É A MINHA CARA - HANAYRÁ NEGREIROS


      Nossa proposta é coletividade e vocês já estão sabendo. Junto com ela vem parceria e cooperação. Pra traduzir em palavras, a gente estreia hoje uma coluna que surgiu na época das comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha (25/07), quando várias Meninas se juntaram e trocaram suas fotos de perfil por fotos de mulheres pretas que marcaram a história e lutaram pra transformar nosso futuro. Divulgamos a ideia na página e publicamos alguns "perfis" por lá. No fim dos textos sempre aparecia um sonoro "é a minha cara". E elas são, literalmente. Independente da época, várias Meninas se levantam e nos dão cara, voz, corpo e cérebro em movimentos decididos de plena liberdade.
        
       "É a minha cara" quer privilegiar e, mai que isso, divulgar ideias pra que sejam abraçadas coletivamente. A primeira da lista enorme que temos é a Hanayrá. Autora do Favela Fina, Menina ativa, linda, habilidosa com os turbantes e de ações relevantes. Ela é pura inspiração. Abaixo um papo entre nós. Não deixem de passar lá no Favela, hein?! Vamos colocar nossos barracos em todos os lugares. Juntas.

MBP: Como nasceu o Favela Fina e quais os principais objetivos?
H: O Favela nasceu depois que eu descobri que gostava de conversar com pessoas e mais que isso, quando descobri que gostava de escrever para elas, de um jeito bem leve, como se fosse uma conversa entre amigos. Quando o blog nasceu, meu objetivo era escrever sobre moda afro. Estudo moda e sou preta, logo... [risos] Pensei que deveria focar nisso. E deu certo, as pessoas acolheram bem o blog, mas depois de um tempo me vi interessada por cultura brasileira, no geral. Não só moda, não só afro. E agora escrevo sobre o que vejo, ouço, sinto e o objetivo é só somar, levar informação e alegria. E ainda conto com participações especiais nele, de pessoas amadas!

MBP: Está pensando em algum novo projeto que envolva o blog?
H: Gosto de gente por perto, "muvuquinha" organizada, som e dia de sol... Penso em organizar a Feira da Favela Fina, uma espécie de feira de rua mesmo, onde várias pessoas possam se juntar, fazer música e arte. Vamos profetizar para isso acontecer um dia, amém? [risos]

MBP: Como foi a trajetória do teu cabelo?
H: Sempre fui crespa. Quando comecei a ter cabelo, minha mãe fazia tranças em mim, de vários tipos, tive até franjinha de trança! Colocava mais cabelo, cortava Chanel na outra semana, era uma variedade! Seguiu assim até eu entrar na faculdade, há três anos atrás. Aí resolvi usar Black. Pirei... Fiz luzes loiras, de vez em quando fazia uns relaxamentos básicos de caixinha em casa, química leve, mas era química, né?! Queria deixar ele crespo, mas com cachinhos. Só que meu cabelo não é do tipo que faz cachinhos. Nesse meio tempo voltei às tranças, porque o cabelo tava meio detonado e tive que cortar, mas queria mudar! Comecei a ver várias referências de crespas lá de fora e vi que o natural era muito bonito, nessa brincadeira achei vocês e resolvi cortar!  Minha mãe que sempre foi minha "hair stylist" [risos],  já foi carequinha e eu achei uma foto dela aqui em casa, tinha uma amiga carequinha também, muito linda, e tomei coragem... Comecei com um corte undercut, porque era medrosa, mas depois cortei tudo (minha mãe me ajudando de novo, com incentivo de outra amiga) e foi a melhor coisa que eu fiz até hoje.

MBP: Teve algum momento em que você quis desistir da ideia?
H: Tiveram dois momentos: tinha medo de perder a feminilidade (isso antes de cortar) e depois, quando me vi sem o mundo de cabelo que eu tinha antes em cima da cabeça. Ali era eu e só eu, sem o cabelo pra me esconder.

MBP: Agora você já deve estar adaptada. Como é a rotina do teu cabelo?
H: A rotina do meu [não] cabelo [risos] é acordar e sair B-O-N-I-T-A! Sem precisar acordar antes pra lavar, sem tem que passar vários cremes em busca dos cachos perfeitos. Até porque, meu cabelo não cacheia e eu já aceitei isso [risos]. Ah! Agora eu posso lavá-lo com sabonete, fica bem cheirosinho e seca rápido que é uma beleza! Passo umas pomadinhas nos centímetros que me restam, que é pra dar um brilho e raspo a cada duas semanas, sempre na máquina 1. (P.S: Agora que eu corto sempre e desencanei, ele cresce muito rápido. Vai entender, né?!)

MBP: Alguma dica pra Meninas que querem cortar como você fez?
H: Façam isso se quiserem dar uma guinada radical na vida de vocês. Se é pra mudar, vai com tudo! Continuamos bonitas e não é o cabelo que garante isso e sim a atitude... Ah! E se joguem nos makes, brincões, colares e afins!

MBP: Pra terminar: define pra gente a importância de ser crespa.
H: Ser crespa é ser livre, é ser você, sem máscaras! A melhor coisa é você olhar no espelho e gostar do que vê... Sem crise.



This entry was posted on 06/09/2012 and is filed under ,,,,,,,,,,,,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

2 Responses to “É A MINHA CARA - HANAYRÁ NEGREIROS”

  1. que liiiinda tenho cabelo cacheado e agora que que entendi o que é ser crespa a pouco tempo mesmo,mas depois de me aceitar e me amar do jeito que eu sou,percebo que o mundo devolve esse reflexo exatamente como um espelho,sou MUITO encantada com turbantes, e apaixonada por laços kk são acessórios que alem de embelezar transmitem para o mundo nosso orgulho por sermos negras,enfim linda história e mais uma menina de dar orgulho a todas nós! Muito sucesso beijão.

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  2. Tudo tão lindo!!! Honrada com o convite, mais honrada por somar com vocês. Agradecida. ♥

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