar as coisinhas que mostro no blog. E o meu projeto e continuar com ele por muitos mais anos mostrando dicas para cabelos e maquiagens para negras.

INSPIRAÇÃO - ERIKA PEREIRA DOS SANTOS

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"Dizer sobre mim e como percebo minha imagem é sempre muito instigante e cheio de memória, e esta conversa tem tudo haver com corpo e sabedoria feminista. Para esta conversa fluir, prendendo abordar o impacto que o racismo tem sobre o meu corpo, de jovem negra, expondo a relação que tenho com meus cabelos. Primeiramente quero dizer que o assunto 'cabelo afrodescendente' não é uma temática tranquila de abordar pois, apesar do avanço sobre as políticas raciais, conversar sobre os cabelos das mulheres negras, ainda hoje, não é uma tarefa fácil. O discurso da soberania branca está marcado em nossos corpos e nos discursos sobre o padrão de ser belo. Em nosso grupo de apoio acadêmico-coletivo de negras/os, conversamos bastante sobre identidade, corporeidade negra e de como aprendemos ao longo da vida a controlar e domesticar nossos cabelos. Em uma de nossas conversas, recordávamos a relação que tínhamos com nossos cabelos durante a infância, de como éramos ensinadas a trançar de diversas formas os cabelos e dos momentos de intimidade que tínhamos com as mulheres que ficavam reunidas para falar da vida e alisar seus cabelos. Eu, mulher negra, reconheço os discursos de desvalorização dos corpos negros e suas implicações com a relação que temos com nossos cabelos, que, quase sempre, é de rejeição, dor e baixa estima. Porém, posso observar que os paradigmas mudam e que podemos enxergar outros conceitos a respeito da corporeidade negra e seus discursos, o que nos leva a vivenciar outra relação com nossos cabelos. Uma relação que passa a ser da beleza, do poder, da autoafirmação e da vivência do amor. Nesse sentido, reconheço as mulheres como sujeitos da história e donas do seu próprio corpo. Isso tem o poder de superar o racismo, os preconceitos e liberta o corpo da opressão."

Erika Pereira dos Santos, 23 anos, acadêmica do curso de Hotelaria no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás-IFG, participa do coletivo de negros/as do IFG.

SABINE PIEPER PARA VLISCO

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  Ilustradora e fotógrafa com ênfase no fashion, Sabine vive e trabalha em Berlim. Elle e Vogue recebem trabalhos dela com frequência. A Vlisco é uma grife voltada para mulheres africanas e faz peças lindas, com tecidos lindos. E qual é a relação entre uma ilustradora da Vogue e uma grifre de África? Moda, traços lindos, tecidos perfeitos e uma beleza muito nossa.
  Em novembro de 2011 a Vlisco lançou a coleção Delicate Shades e as ilustrações de Sabine substituiram as modelos no lookbook. O resultado vocês conferem no vídeo da campanha e nas fotos também, junto com alguns outros desenhos da Sabine. Para mais inspirações: www.vlisco.comsabinepieper.com.



IIIIIIH, TÔ GRÁVIDA. E AGORA?

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  Oiiiii, MBP! Fui convidada a escrever um post sobre gravidez e resolvi compartilhar um pouco do momento que eu estou passando (e de quebra amaaaaando, rs!)
    Iiiiiih, tô grávida. E agora???  Essa foi umas das primeiras perguntas que eu me fiz, após horas de desespero e choro (sim, por que não foi programado), assim que li um e-mail com o resultado do meu exame. Milhões de coisas explodiram em meus pensamentos, meus 23 (na época do exame, agora 24 anos) passaram como um filme na minha cabeça. Inúmeras coisas matutando ao mesmo tempo: vida profissional, maturidade, vida financeira, relacionamento, bebê, família, mudanças, mudanças e mais mudanças.
   Depois de passado esse susto inicial, assumindo minha nova postura agora de mulher e MÃE, com muita alegria e empolgação, com a expectativa da chegada da minha baby black. Mas, apesar de toda essa felicidade, meu humor mais bipolar (ou tri) do que nunca, a mudança radical de ver a vida, a preocupação com a forma física, alimentação, roupas, mudanças na pele e infinitas questões sobre estética/aparência surgem para formigar ainda mais minhas dúvidas sobre gravidez.
    Os meus primeiros sintomas de desespero a cerca da estética foram:         

