por Grupo de Trabalho Histórico-Político e Cultura
“A extinção do elemento servil pelo influxo do sentimento
nacional e das liberalidades dos particulares em honra do Brasil, adiantou-se
pacificamente de tal modo que é hoje aspiração aclamada por todas as classes em
admiráveis exemplos de abnegação por parte dos proprietários. Quando o próprio
interesse privado vem espontaneamente colaborar para que o Brasil se desfaça da
infeliz herança, que as necessidades de lavoura haviam mantido, confio que não
hesitareis em apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura, em
antagonismo com o espírito cristão e liberal de nossas instituições".
- Discurso
da Princesa Isabel proferido no Paço Imperial no dia 13. 05. 1888
Clamamos
que mulheres pretas e homens pretos entendam as entrelinhas da farsante Lei da
desmantelada Princesa e sua elite familiar. Que
haja o entendimento por nós e de nós mesmos que o 13 de maio não é data para se
comemorar! É
data de reflexão ativa! É data para se ensinar às nossas crianças a
História que nós, hoje adultos, não aprendemos na escola. Ensinar que fomos
pretas e pretos escravizados, descartados pelo transcorrer da História que não
via mais vantagem na escravidão declarada em Lei.
Imaginemos a
"invenção" da liberdade pela elite, num diálogo:
Ingleses – Oh! Pessoal do Brasil, não dá mais para negociar com
vocês porque vocês ainda estão trabalhando com mão de obra escrava. Não pode
mais! Tráfico negreiro foi instinto em 1850 com Lei Eusébio de Queiróz,
como vamos comercializar dessa maneira? Fica feio pra gente, e a pressão aqui é
violenta...
Senhores Brasileiros - Peraí! Marca um dez que vou pensar aqui (enquanto isso
uma reunião de senhores brasileiros, um falava mais alto que o outro.)
De repente, um grita: Já sei! (Todos
viram para ele.)
Senhor Brasileiro - Chama a Isabel lá! (uma negra escravizada corre para
chamar a sinhá e vem Isabel ajeitando os cabelos e as roupas, nervosa sem saber
o que estava acontecendo.)
Senhor Brasileiro – Isabel, pega a caneta ali, rápido! E você, negro (tom de
desprezo), chame o Coronel e peça que ele convoque fotógrafos, a Igreja,
a imprensa. E não esqueça de juntar sua negrada também, fiquem atentos!
Senhor Brasileiro – (Vira-se para Isabel) Escuta Isabel, estamos perdendo o
mercado lá fora e isso não é nada bom para a nossa família, como vamos
continuar a ampliar as nossas terras? Nossas riquezas? Olha, quando chegar todo
mundo, você assina esse negócio aqui que vamos chamar de... (pensando) ... Deixa
eu ver (pensando, pensando... Eureka!) Ah! Já sei! Abolição da Escravatura... é
isso! Esse nome é bem legal, não acha? Vamos lá, tem que ser lá fora
para que todos possam nos ver.
Tiram a foto da Princesa
Isabel com o tema "Abolição da Escravatura" e imediatamente retomam
os seus negócios e voltam a comercializar com o exterior. Enquanto do lado de
fora, a maioria dos negros escravizados pulam de euforia, afinal a Liberdade
sempre foi o sonho mais intenso de todos eles.
Mas, no dia seguinte, as mulheres e os
homens negros escravizados desde o seu primeiro minuto em solo brasileiro, se
viram na rua, olhando para o seus pés descalços, para seu corpo maltrapilho e
faminto, para sua vida, sem paradeiro... Essa Lei Suja nos manteve
escravos sociais. Largados, adoentados, desabrigados, descuidados e
marginais: é isso libertação?!
Libertação é
conhecimento em profusão e entendimento da própria História. É escrevê-la
com sua própria letra. É assinar suas próprias Leis! 13 de maio
não é dia de Preto!
Lindo, meninas!
ResponderExcluirParabéns por mais esse texto incrível.
Obrigada pelo comentário, Ju! Beijos.
ExcluirExcelente texto!! Levarei para a escola. As pessoas precisam compreender que a Abolição da escravatura foi uma ação de conveniência para o Estado brasileiro.
ResponderExcluirPor favor! É um alívio saber que há reforma do que é ensinado em sala de aula. Agradecemos.
ExcluirHá 126 anos conseguimos a "liberdade". Há 126 anos, já na pós-modernidade, continuamos lutando para sobreviver e em muitos contextos para não morrer...Dia 13 não é dia de preto!
ResponderExcluirSeguimos em luta até que tudo se renove. Obrigada pelo comentário! Beijos.
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