Em 18 de fevereiro de 1931, nascia nos EUA Chloe
Anthony Wofford, conhecida como Toni
Morrison. Completando 82 anos, Toni foi a primeira mulher negra a ganhar o
prêmio Nobel da Literatura (1993). Formada em inglês pela Universidade
Howard (1953), com mestrado também em inglês pela Universidade de Cornell.
Ensinou na Universidade do Sul do Texas e, em 1957, em Howard, onde conheceu o
arquiteto jamaicano Harold Morrison, com quem se casou e teve dois filhos.
Divorciada (1964), vai para Nova York com os filhos e trabalha para a editora
Random House. Começou a escrever ficção e um de seus contos acabou por se
transformar em seu primeiro romance, "The bluest eye" (1970).
Continuou ensinando em outras universidades, como Yale e a Universidade
Estadual de Nova York, em Albany. Em 1989 transferiu-se para a Universidade de
Princeton.
Estudos sobre raça, gênero e beleza são temas recorrentes em seus últimos
romances fortes e pungentes, que relatam as experiências de mulheres negras nos
Estados Unidos durante os séculos XIX e XX. Morrison
despertou a atenção da crítica internacional com Song of Solomon (1977). Amada (1987),
o primeiro romance de uma trilogia que inclui Jazz (1992)
e Paraíso (1997), ganhou o Prêmio Pulitzer de melhor ficção e
foi escolhido pelo jornal americano The New York Times como “a
melhor obra da ficção americana dos últimos 25 anos”. Morrison escreveu peças,
ensaios, literatura infantil e um libreto de ópera. Seu último romance é Amor
(2003). O trauma de 300 anos de escravização e segregação tem sido um
terreno fértil para a prosa de Morrison.
"Nossa gente não conversava, cantava. Cantava sobre si
mesma, cantava canções espirituais [spirituals] carregadas de códigos
que traziam suas experiências. Mas o que queria era esquecer tudo aquilo e
seguir adiante. Inclusive, escritores como Frederick Douglas
[abolicionista do século XIX] não cantava os spirituals. O que eles queriam era
que se abolissem as leis racistas, e não ficar falando de seu sofrimento",
comenta Morrison, que, em função disso, decidiu romper o silêncio dos autores
negros em torno do tema. "Não queria que outros falassem por mim. Não me
parecia razoável viver com esse passado escondido. Desde então, muitos
escritores escrevem sobre o assunto. Particularmente, fiz isso para entender
minha própria identidade". O mesmo ocorre com a impulsiva Florens,
protagonista do romance A Mercy (inédito no Brasil) de Morrison, que com
arroubo e força conta sua história na fazenda, sua amizade com a leal Lina e a
paixão por um negro livre.