por Nathali Lima
Zózimo Bulbul | Fonte: Google |
A
importância da televisão na vida do cidadão brasileiro é inegável. Presente na
maioria das casas acabou tornando-se instrumento fundamental na formação
cultural do país. Dentre as diversas formas propostas pelo contexto televisivo
de entreter, estão as telenovelas. As novelas exibidas na televisão são, de
longe, a construção de ficção televisiva que mais desperta interesse no
telespectador. Diante de uma sociedade
que excluí sistematicamente o negro dos espaços de poder, a televisão não
poderia ser diferente. Esse tipo de produção
artística é distribuído largamente por todo o país e é consumido por uma grande
parcela da população.
Por sua relevância, é importante levantar a questão da
desigualdade racial e a sua falsa inclusão: onde o negro ocupa o lugar de
cidadão de segunda classe exercendo um papel rejeitado pelo branco e que acaba,
dentro da lógica racista, por legitimar a exclusão estrutural de negros nesses
espaços. Entendendo-a como instrumento para manutenção da hegemonia imposta
pelo racismo (justamente por ser acessível e presente no cotidiano dos
brasileiros) é notável a baixa
representatividade negra na televisão e, na grande maioria dos casos, quando
inseridos é para fazer uma representação caricata.
Equipe Tá Bom Pra Você? | Fonte: Google |
Nas novelas, os negros encenam, quase sempre,
papéis de personagens subalternos ou que não ganham destaque na trama. Sabendo
das limitações em oportunidades presentes nesse ramo, podemos imaginar a
escassez de trabalho para artistas negros. Em 1964, Isaura Bruno, mulher negra, ganhou
notoriedade por seu papel no sucesso televisivo "O Direito de Nascer". O sucesso não garantiu uma carreira estável. Morreu pobre, trabalhando como ambulante. É necessário, para além das exigências que visam garantir a
presença do negro em espaços como esses, majoritariamente brancos e racistas em
sua raiz, formular espaços que sejam inclusivos, em sua essência, a esse tipo
de postura. Felizmente, a internet proporciona a atores, escritores e
artistas visuais negros a possibilidade de criação para além do mainstream e
das grandes corporações televisivas. Iniciativas como o canal "Tá bom pra você?"
ilustram as alternativas presentes para trabalhar o negro e o processo criativo
paralelamente com a inserção do negro no cenário televisivo e da grande mídia.
É
importante que esse processo que visa inserir o negro na televisão seja
acompanhado de uma visão crítica e da intenção em propor um debate sobre a
exclusão dos negros nesses espaços. Tornar
essa discussão possível é abrir caminho para que ela torne-se possível em
outras esferas da sociedade.
Arrasou, Nat!
ResponderExcluir#Orgulho não só da raça, mas do talento!
Inclusão decente, como qualquer um merece, já!
Ass. Raiana