- PELE 
  Algumas mulheres (as bem sortudas) ficam lindas, com uma boa pele de pêssego nos meses iniciais da gestação e continuam assim até o final... Outras, como eu, nos primeiros meses ficam com a pele toda trabalhada nos cravos e espinhas, feito uma pré-adolescente.  O que fazer? Conversei bastante com meu obstetra, sobre todas as minhas angústias sobre estética, desde as mais importantes até as mais banais (afinal, na primeira gestação é mais do que normal esse turbilhão de perguntas, e o médico com toda a certeza responderá sem constrangimento algum). A resposta dele foi simples: sabonete neutro, protetor solar 30, no mínimo (para evitar futuros melásmas), e um creme à base de colágeno no rosto. Simples. Mas, como não consigo ser tão simples assim...  Utilizo cada vez mais diversas técnicas de maquiagem para disfarçar as imperfeições, deixá-la mais bonita. Não muito carregada (uma boa base compacta, corretivo, pó, rímel, blush, sobrancelha marcada – sem parecer que passei caneta pilot nelas, HAHA – Já fazem minha alegria!) e, agora estou  viciada em batom vermelho, HAHA.

- ESTRIAS 
  Sim, elas aparecem! A dica é: banhos não muito quentes, um bom sabonete hidratante (nada daqueles coloridos, tipo Lux. Dove. Não quis fazer propaganda, mas é o melhor...), manteiga de Karité, aloe vera, vitamina E, óleo de amêndoas ou de semente de uva, Uréia, Macadâmia (tô usando Materskin, Luciara e Bepantol!) a hidratação do corpo como um todo, com o consumo de pelo menos dois litros de água por dia, também contribui para a saúde da pele, evitando as tão temidas marcas. Converse com o dermatologista para indicar uma fórmula ou creme ou então fale com o obstetra mesmo.

- CABELO
  Diminuição da queda, aumento de volume e brilho (uhuuul, ponto positivo!). PORÉM, para as adeptas de pintura como eu, tem que abrir mão de tinturas (principalmente no primeiro trimestre) e, fica a critério de cada médico deixar usar alguma tinta a base de água, Henna (odeio!) ou algum tonalizante. Meu médico não autorizou nenhum dos dois. MEU MOMENTO CRISE INTENSA: como fazer para manter meu black bonito, sem a minha tintura vermelha? Ou melhor, sem tintura alguma??? Recorri às tranças: soltas, tiaras nagôs, twist... Toda a diversidade de modelos. Mas acabei enjoando, pra variar, rs. Então, caio num novo dilema: o que usar? Pensei nos mais variados tipos de corte, desde o "a la Rihana", "a la Ballotelli" ou inspirado na musa Pinah, mas abortei a missão depois de uma longa conversa sobre beleza e auto estima com meu anjo protetor, ou melhor, meu namorado e futuro marido Junior (que é o melhor do mundo em falar que eu tô LINDA, mesmo acabando de acordar com o rosto cheio de remelas!) e voltei aos meus queridos TURBANTES  - coloridos e estampados (que eu já usava, mas poucas vezes) e, tô definitivamente AMAAAAANDO. Cada dia procuro uma amarração nova ou invento algumas, me sentindo um mulherão, puro poderzão, cada vez mais linda!

