MODA, MOVIMENTO POLÍTICO, ESTÉTICA. E PÓS MODA?

  Hoje você anda nas ruas e se depara com muitas mulheres, e homens, usando seus cabelos naturais, num momento de transição, ou até mesmo que cortaram bem curto pra que eles sejam completamente sem química outra vez. Aí te pergunto: Cabelo natural está na moda? Sei que muitas vão dizer que sim, e te digo: está! Só que algo além da moda está nessa transição de química para natural. Se pararmos para analisar encontraremos:

Movimento: Várias pessoas de diversos locais do mundo num mesmo instante compartilhando maneiras com que outras pessoas usem seus cabelos naturais de "N" formas, cores, penteados e jeitos. Mandando força, elogiando e construindo uma fortaleza de pensamentos positivos para com o cabelo crespo, de pessoas negras ou não.

Política: Uma luta insaciável contra o preconceito, contra a ditatura da beleza que por muitos anos comprimiu a beleza crespa. Um "NÃO" bem grande para a mídia que "quer porque quer" alisar nossos cabelos a todo custo e que hoje já cedeu boa parte de seu elenco aos crespos e cacheados por ver o movimento crescendo a cada dia mais. Um samba na cara de todos aqueles que até, dentro de nossas famílias, nos julgam feios, sem arrumar os cabelos, sem banho, e até mendigos por simplesmente sermos naturais.

Autoestima: Quem, depois de se naturalizar, não se sentiu bem melhor? A autoestima é um fator nítido em cada crespa e crespo.

   Nossos medos se vão e nossa identidade aparece, uma beleza única que não copiamos de ninguém e que nos faz bem. Que acarreta elogios, sinceros, e críticas (que são meros "blá, blá, blás" quando se olha no espelho e enxerga você). Não se encontra frustrado por não conseguir ficar como a modelo, a amiguinha da escola, a colega de serviço... NÃO. Lindos e lindas assim como são, sem depender de um secador, uma prancha e produtos para isso. E repito, cabelo natural está na moda? SIM! Eu serei forte até após o fim da moda. E você? Está pronta pra se assumir com orgulho atemporal? As mulheres do vídeo não consideram essa transição uma política. Mas o movimento cresceu e é nítida a aparência e os resultados políticos disso. 


Fotos: Festival Nacional de Artes Negras, Senegal, por Vinicius Carvalho.

This entry was posted on 29/10/2012 and is filed under ,,,,,,,,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

9 Responses to “MODA, MOVIMENTO POLÍTICO, ESTÉTICA. E PÓS MODA?”

  1. Ótimo texto .. Só espero, que daqui a alguns anos, quando está ''moda'' acabar .. As pessoas continue gostando e se aceitando como são .. Crespo é lindo *--*

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  2. Eu fiz por uma questão pessoal e uma manifestação porque parece ser bonita ou para se ter boa aparencia nao precisamos ter o cabelo alizado e é assim que vou permanecer até o fim que venham criticas e blá blás que a mim não afecta!
    Sou afro e amo

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  3. Sim meninas, este é o nosso desejo. Continuarmos, na nossa essência, segurança e orgulho independente da moda!

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  4. A característica passageira da moda torna-a muito perigosa porque as pessoas irão usar, falar sobre, mas não terão consciência do que significa. Digo isso porque minhas tias, na época do movimento Black Power, usaram, CONTUDO, ainda acreditam que o crespo é ruim, duro, feio e que não tem jeito ! Acreditem, elas usavam Black power e não conseguiram me ensinar nada sobre o movimento ! Digo mais, até hoje classificam cablos como duros ou lisos, ruins ou bons.
    MODA é maria vai com as outras e MOVIMENTO é a revolução, a mudança, o progresso, a consciência e uma arma contra o racismo !!!!!!!
    Quem disse que o movimento não existe não leu nada até agora.
    Desculpe-me se fui direta, mas eu tenho tentado me informar .
    O meu desejo não é que o negro apenas volte ao natural, mas que perceba o SIGNIFIADO DA IDENTIDADE RACIAL e PERMANEÇA !!
    O movimento acredita na libertação total do negro em relação aos preconceitos relacionados à imagem, como o cabelo, sempre estereotipado e tratado como o pior. Claro que também há a preocupação com a auto-estima, mas esta acaba sendo uma consequêcia. Já com a moda, as pessoas não aceitarão o próprio cabelo, mas irão sonhar com um tipo de crespo igual ao de outra pessoa, idealizando. O exemplo mais comum é o de pessoas qu sonham em ter um afro todo cacheado, mas depois do Big chop descobrem que não é bem assim e voltam à química.
    Eu, por exemplo, consegui permanecer os 6 meses de transição por causa da leitura de vários artigos sobre identidade racial e estética do negro na sociedade brasileira! A transição é complicadíssima e é o momento em que há muitas críticas negativas. Por causa da modinha, muitos começam a transição e páram, mas se estivessem totalmente conscientes, permaneceriam.

    Sinceramente, quem "tá na moda" simplesmente irá desistir com o primeiro xingamento que ouvir na rua ou piadinha de mau gosto !!!!!!! Eu não quero isso para ninguém, mas que seja um negro consciente e que tenha noção do que faz.

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    1. É verdade, na minha família também haviam pessoas que usavam blacks e hoje só alisam, isso deve ser uma revolução e não moda. Deve mudar o jeito das pessoas pensarem e o modo como elas se veem.

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  5. Adorei o texto. Realmente a sensação de que você é bonita do jeito que você é incrível, é uma revolução aparentemente de fora pra dentro, mas na verdade é de dentro pra fora, primeiro muda-se a mente depois a casca.

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  6. Muito bom o texto Bárbara!
    Espero também que este movimento esteja criando, ou talvez re-criando, um padrão de beleza natural, atemporal, de aceitação e de coragem de bater a mão no peito, ou melhor no cabelo, e dizer: "Meu cabelo enrolado, todos querem imitar. Eles estão baratinado, também querem enrolar... Sarará crioulo, sarará crioulo!"

    Tamo junto!
    Bju bju!

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  7. Pois é... ser político é muito mais que receber votos.
    Esse orgulho atemporal é a nossa politicagem do dia-a-dia, de raiz profunda.
    Bacana o texto, Bárbara.
    Bj

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