Como integrante do Coletivo Meninas Black Power posso afirmar que uma das nossas maiores crenças é no empoderamento, no potencial do compartilhamento. Ideias como as nossas, projetos que se levantam e colocam crianças
pretas como alvo principal ou livros que fazem com que elas se observem de
pertinho, por exemplo, são imprescindíveis para a construção de um novo tempo na
vida da população negra no Brasil e é por isso que temos investido tempo e
energia. Formar crianças e jovens que valorizem sua comunidade e herança é
precioso. Nós por nós é a tática. Se não nos incluem e insistem em nos quebrar
diariamente, vamos lutar por nossos direitos e também vamos falar para os nossos sobre nós, o que somos e o que queremos.
Volta e meia o Coletivo dialoga com mães, pais e profissionais
da educação que buscam colocar este empoderamento na rotina das crianças e temos
total interesse em fazer das mídias Meninas Black Power fonte de inspiração.
Hoje é dia de inspirar com dica preciosíssima pra quem quer empoderar! Recebemos "Uma princesa nada boba" do próprio Luiz
Antonio, autor do livro. Ele leu "Para princesas visíveis", um dos posts
mais recentes por aqui, e entendeu que falamos da mesma coisa. Foi uma honra poder
receber o carinho das mensagens, perceber como ele compreendeu a ideia. Aliás, o post em questão mostrou o óbvio: mulheres de hoje não
esquecem o quanto o sistema lhes privou da possibilidade de se sentirem lindas
e meninas de hoje passam pelas mesmas privações. Felizmente continuamos
insistindo, apoiando, empoderando, quebrando o sistema, reposicionando a visão.
Dedicatória fofa que está no livro que recebemos! |
Como se não bastasse todo o amor de nos presentear, a
obra é emocionante. Minha sensação de reencontro foi impagável. Luiz conseguiu ser objetivo e ao mesmo tempo profundo. Quem conta
a história é Stephanie, personagem principal, e a fala dela me cativou, gerou instantaneamente identificação. "Por que
eu não podia ser igual a uma princesa?", questionamento que muitas já fizeram (mesmo que com outras palavras), é o que inicia todo o processo de aceitação, contato com o que ela realmente era e com o que lhe fazia ser como
era. Toda a descoberta se dá em seu período de férias na casa da avó, uma mais
velha muito sábia.
Uma das coisas que mais prendeu minha atenção foi a forma como a família da menina se insere
no contexto e o quanto o texto revela o que muitas vezes acontece na realidade.
Os pais de Stephanie sempre lhe diziam o quanto ela era linda, mas não olhavam
diretamente pra o que lhe fazia sentir indesejável e excluída. Me lembra
que é preciso conversar diretamente com as crianças, ainda que de forma lúdica,
sobre os efeitos do racismo em nós e em nossos corpos e ao mesmo tempo oferecer
subsídios para que a autoimagem se fortaleça. Stephanie se enxergou ao enxergar
sua ancestralidade num encontro planejado pela avó. Quando encontra a figura sagrada de Oxum, de mulheres
ancestrais, da sua própria avó e outras mulheres reais. Princesas, rainhas,
importantes. É o que somos.
Ilustração: Biel Carpenter |
Eu adoraria ter lido na minha fase escolar, então imagino que meninas e meninos que entre os 9 e 14 anos, mais ou menos, vão gostar. As ilustrações lindas são assinadas por Biel Carpenter. Mais informações sobre o
livro aqui e aproveitem pra conhecer o outro livro do Luiz, "Minhas contas", que fala sobre amizade, religiosidade e os valores de respeito. Mais uma vez agradeço o carinho. É o tipo de leitura
que me faz querer voltar mil vezes e absorver um pouquinho mais de beleza.
Inspirem-se, Meninas!
Élida, fico muito feliz com tudo o que tem acontecido com vc e o poder de influência da projeção que Deus lhe tem dado pra fazer a diferença de forma relevante na sociedade.
ResponderExcluir#MeninaBlackPower
Jéssica Lopes