- ROUPAS
 Definitivamente, roupas vendidas no mercado para grávidas são HORRÍVEEEEIS! Não dá mesmo. Não faço a linha moletom + bata. NÃO MESMO. Tive sorte que até então (estou mais ou menons no sétimo mês) minhas medidas não foram tão destoantes (exceto busto, que mudou do 42 para o 46), então continuei a usar a maioria das minhas roupas, mantendo meu estilo e personalidade, fazendo uma mudança aqui ou ali. Leggings, vestidões, saruel, camisões e camisetões são a grande maioria no meu guarda roupas. Como minha barriga está grandinha, estou fazendo uso de blusas larguinhas que aparecem um pouco a barriga ou sutiãs coloridos com blusas transparentes, camisas jeans amarradas... Sempre mixado com uma calça mais larga, para não ficar vulgar. Grávidas são lindas, chamam muita atenção na rua, a beleza exala... e, por isso mesmo, não precisa ser vulgar né? rs.

   Enfim, aproveitem essa fase que é maravilhosa, cheia de novidade a cada instante, recheada de momentos inesquecíveis, com cada sensação inexplicável! 

PRENDE, PRENDE! TÁ CALOR, TÁ CALOR!

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   Ok, o carnaval não chegou... Mas tá tão quente por aí que parece que o verão já deu um "oi", né?! Juntamos isso com a necessidade que encontramos em algumas Meninas que estão descobrindo e amando o próprio cabelo agora. Talvez elas ainda não saibam o tanto de possibilidades legais, simples, bonitas e práticas eles oferecem. Como viver felizes, alegres, saltitantes, lindas e crespas durante esses dias de calor? Separamos dez vídeos úteis  de penteados que vão ajudar. Vocês encontram mais inspirações no nosso álbum de acessórios. Queremos que todas experimentem (e que mandem muitas fotos pra nós!). Pode ser uma sensação diferente na primeira olhada, mas com tempo vocês se acostumam e vão inventar coisas ainda melhores. Aproveitem, Meninas!














É A MINHA CARA - CHARLENE BICALHO

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  Marcamos de conversar pelo Skype e assim que a janela abriu vi logo aquele cabelão todo, lindo e vivo. Sorriso cativamente, voz simpática e coesão nas ideias só acompanham a coroa florida que ela carrega sobre os pensamentos férteis. Creio que o cabelo dessa guerreira seja o reflexo deles, florindo o rosto, o país, outras cabeças... O papo não foi rápido, viu? Quase uma aula, sendo mais sincera. Como não conversar com alguém que pensa que precisamos de autenticidade pra viver e não querer absorver cada palavra? Charlene surgiu, emergiu e transformou, com a ajuda de quem apoia o trabalho, os cérebros de muitos. Transformar o cabelo é só a consequência. Desde quando os ramos nascem antes da raiz? Abaixo a história toda e muita inspiração pra quem quiser.

