Um
dia, passando pela feirinha cultural da Praça Seca, vi uma barraca muito
simpática, com produtos artesanais lindos... Parei
para dar aquela olhadinha e me deparei com lindas flores para os cabelos. Fiquei
apaixonada! O
Manuel (marido da Sandra) foi mega simpático e eu logo perguntei se eles tinham
perfil no Facebook , ele disse que sim e me deu um cartão. Chegando em casa
entrei rapidinho no Facebook, curti a página e fiz contato com a Sandra, que me
respondeu logo em seguida. Marcamos um encontro na barraca e foi amizade à
primeira vista.
MBP: Fale um pouco de você!
Sandra Kelli: Sou casada, tenho um filho, sou de
São Paulo capital. Estou no Rio de Janeiro há 10 anos. Além de ser artesã, sou
também professora de Ciências e Biologia na rede pública de ensino.
MBP: Como nasceu a Pixaim?
SK: A Pixaim nasceu através do meu amor pelo
artesanato. O artesanato entrou na minha vida devagarzinho... Na
verdade, há um tempo nem me imaginava fazendo artesanato. Primeiro foi o crochê, que aprendi bem pequena com a minha bisavó. Mais
tarde parti para bijuteria, fazia somente para meu uso. Passava em algum lugar
gostava de um colar, brinco ou pulseira e já era uma ideia para que eu criasse
uma peça para mim. Depois foi pintura em gesso e madeira, mosaico, etc. Um belo
dia me apaixonei pelas cores do feltro e passei a produzir várias peças como
chaveiros, colares, móbiles e assim surgiu o amor pelos tecidos. Descobri um
site maravilhoso com fotos de artesanato e lá conheci virtualmente várias
amigas e as ideias foram surgindo. Decidi mandar fazer uma logo que me
identificasse, pela minha raça, pelo meu cabelo, e assim surgiu o nome e o logo da
Pixaim. Um dia decidi comercializar meus produtos, as coisas foram acontecendo
e hoje estamos aí.
MBP: Como você comercializa os seus produtos?
SK: Tenho um ateliê que funciona em um cômodo da minha casa, tenho uma loja
virtual no site Elo7 e faço feiras. Uma fixa semanal e por enquanto somente uma
mensal, mas já tenho outros projetos.
MBP: Seus acessórios para cabelos têm
uma boa saída?
SK: Sim, tem bastante saída, pois hoje descobrimos que podemos tornar uma
produção incrível com acessórios nos cabelos, seja uma faixa, flor, tiara,
laço...
MBP: Qual a historia do seu cabelo?
SK: Bom, tudo começou com aquelas tranças grossas que minha mãe fazia quando eu
era criança. Quando cheguei aos oito anos a vaidade chegou e nada era mais bonito
do que um cabelo alisado com "pente de ferro" quente ou chapinha e
uma boa vaselina para dar aquele brilho. No final da adolescência o máximo era
henê e chapinha. Quem não queria ter um cabelo preto azulado, bem lisinho? Até
que um belo dia os fabricantes de cosméticos descobriram que pessoas de cabelo
crespo gastavam com produtos, aliás, são as que mais gastam, e nas prateleiras
passou a haver uma gama imensa de produtos para cabelos crespos que nem sempre
cumprem o que prometem, mas enfim, chegou o relaxamento. Descobrimos que
poderíamos não ficar tão escravas do cabelo, que podíamos pegar uma chuva ou
entrar no mar ou piscina e ficar com vergonha e nem tão pouco que fugissem de
nós pelo cheiro do henê. Usei vários tipos de relaxante, inclusive fui cliente
de um famoso salão especializado em cabelos crespos e cacheados aqui no Rio de
Janeiro. No momento, dei um tempo no relaxamento e pretendo relaxar somente a
raiz, mas não desejo mais ter cabelos alisados.
MBP - Qual a rotina do seu cabelo?
SK: Eu relaxo os cabelos, porém estou a quase 4 meses sem relaxamento. Tonalizo e
faço uso de bons cremes de hidratação, ampolas tipo "power dose" e
queratina líquida.
MBP: Hoje muitas mulheres crespas tem aceitado o
cabelo, deixando natural. O que você acha disso?
SK: Acho maravilhoso! Até porque é a nossa identidade. Podemos ser ruivas,
loiras, ter cabelos alisados, mas a nossa essência é o cabelo crespo e isso
ninguém vai mudar. Aceitação é tudo!
MBP: Deixe uma frase ou citação que te inspira para
as Meninas Black Power...
SK: "Um sonho sonhado
sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade." (Raul
Seixas)