Desde pequenina minha mãe "relaxava" meus cabelos. Pra ela, divorciada, trabalhando e criando uma filha,
fazer isso dava muito menos trabalho.
Cresci me acostumando com a manutenção nos cabelos, a felicidade de vê-los
quando saia do salão e a tristeza de vê-los quando alguns dias se
passavam. Não é bom não conhecer o SEU
cabelo, não é bom ser cópia e se sentir bem consigo mesma só quando se sai de
um salão. Na minha pré-adolescência comecei a repará-lo quando crescia, via
aquela raiz bem tratada, sem quebras e com um balanço "meio tóin tóin" que me
fascinava. Decidi então parar de alisá-los. Era complicado. Eles soltos? Nem
pensar!!! Só os usava amarados. Durante muito tempo eu me virava daquele
jeito. Até que chegou o dia em que, mesmo amarrados, era nítida a mudança nele,
da raiz ao meio super cheio e cacheado, e no restante ralo e liso.
Vi uma criança na rua que usava o
chamado baião de dois. Aquilo me deu a esperança de soltá-los sem que houvesse
muita diferença. E assim fiz, lavava a cabeça uma vez por semana, fazia e
ficava com esse penteado sem ter nenhum trabalho.
Até que, inspirada em estudar
dança, o que amo fazer, entrei num projeto chamado Valores de Minas. Esse lugar
me fez ver pessoas de todos os tipos,
todos os estilos, raças, cores, etnias e modos. Mesmo assim, retraída, admirava sem atitude
aquela linda demonstração de essência das pessoas. Elas agiam sem se preocupar
com as opiniões alheias ao redor.
Durante as aulas éramos
convocados à expressão. Tudo que fazíamos tinha que ser verdadeiro, tinha que
vir de nós e sempre no fim ouvia uma reflexão diferente. Um papo de se
descobrir, de reinventar as coisas, assim bem como a arte faz. E ela conseguiu
fazer comigo, pouco à pouco minha juba (isso mesmo, minha juba!) foi sendo revelada,
solta e completamente livre. Livre pra aparecer e mostrar quem eu sou, de onde
vim e do orgulho dos meus ancestrais, que são minha família. Essa atitude me reinventou, além de mudar
minha cabeça, mudou minhas atitudes, meu pensamento. Hoje os carrego com
orgulho, penso mais, procuro aniquilar de mim os pré-conceitos e ser feliz, sem
ter vergonha do que se diz! Aconselhando e ajudando também, com força, elogios
e apoio outras pessoas que estão cansadas de ser padronizadas e que querem se
colocar pra fora, botar a cara com orgulho de quem se é! Obrigada Deus pelo meu
cabelo crespo! Bárbara D'alma.
Esses são depoimentos de algumas adeptas ao "movimento do
cabelo crespo" em BH:
"Sempre quis ter os
cabelos mais cacheados e volumosos, porém não encontrava profissional para
tanto e quando encontrava o preço era altíssimo, e por isso relaxei meus fios
durantes longos anos. Mas sabe quando o seu cabelo não dialoga com a sua
personalidade? Foi nesse momento que resolvi parar de relaxa e procurar um
salão que pudesse atender minha necessidade. Cortei e hoje tenho um black e
mesmo assim faço permanente afro nele para que os cachos fiquem melhor tratados
e definidos... e desde que tomei essa atitude me sinto mais bonita e a cada
semana descubro uma forma diferente e criativa para realçar a cabeleira." - Lorena Santos
"Nunca descobri qual é a essência do meu cabelo, pois de pequena minha mãe cortava ele curtinho e
quando cresci caí na ditadura do cabelo esticado. Por várias vezes eu relaxei e
ai com o passar do tempo eu não gostava e voltava a cortar ele careca, igualzinho
a um homem. Até que decidi deixar ele
crescer como ele realmente é e descobrir sua forma, pois hoje aos meus 31 anos
não o conheço. Estou adorando esta descoberta... O cabelo afro me lembra
meu pai e minhas origem, me faz ser mais transparente em minha essência. Esta sou eu." - Roberta Fabiane
"Descobri que ter cabelo
crespo é lindo à uns dois anos. Por alisar o cabelo desde muuuito cedo, ficava
com vergonha de ter que mostrar meu cabelo natural! Comecei a fazer um curso
de moda, daí vi que as pessoas se mostravam como realmente são, sem importar
com opiniões alheias. Comecei a usar rolinho/bobs no cabelo pra acostumar com a
ideia de deixá-lo black, até que tomei coragem de fazer permante afro e hoje
não me vejo jamais de escova, sinto muuuuuuuuito ORGULHO por ter o cabelo
crespo e a cada dia que passa me sinto maaaais linda." - Dâmaris Gomes
"Estudei em
escola de um nível social mais elevado e onde o bonito era seguir o que a mídia
dizia. Desde sempre ouvia, até por parte da minha mãe, coisas como 'vá
prender essa juba' ou 'essa gafuringa não tem jeito'. Então para
me encaixar nos padrões comecei a alisar meu cabelo aos 8 anos.
Desde então viciei... Foram vários 'tratamentos' diferentes, para tentar amansar
a fera! Até que com 15 anos fiz a nova onda do momento, a escova progressiva. A
maioria elogiava, mas no fundo eu sabia que não era eu. Então aos 17 voltei a
me envolver com a arte, onde tive que realmente fazer uma busca do meu eu, e então decidi me assumir. Foi um ano deixando crescer, até que tomei coragem e
cortei. No começo assustei um pouco pois nunca me imaginei de black! E
realmente nos neuramos, achando que está todo mundo olhando e tal, mas eu segui
em frente. E agora é só alegria. Amo meus cachos e química neles NUNCA MAIS!" - Marys
Armstrong
Amei o depoimento dela. Realmente super inspirador!
ResponderExcluirAmanhã farei meu big chop sem um pingo de medo.
Já passei máquina 1 no cabelo e cortei joãozinho várias vezes, mas sempre para mudar a química, mas dessa vez será para me livrar delas.
Estou super feliz e egura da minha decisão!
Quem quizer acompanhar, acompanhe o meu blog, lá encontrarão fotos dos meus cabelos chanel, super compridos e lisos e com tranças como eu estava até ontem, e a partir de amanhã com meus curtinhos estilosos.
Beijos
http://bruh-correa.blogspot.com.br/
A gente quer muito ver você renovada, Bruna! Conta com total apoio indo daqui. Beijos e força no afro.
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