MBP: Como surgiu a ideia do projeto Raiz Forte?
CB: A ideia surgiu após 29 anos de pesquisa com minhas vivências com os cabelos crespos. Na infância andava sempre com as tranças que minha mãe fazia com carinho, mas eu detestava. Quando entrei para escolinha os puxões para trançar e destrançar os cabelos intensificaram, porque eu não podia nem pensar em pegar piolho. Na adolescência tanto eu como minha mãe vimos o alisamento como a salvação do meu problema, com os cabelo liso poderia usá-lo solto, ficaria livre das tranças, poderia até ter franjinha como a maioria das minhas amigas. Mero engano... Me tornei escrava dos "tratamentos" químicos, dos rolinhos, das tocas, dos secadores e depois das escovinhas. Utilizava um tipo de produto duas vezes e o cabelo logo começava a quebrar ou cair mesmo. Troquei diversas vezes de produtos químicos e salões de beleza, gastava uma fortuna para alisar e depois uma fortuna para hidratar e recuperar os fios danificados pela própria química. Nunca estava satisfeita com o resultado dos alisamentos, pois não ficava como os cabelos da maioria das minhas amigas, liso. 
     Aos 26 anos de idade fui surpreendida pelo seguinte questionamento do meu namorado na época: "como é seu cabelo?". Não me recordo muito bem o que respondi, mas foi algo do tipo "eu sei como ele é e aliso porque gosto". Quando cheguei em casa fiquei me olhando no espelho tentando me lembrar como era meu cabelo, comecei a procurar fotos da infância quando ainda não alisava o cabelo e ainda não conseguia visualizar aquele cabelo. Comecei então a perguntar para as cabelereiras dos salões que eu frequentava como eu poderia fazer para deixar o cabelo natural. Todas me respondiam que isso não ia dar certo porque meu cabelo tinha várias texturas, não iria encaracolava, era muito seco, e por ai vai... Não satisfeita com as respostas (na minha opinião, sem fundamento) decidi então usar tranças soltas com jumbo. Essa foi a forma que encontrei de esconder os fios alisados enquanto a raiz crescia. Fiquei um ano nesse processo até ter cerca de cinco dedos de cabelo virgem. Então procurei um salão especializado em cabelos afro, contei minha estória e pedi para cortar. Nem dormi aquele dia! Tinha chegado a hora de descobrir como era meu cabelo. Depois que a cabelereira molhou meu cabelo após o corte me vi com o cabelo bem curto e todo cacheadinho.  Nos primeiros dias achei muito estranho, não me achava bonita, mas com o passar do tempo o cabelo cresceu e ficou cada vez mais bonito. Entretanto, caí na besteira de usar química novamente com o propósito de alongar os cachos e meu cabelo quebrou todo. Esse episódio me marcou muito porque tive que cortar o cabelo bem curtinho e deixar ele crescer novamente, o que demorou cerca de seis meses, período em que me senti sem forças, me culpando por me auto sabotar.
    Cerca de um ano após esse corte tipo Joãozinho, comecei a ser abordada por mulheres negras, em ambientes que eu frequentava, perguntando o que eu fazia para meu cabelo ficar daquela forma. As abordagens aumentavam a medida que o meu cabelo crescia e isso começou a mexer comigo porque eu me via naquelas mulheres, via nelas meu cabelo de anos atrás.  Comecei então a pensar algum projeto cultural onde pudesse abordar essa temática, no intuito de mostrar para essas mulheres que existem alternativas para tratar dos cabelos diferentes das que geralmente são ensinadas no âmbito familiar. Dessas reflexões surgiu o projeto RAIZ FORTE!

MBP: Como é a seleção das meninas que participam?
CB: As entrevistadas são selecionadas a partir de suas histórias de vida. Após indicações de amigos, pesquisas via internet ou a partir de estórias já conhecidas faço o contato via Facebook ou telefone e marco as entrevistas.

MBP: Quais as experiências mais marcantes dentro do projeto?
CB: Os lugares para onde as entrevistadas me levam são muito marcantes. É como se tudo o que já vivi estivesse guardado em um quarto escuro e cada uma dessas mulheres que entrevisto ilumina com uma mini lanterna cenas do vivido a partir de suas estórias de vida. A última entrevistada me comoveu contando que as festas de fim de ano já tinham lhe gerado muito sofrimento porque ela não se sentia bonita, por vezes não queria ir às festas... Sua fala me levou imediatamente as festas de Natal da minha família onde por mais que estivesse com o cabelo escovado, roupa nova, não me sentia bonita, faltava alguma coisa.

MBP: Como tem sido o financiamento do projeto?
CB: Raiz Forte é um projeto incentivado pelo Programa Rede Cultura Jovem. Fruto de uma colaboração entre a pesquisadora e fotógrafa Charlene Bicalho, o artista multimídia Msensorial, o diretor de arte Pedro Ribeiro e em parceria com o coletivo Compatilhe Ou Nada! E Blog Garganta.

MBP: Quais são os projetos futuros?
CB: Buscar meios, parcerias e formas de distribuições para o web documentário Raiz Forte, no intuito de colocar o tema em discussão em pontos de cultura e escolas do Brasil ou até mesmo de outros países.

