Esse texto é mais um
desabafo do que um informativo. Há alguns dias infelizmente tive um
desentendimento com alguns membros da minha família. Tudo começou com um
assunto banal e terminou no tema racismo e preconceito. Toda essa história chata
me fez pensar como é difícil encararmos o racismo na sociedade, imagine na nossa
própria casa, com os nossos.
Sou neta de brancos e
negros, daí essa mistura gostosa da minha família. Cresci praticamente sendo a
única negra da família, todos os outros passavam como pardos e "morenos". Tive
que aprender a rir de piadas racistas, para poder me sentir incluída no grupo,
foi assim que comecei a me perguntar porque só eu era negra... porque só eu tinha recebido o castigo
(assim eu pensava). Minha infância e adolescência foi em um condomínio de
classe média, onde só moravam três famílias negras. Brincadeiras de mau gosto e
piadinhas cruéis eram constantes, não de todos, o grupo preconceituoso era
pequeno, porém incessante.
Resumindo foram mais de
20 anos com a cabeça baixa, foram mais de 20 anos com a boca fechada, foram
mais de 20 anos alisando o cabelo, foram mais de 20 anos sem usar amarelo ouro
(porque preto não podia ousar), foram mais de 20 anos rindo forçada de piadas sujas. Chega! Acabou!
Hoje com toda a certeza
não abro mão das minhas ideias de ser quem eu sou, custo o que custar, até
mesmo as amizades. Não venho aqui ser
radical e dizer que não devemos nos importar com os outros. Não, não é
isso... Apenas não permita que te humilhem. Não fique calada quando
ouvir:
- “Tem que casar com um
branco para clarear a família”
- “Vixe fulana vai ter o
cabelo
ruim,
porque sicrano tem o pé na África!
- “Se um casal de piolhos entra nesse teu cabelo,
já era!”
- “Brigou com o cabeleireiro?"
Quando ouvir algo
parecido
não fique calada... Levante a cabeça! Explique suas ideias,
sem gritar, sem brigar... seja objetiva! Venho aqui dizer que
ninguém tem o direito de se achar melhor e de te classificar como uma maluca
extremista, chata e que segue modinha, só porque você é uma negra feliz e
assumida, que
segue uma ideologia e que não tem aquela velha opinião formada sobre tudo. Um abraço bem crespo!
Tudo o que precisava ler (me chamaram de extremista hj rsrs), que bom que há quem me entenda, ufa, não estou só no mundo :D
ResponderExcluirCom certeza não está! Somos todas do mesmo time. Continue sustentando suas opiniões. Beijos.
ExcluirMuito bom o seu texto! Estava mesmo precisando ler algo desse tipo porque eu sempre me calo.. Outro dia eu estava sentada na calçada de casa e passou um primo meu e me perguntou "Tem pente em casa não?" Eu simplesmente me calei, e fiquei sentindo uma sensação tão estranha. Ler isso me ajudou bastante, agora sim eu sei que não devo me calar :)
ResponderExcluirResista sempre, Izabella. Nesses casos é bom usar o diálogo para fazer com que a família compreenda o quanto há de preconceito dentro das nossas cabeças, entende? Precisamos ajudar nessa "limpeza". Beijos e obrigada pelo comentário.
ExcluirO pior de tudo é que parece que as pessoas não entendem que isso nos machuca muito!!! Não deveríamos nunca sofrer esse tipo de preconceito e racismo. Desejo força à você! Estamos juntas nessa! bjo!!!
ExcluirNossa, parece a minha vida. Acho que pro brasileiro é mais complicado esse lance de racismo, porque a gente cresce e não se reconhece. "Nosso irmão é branco, nossos pais também, e eu sou negro?". Na minha família sempre foi assim também, eu sempre achei que eu era a mais feia, enquanto a minha irmã branca de cabelo liso era a mais bonita. Mas não foi intencional da parte deles, é o senso comum dominante né? É nossa obrigação tentar mudar o rumo dessa história.
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