Um dia desses estava conversando com uma amiga muito querida
sobre identidade negra. Contava a ela como eu fico orgulhosa com a minha
filha mais velha, Luiza, que mesmo não tendo a pele negra como a minha sempre
disse que era negra loirinha por ter cachinhos dourados. Lembramos
também quando, na educação infantil, a professora pedia para que ela se desenhasse e ela como sempre se desenhava negra. Sempre que
tinha uma historinha ela se identificava com personagens negros e se não
tivesse algum, o que constantemente acontece, ela procurava o mais “moreno”
possível. E assim cresceu e hoje é uma militante comigo. Mesmo com 11 anos ela
já se revolta com comentários preconceituosos e tem uma opinião formada sobre
cotas para negros.
Desenho da Luiza com 5 anos. |
Mas voltando à minha amiga, ela me contou a história
de uma conhecida que estava explicando a lição para uma criança, a atividade
pedia para que a criança marcasse com um X o bonequinho que ela se identificava. O menino de 5 ou 6 anos, negro, marcou o bonequinho loiro. A professora percebeu que ele nem cogitou a opção do
bonequinho negro e então interferiu:
- Pedrinho você tem certeza que marcou certo?
- Marquei sim professora, eu sou esse aqui.
- Não Pedrinho você não é loiro, você é NEGRO.
- Não, eu não sou NEGRO.
- É sim, venha aqui e olhe no espelho. Veja sua pele como é, ela
é NEGRA. Não é BRANCA e você não é loiro.
Ouvindo aquilo me perguntei, por que a mãe desse menino nunca
disse para ele o quanto ele era lindo? O quanto a cor de sua pele era forte. A justificativa para aquele comportamento, disse minha amiga, veio de uma simples explicação da mãe do menino: - Ele tem a pele aberta, é um pouco claro. Pode até ser
NEGRO, mas é um NEGRO aberto e não fechado.
Juro para vocês, ao ouvir aquilo entendi o porquê de muitas
pessoas se acharem BRANCAS ou MORENAS. Culpam os próprios negros pelo racismo
no Brasil. A maioria de nós não se aceita, não se enxerga, não se ama. Nosso dever como mãe ou pai, é dizer todos os dias para nossos filhos como eles são lindos. Como nosso cabelo é forte e poderoso. Como nossa pele é quente e que podemos usar qualquer cor, pois qualquer tom fica
bem em Nós. NEGROS.
Que texto lindo! Nossas crianças realmente, precisam desde cedo saber que não tem nada de errado com seu tom de pele e com a textura do cabelo, e que sim, elas são lindas!
ResponderExcluirCom certeza..os pais devem ser os primeiros a dizer isso..deven dar segurança aos seus pequenos..
ExcluirOla, adorei o Blog ;) bjaoo
ResponderExcluirQue bom que gostou...continue ligada!
Excluirabração..
Quando pequena minha mãe sempre
ResponderExcluirme falava que eu era negra e por mais
que me elogiava eu não me sentia bem...
Sou filha de criação com mãe e irmãs brancas.
As pessoas SEMPRE fazem uma cara estranha
quando sou apresenta como filha e sempre tem uma piadinha maldosa do tipo: Essa ai deve ter puxado o pai né(mesmo quando sabem da história).
Mas hoje com 19 anos escancaro a minha cor e a minha raça com meu back power gigantesco e BEEEEM ouriçado,sinceramente ando muito ocupada com a minha felicidade e sem tempo para me aborrecer com críticas de caráter racistas e preconceituosas.Tenho o privilégio de ter duas mães(biológica e minha madrinha que me criou como filha).Ainda fui presenteada pela minha mãe biológica com uma irmãzinha:LINDA, NEGRA de SARARÁ.Coma apenas dois anos ela já tem um black MARAVILHOSO e o adora. Me sinto responsável em
ajudar na criação principalmente no que diz respeito a sua cor. Quero que ela assim como eu, tenha o orgulho de ser quem ela é da maneira linda que Deus a criou e que diferente de mim quando pequena ela se sinta muito bem por ser NEGRA!
Lindo post, meninas estão de parabéns... Eu sou a favor de ensino de cultura afrobrasileira nas escolas, para que histórias como essas não se repitam. É muito triste ver apenas crianças cheias de preconceitos com si mesmas.
ResponderExcluirMuito bom o post, Renata.
ResponderExcluirbrown-princess.tumblr.com
Que história bonita a sua Renata. e que jeito de contar legal de se ler.
ResponderExcluirPois é.
certo dia eu que não sabia como era aquela moça, a Lívia Zaruty. Comentei na página dela, (que não pertenço), sobre uma opinião que tinha e que eu julgava errada. Nossa, ela me atacou disse que eu não era negra, que não tinha razão para falar sobre o assunto.
Gente eu sou negra, mais conhecida popularmente de mulata. Meu pai é branco e minha mãe negra. Sou da cor da Camila Pitanga, muita gente me diz e eu também acho, e tenho o cabelo bem crespo. Tem gente que fica com dó quando digo que sou negra, "não minha filha voce é moreninha", rs. Isso é o que muitos do Brasileiros fazem, negam suas raízes.Claro, tenho consciência que sou mestiça. Mas não dá pra dizer que sou branca. A cultura que me identifico é negra, no meu corpo corre um sangue herança de meus antepassados. meu cabelo é juba leão (hora para mim). Portanto sou negra! Mesmo se eu não tivesse as características negras que tenho, eu ainda poderia me dizer negra. ser negro, é quando se tem ancestralidade africana, cultura negra, identificação. Não é ter simplesmente uma cor muito escura, quem julga por isso, está sendo demasiado superficial. Ao mesmo tempo ignorando a cultura e povo africano e sua história e herança em nosso país.
Meninas,que bom que gostaram do texto,esse é objetivo .. Larissa a sua história é linda,quando puder posta uma foto pra gente e conta um pouco da sua trajetória lá na página no facebook..
ResponderExcluirBruna esperamos que muito em breve o ensino da cultura afro seja uma realidade na educação infantil,pois é lá que tudo começa....
ResponderExcluirIsso mesmo, a orientação e aceitação tem que vir primeiro na nossa casa, com nossos pais, irmãos... É dever dos pais orientar os filhos. Mas se nem mesmo os pais se aceitam e se respeitam quanto a questão,como uma criança vai conseguir se identificar na sociedade?
ResponderExcluirPor isso acho importante assistir desenho com a criança e salientar sempre o personagem negro. É uma forma lúdica, simples e eficiente para criar referências para a criança. Comprar boneca(o)s, negras para a criança brincar também ajuda mas, o mais importante é o diálogo simples e frequente com a criança acerca da identidade em todos os sentidos não só racial.
ResponderExcluirBenção a todos
*(honra para mim)
ExcluirNossa, muito triste mas infelizmente acontece muito de encontrarmos crianças que não se aceitam como negras. E aí entra o papel importantíssimo que os pais tem na formação da identidade delas desde a infância. Meu filho tem 3 anos e apesar de ter a pele mais clara que a minha, tem outros traços de negro e sempre fiz questão de ensinar sobre a beleza da nossa raça e dizer que sim, ele é negro e é lindo.
ResponderExcluirGostei bastante do post.
bjs, Lauri
http://pitacosdamae.blogspot.com.br/