MBP: Quem é você?
CB: A mais difícil fica por último ne? [risos] Bem, sou fruto de um amor "café com leite"... Fui criada no seio das Minas e das Gerais em uma cidade do interior chamada Nova Era, onde morei até os vinte anos de idade, quando me mudei para Coronel Fabriciano/MG em busca de novos rumos. Não satisfeita com os caminhos até então percorridos joguei o tudo recheado de nada para o alto, em busca de novas identidades no Espírito Santo.  Hoje moro em Regência Augusta/ES, onde atuo como pesquisadora, fotógrafa, agente cultural e o que mais me desafia pela frente. Acho que sou uma mulher movida por tudo aquilo que a princípio parece ser uma loucura. 


DE RAIZ FORTE

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  Sabem aquelas coisas boas que a vida trás e que, de uma forma linda e eficaz, mudam pra sempre o ponto de vista que temos sobre nós e o mundo ao redor? No começo esse tipo de experiência pode parecer chocante, mas, no fim das contas, a lapidação nos faz mais fortes, mas vivos e mais nós. São essas coisas que temos passado como Meninas Black Power, coletiva e individualmente, através de cada cabeleira e sonho que aparecem em nosso caminho. Foi isso que o Projeto Raiz Forte causou em nós. Mudamos! 

  "Incentivado pelo Programa Rede Cultura Jovem, o projeto Raiz Forte é uma colaboração entra a pesquisadora e fotógrafa Charlene Bicalho, o artista Msensorial (aka Edward Marily) e o diretor de arte Pedro Ribeiro, em parceria com o coletivo Compartilhe ou Nada! e Blog Garganta." De primeira nos deram um presentão que foi a websérie. Três episódios que dialogam sobre as vivências crespas durante infância, adolescência e juventude, maturidade. Os detalhes técnicos vocês conferem na conversa que tivemos com a Charlene no post a seguir. O que queremos é contar o que cada episódio que vimos até agora despertou em nós e usamos as respostas de algumas Meninas para traduzir os sentimentos.

"Adolescência e juventude: Vai mais além. Não é só a questão estética x cabelo. Tem muito mais. A coisa do ser aceito, raça, preconceito, mídia... Que projeto bacana. Vou divulgar!" Taynara Barreto

"Eu assisto e me enxergo no vídeo, nas colocações. Poxa! Projeto muito legal, muito positivo! Cresci acreditando que o meu cabelo era ruim e precisava ser alisado. Sem contar as piadas e exclusões por conta do cabelo crespo. Só depois de adulta que fui entender que tudo isso era movimento externo vindo da mídia e sendo reforçado e reproduzido pelas pessoas. Hoje tenho orgulho do meu crespo. Fico muito feliz quando recebo elogios ou vejo meninas assumindo o cabelo natural." Emília Bizzotto

"Eu também assisto e acho muito tocante. Realmente intenso e verdadeiro. Podemos nos identificar no que é passado. Também sinto que começa a (re)surgir um sentimento de união e aceitação. Assim como muitas também cresci ouvindo coisas negativas não só sobre nossos cabelos, como também sobre praticamente tudo relativo ao povo negro. Fiz o Big Chop e estou agora com meu cabelo 100% natural; agora percebo que não se trata só do cabelo, como de auto conhecimento e aceitação." Amanda Taddeo

"Os episódios mostraram a realidade e mostraram que existe vida com cabelo natural também. Todas nós, que já usamos química anos identificamos com os episódios, dá força pra que não haja recaídas, mas pra que continuemos nos descobrindo!" Bárbara D'alma



  Abaixo estão os três episódios para quem ainda não teve o prazer de assistir. A gente deseja que seja um tempo breve sem o Raiz Forte, que a força que foi gerada permaneça viva e intacta em tod@s nós, e termina lembrando de um provérbio africano que diz: "Quebre suas correntes e você será livre, corte suas raízes e você morre".

Beijos e força no afro.





EMICIDA É "NÓIZ"

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  Que o rap é manifestação cultural preta, todo mundo está sabendo (ou devia estar). Mas quantas vezes ele foi feminino, tomando as dores das mulheres pretas e guerreiras, sem ser cantado por elas? Quantos "manos" das "quebradas", conhecidos ou não, levantaram bloquinhos, canetas e as vozes para colocar as "divas do gueto" em lugar de honra ao invés de objeto manipulável. Eu ouço rap, e os conscientes sempre me fizeram feliz. São muitos e me fazem refletir muito. Em contrapartirda, os inconscientes me fazem pensar se um dia conseguiremos coesão através do "mic na mão", rimando bastante pra liberar os cérebros. Li ontem o desabafo de um cara que chegou aos ouvidos do povo pra quebrar as percepções e construir uma coisa novo, coisa que só ele sabe. Foi uma feliz surpresa. Emicida compartilhou o pensamento engasgado e repetido por muitas (e muitos) de nós sobre a personagem Janete, do programa Zorra Total. A gente não se faz de coitada ou vítima, como é bem comum ouvir por aí quando assunto é racialidade e autopercepção, mas o caso é tão gritante que não tem como negar, meu povo. Preconceito puro, dos grandes, transmitido em rede internacional e consumido sem nenhum pudor por todo mundo. Fato é que "o" cara não poderia ser mais coerente e objetivo, de um jeito que só o bom rap (e quem o faz) consegue ser. Leiam logo abaixo se ainda não leram, sintam-se representadas. Ele é a rua, o rap, nossos crespos, a "quebrada". É "nóiz".

"Voltei do jantar agora a noite e a van, dessas moderninhas que tem televisão e tudo mais, estava transmitindo Zorra Total. Já havia visto uma vez alguma manifestação, talvez através do Geledés, que aquele personagem que estereotipa a mulher negra suburbana era extremamente racista e contribuia fortemente com a desvalorização (maior ainda?!?!?) da mulher preta em nossa sociedade (e olha que é dificil conseguir desvalorizar mais ainda a mulher negra em nossa sociedade). Elas recebem menos, tem suas características físicas criminalizadas por uma ditadura eurocêntrica de beleza (isso se aplica aos homens pretos também), são abandonadas, representam uma porcentagem monstruosa das adolescentes grávidas e das mães solteiras, das que não conseguem um (bom) emprego e quando conseguem retornam cansadas ao sábado a noite para suas humildes casas para ser alvo de um quadro extremamente racista onde são humilhadas por um programa de humor (que nem engraçado é pra começar, Zorra total é ruim pra ***) no maior canal de televisão do país. Estamos em um momento delicadíssimo na história do Brasil. Discute-se sobre o racismo na obra de Monteiro Lobato, cria-se um plano de prevenção à violência contra a juventude negra, porém um ataque contra a etnia que mais trabalhou por este país passa despercebido desta forma, como uma piada, o mesmo tipo de piada que foi hospederia durante todos estes séculos da doença que é o racismo (e só o dono da dor sabe o quanto dói), em um Brasil que tornou crime o racismo (vitória!) mas conseguiu humilhar cada um dos que um dia tentaram denunciar algum caso de discriminação racial (derrota!) tornando sua própria lei uma irônica punhalada que faz o sangue preto, rico em sofrimento, continuar correndo invisível por nossas ruas. Deixo aqui meu desprezo a este "humorista" que aproveita-se da triste situação em que esta sociedade doente colocou nossas mães/irmãs/esposas/amigas. E maior ainda é minha tristeza com nossos irmãos pretos/brancos/índios que não conseguem identificar tamanha violência racial adentrando suas casas. Muita força às mulheres pretas, as nossas lindas mulheres pretas! Jamais se esqueçam de onde vem os diamantes, mulheres pretas!

Emicida.
A rua é nóiz."